Mergulho em Fortaleza: Corais, Peixes e Tubarões no Mar Nordestino

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Como mergulhar para ver corais, peixes e tubarões no mar de Fortaleza

A capital tem pontos de mergulho e águas cristalinas para a observação da vida marinha. Confira dicas para quem quiser se aventurar mesmo sem ter experiências de mergulho.

Mergulhos no mar de Fortaleza permite ver corais, peixes e tubarões

Nem todos sabem, mas é possível mergulhar para avistar recifes de corais, espécies variadas de peixes e até tubarões-lixa nas águas do mar de Fortaleza. Na capital cearense, moradores e turistas podem fazer mergulhos para iniciantes ou investir em cursos que levam à certificação.

Estas paisagens submarinas podem ser encontradas em locais como o Parque Estadual Marinho da Pedra da Risca do Meio, após cerca de uma hora e meia de percurso. A unidade de conservação fica a cerca de 18 quilômetros do Porto do Mucuripe e tem dez pontos de mergulho.

No parque, é possível descer até 30 metros e ver lagostas, peixes, corais, algas, tartarugas marinhas, golfinhos e até tubarões. Antes de tudo, um aviso: o tubarão-lixa não é considerado perigoso (veja mais detalhes abaixo).

A prática do mergulho autônomo é conhecida também pelo termo SCUBA, que vem da expressão em inglês “Self Contained Underwater Breathing Apparatus”. Em tradução livre, é o “aparelho autônomo de respiração subaquática”.

Esta forma de mergulho exige uma formação. Porém, ela está disponível também para quem chega sem experiência, com serviços que preparam para um único mergulho. O DE conversou com instrutores e separou algumas dicas para quem quiser se aventurar pelo fundo do mar.

COMO É A PREPARAÇÃO

Existem dois caminhos para quem quer mergulhar como forma de lazer. Um deles é chamado de batismo, voltado para pessoas que não buscam a certificação como mergulhadoras. O outro é o curso básico, um primeiro passo que pode levar a níveis mais avançados.

No batismo, o participante tem uma aula na piscina para que a pessoa se acostume com os equipamentos e aprenda as orientações básicas.

Essa modalidade é bastante procurada pelos turistas que estão em Fortaleza, como explica Francisco Marcélio, instrutor e proprietário da Atlântida Mergulho. O valor é de R$ 600, e o pacote inclui a gravação de vídeos.

Como funciona o batismo:

– Uma aula de piscina no dia anterior, com cerca de duas horas de duração
– Mergulho no mar com profundidade de aproximadamente 12 metros, com acompanhamento de um instrutor
– Estão inclusos no valor: percurso de barco, equipamentos e filmagem.

Para quem busca conhecer mais, os cursos básicos são oferecidos para que os participantes se tornem mergulhadores certificados, com metodologias que variam de acordo com a instituição que regulamenta a prática.

A Atlântida Mergulho, por exemplo, tem cursos certificados pela Scuba Diving International (SDI). A formação básica inclui aulas e prova teórica, duas aulas na piscina, dois mergulhos mais próximos da praia e dois mergulhos no Parque Estadual Marinho da Pedra da Risca do Meio.

Outra escola de mergulhos na capital é a Siará Scuba Dive, com cursos certificados pela International Association of Nitrox and Technical Divers (IANTD). Os pontos para mergulho na praia incluem a Enseada do Mucuripe e a praia do Poço da Draga.

Na Fortal Dive, a certificação é para o curso de Open Water Diver (mergulhador de águas abertas), garantido pela Professional Association of Diving Instructors (PADI). As aulas preparatórias acontecem na Praia de Iracema, no trecho próximo ao espigão da rua João Cordeiro.

Em geral, como funcionam os cursos básicos:

– Pessoas a partir de 10 anos podem participar
– Orientações teóricas são repassadas para os alunos
– Nas aulas em piscinas, os alunos aprendem sobre alguns aspectos necessários, como uso dos equipamentos, segurança na água, flutuabilidade e alguns treinamentos debaixo d’água.
– As aulas em águas abertas podem ser realizadas no mar, em lagos ou outros corpos d’água.

