‘Meu sobrinho cobra mais barato’: dilemas de um designer gráfico em Goiânia

João Gabriel designer

Ao contratar um designer gráfico, você possivelmente já pensou algo como “o meu sobrinho, que nem é designer, cobra mais barato e também faz um ótimo serviço”. No entanto, essa noção culmina na desvalorização de uma profissão com uma importância bastante clara. Como funcionam esses dilemas de um designer em Goiânia?

Design não é uma mera arte

João Gabriel é designer gráfico desde 2012. Aos 30 anos de idade, ele já trabalhou nas mais diversas vertentes da profissão. Segundo o profissional, o design pode ter sua aplicação na parte impressa, a mais tradicional, e também na questão digital, com interfaces e enfoque em mídias sociais e postagens de interação.

“Não teve nenhum motivo mágico para eu me tornar designer. Sempre gostei de desenhar e não me identificava em nenhuma profissão tradicional. Vi no design uma alternativa interessante, um trabalho menos monótono e com mais desafios”, conta João ao Diário do Estado.

No entanto, o designer gráfico atesta que o mercado da profissão em Goiânia “é péssimo”. De acordo com ele, essa é uma tendência no mundo inteiro, até por conta do surgimento de serviços como o Canva e alguns aplicativos de celular. Porém, um profissional da área precisa saber muito mais do que apenas desenhar.

“Tem essa percepção de design ser ligado a coisas artísticas, mas é um pouco errônea. Embora o designer trabalhe com referências visuais, o design em si é uma profissão comercial. A gente faz com um propósito claro de vender algo, buscando a melhor forma de se comunicar visualmente para atingir um determinado objetivo”, reforça.

João Gabriel detalha que a profissão de designer agrega muito a um empreendimento, quando pensada fora do ramo artístico, como parte de um negócio como um todo. Ele utiliza como exemplo a Apple. Em uma época com computadores bege e monocromáticos, a empresa de Steve Jobs investiu em visuais coloridos, revitalizando todo o mercado.

O designer goiano também cita o Nubank, que investiu na própria identidade visual e se tornou um diferencial no setor de bancos. Por isso, o designer precisa entender de negócio e de vendas para conseguir se diferenciar. “Quando você não entende o que pode agregar, está fazendo apenas com base em seu gosto pessoal. Eu posso gostar de azul, e outra pessoa de verde. É extremamente subjetivo”, ressalta.

A desvalorização do designer

Murilo Pimenta designer
O designer Murilo Pimenta (Foto: Arquivo pessoal)

Murilo Pimenta se formou em design gráfico em 2016. Conheceu o universo do design por curiosidade em aprender a fazer manipulação de imagens, procurando sobre o assunto na Internet.

Começou a praticar e acabou conhecendo o design de marcas. Foi aí que se apaixonou pela profissão e decidiu que queria fazer isso da vida. Assim como João Gabriel, Murilo declara que o design em Goiânia não é muito valorizado.

“Eu tenho a impressão de que é visto como um gasto supérfluo ou secundário por alguns empresários. Vejo isso muito ligado também à falta de informação e de capacitação do empresariado goiano, que não entende muito sobre marketing, branding e, consequentemente, design”, explica.

Segundo Murilo, que já trabalhou para empresas de Brasília e São Paulo, Goiânia ainda está muito atrás dessas cidades. Na capital goianiense, o design não é visto como uma ferramenta estratégica para apoiar grandes empresas. Além disso, a confusão entre design e arte também é prejudicial.

“É um vício de linguagem de mercado, que acaba se tornando pejorativo. Se pararmos para analisar, quando se faz uma peça, se põe em prática muito mais do que conceitos de arte, se põe semiótica, gestalt, diagramação, entre vários outros conceitos que não têm muito a ver com a veia artística”, prossegue.

Armadilhas da profissão

Em toda a vivência de João Gabriel no design, são várias as histórias negativas dentro da profissão. Certa vez, um cliente simplesmente não quis pagar depois de receber o serviço pronto, com a justificativa de não ter gostado do produto.

Em outra, João fez um serviço para um cliente. No entanto, o cliente afirmou na época que não tinha dinheiro para pagar. Mesmo assim, levou a marca para uma gráfica, que somente alterou a fonte, mantendo o mesmo conceito. Desta forma, pagou 10% a menos pelo serviço, e João acabou não recebendo nada pelo seu próprio trabalho.

