Após a crise causada pela contaminação de destilados com metanol, os estabelecimentos do Rio de Janeiro estão começando a perceber uma recuperação nas vendas de drinques. A situação, que gerou um impacto significativo no setor, lembrou aos profissionais que trabalham em bares e restaurantes da cidade os tempos difíceis da pandemia de Covid-19. No entanto, a confiança da clientela nas bebidas parece estar sendo restabelecida gradualmente, trazendo boas perspectivas para o mercado.
De acordo com relatos de bartenders e consultores, como Jessica Sanchez da Casa Horto, a queda no consumo de drinques foi comparável ao período mais crítico da pandemia. Estabelecimentos como o P’Alma, que vendia cerca de 500 coqueteis por semana antes da crise, viram suas vendas despencarem para apenas 50 na semana seguinte aos primeiros casos de contaminação. No entanto, a procura tem aumentado lentamente e hoje está em torno de 350 drinques semanais.
A crise do metanol levou os bares e restaurantes a adotarem estratégias para reconquistar a confiança dos clientes. Na Casa Horto, por exemplo, os esforços foram direcionados para drinques como Aperol Spritz, considerados mais seguros, e o uso de gin produzido internamente, como o OBY, que acabou se tornando uma vantagem para manter a fidelidade dos consumidores. A mudança de comportamento dos clientes, agora mais conscientes na escolha dos produtos e dos estabelecimentos, também foi observada no mercado.
Segundo Fernando Blower, presidente do SindRio, a crise afetou especialmente os estabelecimentos que não tinham envolvimento com a adulteração de bebidas. O Cafofo Pub, por exemplo, que vendia mil drinques por semana, viu suas vendas caírem para 500 durante o auge da crise. No entanto, o cenário mostra uma recuperação gradual, com a procura aumentando aos poucos. A escolha por cervejas sem álcool durante a crise pode ter sido influenciada pela falta de informação e pelo receio de riscos à saúde.
Empreendimentos como o grupo responsável pelo Pope, Quartinho e Chanchada estão acompanhando de perto a recuperação do mercado, principalmente no que se refere às vendas de drinques. O Quartinho, que costumava vender 1.500 unidades por semana, viu suas vendas despencarem para 200 no auge da crise, mas agora já estão na faixa dos mil semanais. A situação levou o grupo a investir no desenvolvimento de marcas próprias de destilados, como gin, vodca, cachaça e rum, visando garantir a qualidade e segurança dos produtos.
Com a expectativa de lançar quatro marcas ainda no primeiro semestre do próximo ano, os estabelecimentos buscam se reinventar e oferecer opções seguras e confiáveis aos consumidores. Apesar do cenário desafiador, a recuperação gradual nas vendas de drinques e o restabelecimento da confiança da clientela indicam um retorno positivo do mercado, que promete se fortalecer diante das adversidades. A conscientização dos consumidores e a busca por produtos autênticos e seguros são tendências que devem permanecer no setor de bebidas alcoólicas.