Em Fortaleza, os valores dos cursos básicos custam, em média, R$ 1.675. Com a certificação, os aprovados ficam autorizados a realizar mergulhos em qualquer lugar do mundo, obedecendo o limite de profundidade e o tipo de atividade permitida em cada certificado.

Os equipamentos são incluídos para uso dos alunos durante os cursos. Depois de certificados, eles podem alugar ou comprar os próprios equipamentos para quando quiserem mergulhar.

As escolas autorizadas para formar alunos incluem também cursos mais avançados para o mergulho recreativo, com alunos que ficam autorizados a mergulhar até 40 metros de profundidade. Há opções também de outros cursos, como os voltados para primeiros socorros e resgates.

QUEM PODE E QUEM NÃO PODE MERGULHAR

Pessoas a partir dos 10 anos de idade podem participar de mergulhos autônomos. Após a certificação, há diferenças na profundidade máxima permitida para alunos que ainda não tenham completado 18 anos.

Para participar dos batismos ou dos cursos de mergulho, as pessoas interessadas precisam preencher um formulário informando as condições de saúde. Isso porque a atividade pode ser prejudicial em alguns casos.

As principais contraindicações são:

– Estar grávida
– Ter contraído Covid até um mês antes do mergulho
– Ter problemas frequentes nos ouvidos, seios faciais ou no trato respiratório
– Ter passado por crise de convulsão, derrame ou lesão neurológica até dois meses antes do mergulho
– Ter diagnóstico de epilepsia

Em caso de dúvidas após o formulário, a orientação é conversar com o médico para que o profissional avalie se é possível a prática do mergulho, como explica Iago Lima, instrutor e CEO da Fortal Dive.

Outra pergunta é bem frequente: é preciso saber nadar? O instrutor explica que não. Assim, pessoas que não sabem nadar conseguem mergulhar sem problemas. O problema real é para quem tiver algum pavor à profundidade.

“Na hora que ele inflar [o colete], ele estará boiando na superfície e não precisa fazer esforço. Quando ele desinfla o colete, ele vai descendo. E isso tudo a gente vai explicando na aula em uma piscina rasinha. Já tivemos diversos alunos que não sabiam nem flutuar e se tornaram ótimos mergulhadores certificados”, comenta Iago Maia.

QUAIS CUIDADOS TOMAR

Algumas dicas podem ajudar a evitar problemas e riscos à saúde envolvendo a prática dos mergulhos.

– Em saídas de mergulho envolvendo percursos de barco, é importante consultar o médico para o uso de remédios para prevenir enjoos, náuseas e vômitos.
– Na noite anterior, é importante evitar refeições pesadas e bebidas alcoólicas. O mesmo vale para o café da manhã no dia do mergulho.
– Para evitar a doença descompressiva, é importante subir de volta à superfície de forma lenta.
– Os mergulhadores não devem viajar de avião por 24 horas depois da atividade. A medida também evita a doença descompressiva.

Pressão baixa, desequilíbrio, sensação de flutuação e dificuldade para falar e caminhar são alguns dos sintomas da doença descompressiva. Ela também é conhecida como “mal dos mergulhadores”.

O mergulhador absorve um excesso de nitrogênio ao respirar o ar do cilindro quando está submerso e sob pressão do fundo do mar, que é maior que a da atmosfera.

Ao voltar à superfície, bolhas de nitrogênio que se formam no sangue são liberadas normalmente pela respiração. A “parada da descompressão” é uma espécie de pausa para que o corpo consiga expelir estes gases.

Mas quando há subidas rápidas para ambientes de menor pressão, como na volta do mergulho ou numa viagem de avião, estas bolhas se agrupam nos vasos e levam à embolia, podendo impedir a circulação adequada do sangue.

Outros fatores de risco são mergulhos em águas muito profundas, desidratação e exercícios após o mergulho.

ONDE MERGULHAR EM FORTALEZA

A capital cearense possui diversos pontos de mergulho. Os locais mais próximos à praia são explorados na formação de novos mergulhadores, com cerca de 8 metros de profundidade.