No caso de Murilo, a desinformação é o principal problema. “Para mim é o clichê de achar que tudo é muito rápido e fácil de se fazer. O ‘cliente de designer de primeira viagem’ acaba chegando muito cru, e acaba subvalorizando, achando que tudo é fácil de se fazer e que se resolve em um programa de computador em minutos”, descreve.

Para fugir dessa armadilha, João acredita que “tentar enxergar o design como ferramenta estratégica de uma empresa” é a questão central. Murilo compartilha dessa visão. “Posicionamento e educação do cliente são minhas principais estratégias”, finaliza.

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Hugo destaca avanço em cirurgias endoscópicas com melhorias e investimentos

O Hospital de Urgências de Goiás Dr. Valdemiro Cruz (Hugo), unidade do governo do Estado gerida pelo Hospital Israelita Albert Einstein desde junho deste ano, realizou no final de novembro sua primeira cirurgia endoscópica da coluna vertebral. Essa técnica, agora prioritariamente utilizada nos atendimentos de urgência e emergência, é minimamente invasiva e representa um avanço significativo no tratamento de doenças da coluna vertebral, proporcionando uma recuperação mais rápida e menores riscos de complicações pós-cirúrgicas.

Segundo o coordenador da ortopedia do Hugo, Henrique do Carmo, a realização dessa técnica cirúrgica, frequentemente indicada para casos de hérnia de disco aguda, envolve o uso de um endoscópio. Este equipamento, um tubo fino equipado com uma câmera de alta definição e luz LED, transmite imagens em tempo real para um monitor, iluminando a área cirúrgica para melhor visualização. O tubo guia o endoscópio até a área-alvo, permitindo uma visão clara e detalhada das estruturas da coluna, como discos intervertebrais, ligamentos e nervos.

“Quando iniciamos a gestão da unidade, uma das preocupações da equipe de ortopedia, que é uma especialidade estratégica para nós, foi mapear e viabilizar procedimentos eficazes já realizados em outras unidades geridas pelo Einstein, para garantir um cuidado mais seguro e efetivo dos pacientes”, destaca a diretora médica do hospital, Fabiana Rolla. Essa adoção da técnica endoscópica é um exemplo desse esforço contínuo.

Seis meses de Gestão Einstein

Neste mês, o Hugo completa seis meses sob a gestão do Hospital Israelita Albert Einstein. Nesse período, a unidade passou por importantes adaptações que visam um atendimento mais seguro e de qualidade para os pacientes. Foram realizados 6,3 mil atendimentos no pronto-socorro, mais de 6 mil internações, mais de 2,5 mil procedimentos cirúrgicos e mais de 900 atendimentos a pacientes com Acidente Vascular Cerebral (AVC).

A unidade passou por adequações de infraestrutura, incluindo a reforma do centro cirúrgico com adaptações para mitigar o risco de contaminações, aquisição de novas macas, implantação de novos fluxos para um atendimento mais ágil na emergência, e a reforma da Central de Material e Esterilização (CME) para aprimorar o processo de limpeza dos materiais médico-hospitalares.

Hoje, o Hugo também oferece um cuidado mais humanizado, tanto aos pacientes como aos seus familiares. A unidade implementou um núcleo de experiência do paciente, com uma equipe que circula nos leitos para entender necessidades, esclarecer dúvidas, entre outras atividades. Além disso, houve mudança no fluxo de visitas, que agora podem ocorrer diariamente, com duração de 1 hora, em vez de a cada três dias com duração de 30 minutos.

Outra iniciativa realizada em prol dos pacientes foi a organização de mutirões de cirurgias, visando reduzir a fila represada de pessoas internadas que aguardavam por determinados procedimentos. Essa ação viabilizou a realização de mais de 32 cirurgias ortopédicas de alta complexidade em um período de dois dias, além de 8 cirurgias de fêmur em pacientes idosos. Todos os pacientes beneficiados pelos mutirões já tiveram alta hospitalar.

Plano de investimentos para 2025

Para o próximo ano, além do que está previsto no plano de investimentos de R$ 100 milhões anunciado pelo Governo de Goiás, serão implantadas outras melhorias de fluxos e processos dentro das atividades assistenciais. Isso inclui processos preventivos de formação de lesões por pressão, otimização de planos terapêuticos, cirurgias de emergência mais resolutivas, e outras ações que visam aprimorar o cuidado dos pacientes.

O hospital também receberá novos equipamentos, como o tomógrafo doado pelo Einstein para melhorar o fluxo de pacientes vítimas de trauma e AVC, e um robô de navegação cirúrgica.

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