Milhares de pessoas saíram às ruas em diversas cidades dos Estados Unidos neste fim de semana para protestar contra medidas do presidente Donald Trump e do empresário Elon Musk. Organizados por mais de 150 entidades, entre sindicatos, grupos de direitos civis e movimentos LGBTQ+, os atos criticaram cortes em serviços públicos, ataques a direitos humanos e ações econômicas da atual administração.
Batizada de “Hands Off!” (“Tirem as mãos”), a mobilização contou com mais de 1,2 mil manifestações em todos os 50 estados norte-americanos, com destaque para o protesto realizado no National Mall, em Washington, onde uma multidão empunhava cartazes com frases como “Tirem as mãos da Segurança Social” e “O fascismo chegou”.
As manifestações rechaçaram decisões do governo Trump, como demissões em massa de servidores federais, fechamento de escritórios da Administração da Segurança Social, cortes em agências como a USAID e o fim de proteções para pessoas transgênero. A redução de verbas para programas de saúde também foi amplamente criticada.
Elon Musk, conselheiro de Trump e responsável pelo recém-criado Departamento de Eficiência Governamental (DOGE), foi apontado como peça-chave na política de cortes. Dono da Tesla, da SpaceX e da rede social X (antigo Twitter), Musk justificou as reduções com a promessa de economizar bilhões aos cofres públicos.
Durante o protesto na capital, o advogado Paul Osadebe, representante sindical do Departamento de Habitação e Desenvolvimento Urbano dos EUA, afirmou que a administração ignora o valor do trabalho dos servidores. “Bilionários e oligarcas só se importam com lucro e poder, e não com a vida ou a comunidade das pessoas”, declarou.
Além de servidores públicos aposentados, os protestos reuniram muitos jovens e famílias. Em Massachusetts, milhares ocuparam o Boston Common, enquanto no Ohio, centenas enfrentaram a chuva em frente ao Capitólio estadual, em Columbus. Manifestações também ocorreram na Flórida, próximas ao campo de golfe de Trump em Jupiter, e em Palm Beach Gardens, onde manifestantes exibiam faixas e incentivavam buzinaços.
Entre os participantes, Archer Moran, morador da Flórida, destacou a rapidez com que os protestos têm se espalhado. “A lista de coisas das quais eles precisam tirar as mãos é longa”, disse. Já Roger Broom, aposentado de 66 anos e ex-eleitor de Ronald Reagan, afirmou ter abandonado o Partido Republicano por causa de Trump.
Em resposta aos protestos, a Casa Branca divulgou uma nota em que afirma que Trump protegerá os programas de assistência social para os beneficiários qualificados. Segundo a declaração, o plano dos democratas de estender esses benefícios a imigrantes ilegais poderia levar os programas à falência.
Fora dos Estados Unidos, cerca de 700 pessoas também protestaram em Lisboa, Portugal. Com cartazes e cravos vermelhos, os manifestantes fizeram referência à Revolução dos Cravos e destacaram a importância da liberdade de expressão. O ato foi organizado por ativistas norte-americanos que vivem no país europeu.
Embora os protestos ainda não tenham atingido a mesma dimensão das manifestações do movimento Black Lives Matter, que ganharam força em 2020 após a morte de George Floyd, o movimento “Hands Off!” sinaliza uma crescente mobilização da oposição às medidas da atual administração.