Alguns deles são: a Praia de Iracema (próximo ao espigão da rua João Cordeiro), a Enseada do Mucuripe (próximo ao Mercado dos Peixes) e o Poço da Draga (próximo à Ponte Velha).

Para explorar mais a fundo, as saídas para mergulho têm como principal destino o Parque Estadual Marinho da Pedra da Risca do Meio, a cerca de 18 quilômetros do Porto do Mucuripe.

Além de mergulhos de até 30 metros, o parque tem uma visibilidade melhor da paisagem submarina. Isso porque as águas mais distantes da costa são mais cristalinas e livres da influência de riachos, galerias pluviais ou redes clandestinas de esgoto.

A riqueza do mundo submarino é um dos principais atrativos do local, que é a primeira unidade de conservação marinha do Ceará.

Os mergulhadores conseguem ver peixes diversos, como arraias, moreias e ciobas. Algas, esponjas e corais também foram a paisagem habitada por lagostas, golfinhos e tartarugas marinhas.

Um dos animais avistados é o tubarão-lixa. Atraído para regiões com recifes e perto de naufrágios, ele se alimenta de crustáceos e moluscos. A espécie não é considerada perigosa para os seres humanos.

Mesmo que ele não leve a ferimentos graves, é importante ter cuidado para que o tubarão-lixa não se sinta ameaçado.

“Ele é inofensivo, não ataca. Mas é regra do mergulho: você pode olhar, mas não tocar. Se você for tocar na moreia, ela vai se defender. Se você for tocar no tubarão que não ataca, ele vai te morder também. Você também não pode pisar nos corais nem tocar na vida marinha”, orienta Francisco Marcélio, instrutor da Atlântida Mergulho.

Outro aspecto interessante é a temperatura das águas, que fica entre 28º C a 30º C. Como aponta Paulo Roberto, instrutor da Siará Scuba Dive, esse fator dispensa trajes para combater o frio, e os participantes podem mergulhar usando roupas mais leves.

“É um local que faz muito sucesso principalmente para esse público da Europa. Eles são acostumados por lá a sofrer bastante com o mergulho abaixo de zero, ou com 6, 8 graus. Eles chegam aqui e têm essas temperaturas, além de uma visibilidade muito boa”, destaca Paulo Roberto.

É possível chegar ao parque marinho com as operadoras de mergulho que fazem o trajeto com embarcações. O local tem pontos onde o mergulho recreativo é permitido, além de pontos restritos para pesquisadores.

A descoberta destes locais na orla vem dos saberes de mergulhadores e pessoas que se dedicam à caça e à pesca no mar de Fortaleza, como destaca o instrutor Paulo Roberto.

Com um público de mergulhadores mais experientes, a empresa tem levado grupos para explorar outros lugares.

Um deles é o Canal das Arabaianas, que é localizado após o parque estadual e fica a cerca de 40 km da costa. É um lugar para observar o peixe da espécie arabaina, também conhecido como olho-de-boi.

Os naufrágios de embarcações também atraem os exploradores do fundo do mar. Em Fortaleza, são pelo menos dez naufrágios já registrados por pesquisadores. Um deles é o Naufrágio do Titanzinho, barco de pesca que afundou em 1986 a cerca de quatro quilômetros da costa.

As operadoras de mergulho também fazem excursões por outros naufrágios no mar do Ceará, como na Praia do Pecém e nas cidades de Acaraú e Fortim.

QUANDO MERGULHAR

Nem sempre o mar tem boas condições para o mergulho. No Ceará, os meses mais favoráveis para a prática são entre os meses de janeiro e junho.

Isso porque a temporada dos ventos mais fortes no estado, no segundo semestre, traz agitação para o mar e dificulta o trajeto das pequenas embarcações.

Outra variação importante é do calendário lunar, de acordo com Francisco Marcélio. Os períodos de Lua Cheia e Lua Nova têm marés mais altas e águas turvas, comprometendo a visibilidade.

Ele explica também que se baseia no monitoramento do swell, fenômeno natural que resulta de tempestades no oceano e altera as correntes marinhas. A condição também dificulta a prática do mergulho autônomo.

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