Pelo menos 55% dos pontos de embarque e desembarque do transporte público de Goiânia e Região Metropolitana estão com a infraestrutura comprometida, sem cobertura e oferecendo riscos aos usuários, que ficam expostos às condições climáticas.
Segundo levantamento da Companhia Metropolitana de Transportes Coletivos (CMTC), responsável pela manutenção dessas estruturas, a capital possui 6.847 mil pontos de embarque e desembarque, mas apenas 3.064 estão cobertos. Outros 3.783 não possuem proteção e estão até mesmo tomados pelo mato.
Para a cuidadora de idosos, Inês Zione da Silva, a falta de estrutura nos pontos de ônibus é um transtorno para o usuário do transporte público. Ela espera um ônibus todos os dias em um ponto sem abrigo na Rua C-206, entre as Ruas C-197 e C-19, próximo ao Corpo de Bombeiros, no Jardim América.
“É muito complicado, principalmente quando está chovendo. Quando tem sol também é bem ruim, porque a gente fica exposta. Evito ao máximo andar de ônibus à noite, eu tenho medo já que só tem uma placa de identificação mostrando que é um ponto. Às vezes temos que ficar escondidos em estabelecimentos, para não se molhar ou se esconder do sol. Se chover, a gente ainda corre o risco de perder o ônibus, porque o motorista passa direto se não vê ninguém”, explicou.
Espera por ônibus
Assim como Inês, a técnica em enfermagem, Darlene Santos, também sofre com a precariedade dos pontos de espera. A mulher diz que mesmo com a cobertura a população não está prevenida da chuva e do sol. Outro problema denunciado pela usuária é a demora no tempo de espera do embarque e desembarque.
“Quem inventou esses pontos de ônibus nunca pegou ônibus na vida, porque não protege a gente de nada, molhamos da mesma forma. É preciso andar com uma sombrinha para se esconder do sol e da chuva enquanto espera o ônibus. Fora que o ônibus demora horas dependendo do dia para passar no ponto. Essa linha do 972 mesmo no final de semana é horrível. Todo final de semana tenho que pagar uma corrida por aplicativo para ir ao terminal. Não dá para esperar, se ficar no ponto a gente molha tudo ou queima do sol”.
Pontos de espera
Segundo o especialista em trânsito, Marcos Rothen, os pontos de parada fazem parte do mobiliário urbano, demonstrando a qualidade de uma cidade e seus benefícios para o seu morador. Além de cobertos, os pontos precisam ter lixeiras e informação para os usuários, segundo Rothen.
“Por ser um lugar onde as pessoas vão ficar um tempo paradas, é necessário que ofereça esses serviços. Uma cidade organizada e civilizada, precisa ter sempre que possível informações como o número do ponto e orientações para que o usuário possa desfrutar do transporte com mais facilidade”.
Para Marcos, a cidade precisa assumir a responsabilidade de implantação e manutenção dos pontos de ônibus, uma vez que trará mais qualidade de vida ao usuário.
“A cidade iria ficar mais bonita, organizada. Iria ficar mais agradável para todos. O usuário se sentiria mais valorizado, com mais vontade de usar o transporte público. Porém, essa falta de cobertura é um prejuízo muito grande para quem depende dos ônibus. A população fica sujeita ao sol, a chuva, sem proteção nenhuma”, concluiu.
Em nota, a CMTC informou que está previsto a implantação das coberturas nos abrigos para os próximos meses. O trabalho deve ser feito em conjunto com a Diretoria-Geral de Administração Penitenciária (DGAP), visto que a ideia é que os presos façam o trabalho, por meio do projeto um ponto de esperança.