Após um ano em vigor, 76% dos órgãos públicos não se adequaram à lei que protege dados pessoais

Já recebeu ligações com oferta de produtos, de empréstimos ou foi vítima de golpe pelo telefone e se perguntou como encontraram seu número? O vazamento de informações é um grande problema em um mundo em que bancos de dados concentram tantos detalhes sobre vida, renda e carreira. A Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD), em vigor há mais de um ano, promete garantir a privacidade das pessoas, mas ainda não foi aplicada por 76% dos órgãos públicos federais.

A constatação foi apresentada em relatório de auditoria do Tribunal de Contas da União (TCU) após avaliação da aplicação da novidade em 380 órgãos. De acordo com o documento, a administração pública deve agilizar a implementação de procedimentos de proteção e de controle para o uso compartilhado de dados com terceiros. O descumprimento da medida pode gerar aplicação de multa já a partir de outubro deste ano. Estão previstas desde advertência até multa de até 2% sobre o faturamento, com limite de até R$ 50 milhões.

Um dos grandes problemas que a legislação pode coibir é a venda de dados pessoais para empresas. Segundo o especialista em segurança digital Daniel Gomes, a LGPD tenta assegurar que empresas que retenham dados não os comercializem e os mantenha para utilização exclusiva internamente.

Ele lembra que o Facebook chegou a ser alvo de polêmica de vazamento de informações à época da eleição do então candidato à presidência dos Estados Unidos, Donald Trump. Nos termos de uso da rede social constava que os dados poderiam ser usados como quisessem e a corporação utilizava para divulgação e marketing.

“A empresa tem que me garantir que os dados vão ficar de uma forma segura, que  não serão vazados ou divulgados. Existem sites que divulgam esses dados e cobram para divulgar os dados das pessoas. Isso reduz e compromete a segurança porque alguém pode utilizá-los para criar uma conta bancária online para aplicar algum golpe”, exemplifica. 

Daniel afirma que o momento é de transição, o que pode expor ainda mais as informações dos cidadãos. O profissional chama atenção para o fato de que a adesão das empresas e dos órgãos públicos podem reduzir situações desagradáveis e  criminosas por promover a integridade das informações pessoais. Ele sugere que a população acesso a Cartilha de Segurança para Internet do  Centro de Estudos, Resposta e Tratamento de Incidentes de Segurança no Brasil (Cert) onde há dicas para adotar uma postura preventiva e usar os mecanismos de segurança adequados

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BYD cancela contrato com empreiteira após polêmica por trabalho escravo

Na noite de segunda-feira, 23, a filial brasileira da montadora BYD anunciou a rescisão do contrato com a empresa terceirizada Jinjiang Construction Brazil Ltda., responsável pela construção da fábrica de carros elétricos em Camaçari, na Bahia. A decisão veio após o resgate de 163 operários chineses que trabalhavam em condições análogas à escravidão.

As obras, que incluem a construção da maior fábrica de carros elétricos da BYD fora da Ásia, foram parcialmente suspensas por determinação do Ministério Público do Trabalho (MPT) da Bahia. Desde novembro, o MPT, juntamente com outras agências governamentais, realizou verificações que identificaram as graves irregularidades na empresa terceirizada Jinjiang.

Força-tarefa

Uma força-tarefa composta pelo MPT, Ministério do Trabalho e Emprego (MTE), Defensoria Pública da União (DPU) e Polícia Rodoviária Federal (PRF), além do Ministério Público Federal (MPF) e Polícia Federal (PF), resgatou os 163 trabalhadores e interditou os trechos da obra sob responsabilidade da Jinjiang.

A BYD Auto do Brasil afirmou que “não tolera o desrespeito à dignidade humana” e transferiu os 163 trabalhadores para hotéis da região. A empresa reiterou seu compromisso com o cumprimento integral da legislação brasileira, especialmente no que se refere à proteção dos direitos dos trabalhadores.

Uma audiência foi marcada para esta quinta-feira, 26, para que a BYD e a Jinjiang apresentem as providências necessárias à garantia das condições mínimas de alojamento e negociem as condições para a regularização geral do que já foi detectado.

O Ministério das Relações Exteriores da China afirmou que sua embaixada e consulados no Brasil estão em contato com as autoridades brasileiras para verificar a situação e administrá-la da maneira adequada. A porta-voz da diplomacia chinesa, Mao Ning, em Pequim, destacou que o governo chinês sempre deu a maior importância à proteção dos direitos legítimos e aos interesses dos trabalhadores, pedindo às empresas chinesas que cumpram a lei e as normas.

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