De mar poluído a ‘Caribrejo’: mergulho na Baía de Guanabara registra volta da vida marinha nas praias do Flamengo e Botafogo
Em 2021, a Praia do Flamengo só estava própria para banho em 9% dos dias. Em 2025, índice chegou a 100%. Segundo episódio da série do RJ2 sobre a qualidade das águas na Baía de Guanabara teve mergulho em pontos que estão em recuperação.
DE mergulha na Baía de Guanabara e registra vida marinha nas praias do Flamengo e Botafogo
DE mergulha na Baía de Guanabara e registra vida marinha nas praias do Flamengo e Botafogo
As praias do Flamengo e de Botafogo, antes sinônimo de poluição e esgoto, vivem uma transformação. O processo de recuperação ambiental devolveu vida marinha à região, que ganhou até um apelido carinhoso dos frequentadores: “Caribrejo”, o “Caribe do Brejo”. A equipe do RJ2 mergulhou na região e constatou as mudanças na vida marinha.
O público também tem aprovado a melhora. “Era horrível. Peguei hepatite aqui. Agora está show de bola”, conta Marcelo Gomes, aposentado que frequenta a praia há quase sete décadas.
Dados do Inea confirmam a mudança. Em 2021, a Praia do Flamengo só estava própria para banho em 9% dos dias dos meses de junho, julho e agosto. Em 2025, a balneabilidade chegou a 100%.
Baía de Guanabara ainda em perigo: lixo, esgoto e barcos abandonados ameaçam vida marinha e navegação
O repórter Chico Regueira mergulhou na Baía de Guanabara acompanhado do biólogo Ricardo Gomes, do Instituto Mar Urbano.
Logo no início do mergulho, cardumes de baiacus, siris, caranguejos-aranha, ouriços e até um cavalo-marinho (veja as espécies nas fotos abaixo) — considerado bioindicador da qualidade da água.
> “O cavalo-marinho mostra que estamos no caminho certo. É sinal de água limpa”, explica Adriana Bocaiuva, vice-presidente do Comitê da Baía de Guanabara.
Cavalo marinho na Praia de Botafogo — Foto: Instituto Mar Urbano/Divulgação
Cavalo marinho na Praia de Botafogo — Foto: Instituto Mar Urbano/Divulgação
Meio século sem manutenção
Língua negra na Praia do Flamengo em 1983 — Foto: Reprodução/TV Globo
Os técnicos constaram nos últimos 4 meses mais de 92% de balneabilidade na Praia da Glória. Já na Praia de Botafogo, onde ainda cai esgoto em dias de chuva, a água estava própria para banho na metade dos dias (50%).
A melhoria tem relação direta com a retomada da operação do Interceptor Oceânico, que coleta esgoto e drenagem pluvial e envia para o emissário submarino de Ipanema. O sistema ficou 52 anos sem manutenção. Após a limpeza, foram retiradas 3 mil toneladas de lixo.
“Até 2021 estava tudo entupido. O pessoal desassoreou tudo e abriu espaço para todo esgoto ser escoado e não chegar mais na praia. Então a praia tá própria para banho”, explica o engenheiro químico Gabriel Caetano.
Rios que antes despejavam esgoto bruto na baía, como o Carioca, o Berquó e o Banana Podre, também foram desviados.
Antiga foz do Rio Carioca hoje tem águas cristalinas na maior parte dos dias — Foto: Raphael Nascimento/TV Globo
Meta de baía inteira balneável em 2033
Segundo a concessionária Águas do Rio, a meta é universalizar o tratamento de esgoto até 2033, com investimentos de R$ 19 bilhões.
“A gente tem uma meta em até 2033 de universalizar o esgotamento sanitário. Com essa universalização, ou seja, dar acesso a todas as pessoas, todas as residências do serviço de esgotamento sanitário, ou seja, coleta e tratamento adequados do esgoto. Então, em 2033 a gente vai ter toda a Baía de Guanabara totalmente balneável”, afirma Bruno Mendonça, gerente de operações da concessionária.
Enquanto o desafio de zerar o lançamento de esgoto não se concretiza, cenas de águas cristalinas e vida marinha já dão esperança de que a recuperação é possível.