Menino autista de 8 anos é arrastado pelos pés em clínica; duas funcionárias são presas

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Duas mulheres foram presas em flagrante na última quarta-feira, 21, após serem filmadas arrastando pelas pernas um menino autista de 8 anos dentro de uma clínica de terapia localizada na Feira dos Importados, no Distrito Federal. A Polícia Militar do DF, responsável pela prisão, informou que as suspeitas são uma psicóloga de 26 anos e uma fisioterapeuta de 36 anos, conforme dados da Polícia Civil.

A mãe da criança, Heloisa Iara, denunciou o caso à polícia e compartilhou as imagens nas redes sociais. Em vídeos publicados nos stories, ela relatou que o filho realiza tratamento na clínica três vezes por semana e, naquele dia, fugiu do local. Revoltada, Heloisa declarou: “Hoje o Pedro estava na terapia, que é um lugar para ele ser cuidado. Mais uma vez deixaram ele fugir e ele foi tratado igual bicho. O que fizeram é um absurdo.”

Segundo a mãe, a denúncia chegou até ela por meio de uma amiga que também tem um filho em tratamento na mesma clínica. Após tomar conhecimento do ocorrido, Heloisa confrontou os responsáveis no local. “Chegando na clínica, as pessoas estavam na maior cara de pau: ‘queremos conversar sobre o que aconteceu’. Eu disse que não ia conversar com ninguém e que só iria resolver isso na polícia. A diretora parecia mais preocupada em descobrir quem havia vazado as imagens do que em tratar do que aconteceu”, relatou.

Heloisa ainda lamentou o episódio e destacou que uma das envolvidas no vídeo é supervisora de um setor da clínica. “Isso é maus-tratos contra uma criança e, pior, contra uma pessoa com deficiência”, afirmou.

A Polícia Militar foi acionada e, ao chegar à clínica, localizou o pai da criança, que confirmou que o filho havia sido arrastado pelas funcionárias. As suspeitas foram levadas para a 5ª Delegacia de Polícia, onde o caso está sendo investigado. De acordo com a Polícia Civil, as duas foram liberadas após pagarem fiança de R$ 3 mil cada.

Em nota, a clínica Unica Kids afirmou que o caso é isolado e que já tomou medidas administrativas internas. A instituição também ressaltou que as funcionárias têm direito à ampla defesa e ao contraditório.

Repercussões

A Ordem dos Advogados do Brasil do Distrito Federal (OAB/DF) se manifestou nesta quinta-feira, 22. Flávia Amaral, presidente da Comissão de Defesa das Pessoas com Autismo da OAB/DF, classificou o ocorrido como “absurdo” e destacou a necessidade de as instituições estarem preparadas para atender adequadamente esse público, cumprindo rigorosamente a legislação vigente. “As imagens são revoltantes. Como mãe atípica, me solidarizo com a família. É inadmissível que clínicas especializadas ajam com violência, mesmo com leis como a Berenice Piana e o Estatuto da Pessoa com Deficiência”, afirmou.

O Movimento Autistas Brasil também publicou nota de indignação, afirmando que o caso evidencia falhas estruturais no sistema e que o modelo de gestão prioriza produtividade em detrimento do cuidado.

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