Menino autista agredido por estudantes: medo de voltar à escola

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Menino autista agredido por cerca de 20 estudantes tem medo de voltar à escola, diz mãe

Criança de 9 anos foi agredida após defender o irmão de bullying. Família relata medo, insegurança e dificuldade de adaptação.

Criança autista é agredida após defender o irmão mais velho vítima de bullying

O menino de 9 anos, diagnosticado com Transtorno do Espectro Autista (TEA), está com medo de voltar à escola após ser agredido por cerca de 20 estudantes ao tentar defender o irmão mais velho, DE, de 11 anos, vítima de bullying por conta do peso.

Segundo a mãe, Pamela Aparecida, o filho pediu ajuda a Deus durante as agressões e agora será acompanhado por profissionais de saúde. Apesar do trauma, ele continua na mesma unidade escolar, já que tem dificuldade de adaptação, uma característica comum em crianças com TEA.

O caso aconteceu na última sexta-feira (22), quando os irmãos chegavam à escola acompanhados do caçula. Ao ver o irmão sendo alvo de ofensas, o menino autista interveio e acabou sendo agredido.

De acordo com o boletim de ocorrência (BO), enquanto o menino era atacado, o irmão mais novo correu para pedir ajuda. O mais velho foi ameaçado para não interferir.

Uma mulher que passava pelo local viu a cena, interrompeu as agressões e levou os irmãos até o trabalho da mãe, que os conduziu à Unidade de Pronto Atendimento (UPA) Samambaia.

MEDO E ROTINA ALTERADA

Pamela contou ao DE que não está fazendo horário de almoço no trabalho para acompanhar os filhos até a escola. Apesar do medo, a família optou por mantê-los na mesma unidade, devido à dificuldade de adaptação do filho com TEA.

> “Eles estão apreensivos, mas não há alternativa. Precisam continuar estudando. E trocar de escola agora é muito difícil, principalmente por causa da adaptação”, afirmou.

Mesmo com a companhia da mãe, as crianças seguem assustadas. “Eles têm medo de que os meninos que bateram neles queiram se vingar”, disse Pamela. Segundo ela, os agressores não são da mesma turma dos filhos, e os filhos dizem que não os viram mais.

FALTA DE RESPOSTA DA ESCOLA

Pamela relatou que ainda não recebeu informações da escola sobre medidas tomadas. “A escola não me falou mais nada. Nem sei se expulsaram os alunos, quais providências foram tomadas. As imagens das câmeras de segurança não foram encontradas até agora. Estou aguardando”, lamentou.

POSICIONAMENTO DA PREFEITURA

Em nota, a Prefeitura de Praia Grande informou que todas as escolas municipais trabalham a temática da Cultura da Paz no Projeto Político Pedagógico (PPP). A proposta é desenvolvida com alunos e responsáveis por meio de palestras e rodas de conversa.

A administração também destacou o projeto anti-bullying, iniciado em 2025, com ações educativas e campanhas de conscientização. As unidades contam com suporte de pedagogos comunitários, psicólogos escolares e iniciativas de Justiça Restaurativa.

Segundo a prefeitura, essas ações já resultaram em mudanças de comportamento e redução de ocorrências nas escolas. Todas as unidades municipais são equipadas com botão do pânico, câmeras de monitoramento e rondas da Guarda Civil Municipal.

INVESTIGAÇÃO POLICIAL

A Secretaria de Segurança Pública do Estado de São Paulo (SSP-SP) informou que o caso foi registrado como lesão corporal pelo 3º Distrito Policial de Praia Grande. A polícia realiza diligências para esclarecer os fatos e identificar os autores.

PODCAST DEBATE O BULLYING

A presidente da Comissão dos Direitos da Criança e do Adolescente da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) seção Santos, Simone Caetano Fernandes, participou do podcast Baixada em Pauta e falou sobre o combate ao bullying nas escolas, reforçando a importância do papel da família no processo de reconhecimento, amparo e educação dos estudantes.

O tema é um debate que se tornou recorrente no dia a dia do país e da região, principalmente após o caso do menino Carlinhos, um adolescente de 13 anos que morreu após ser agredido pelas costas por dois estudantes em uma escola de Praia Grande em abril do ano passado.

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