Milhares de pessoas saíram às ruas de Budapeste nesta terça-feira, 25, para protestar contra uma nova lei que proíbe a tradicional Marcha do Orgulho LGBTQ+ e autoriza o uso de tecnologia de reconhecimento facial para identificar organizadores e participantes do evento.
A medida, aprovada na semana passada pelo Parlamento húngaro, foi proposta por legisladores do partido governista Fidesz sob a justificativa de que a marcha poderia ser prejudicial às crianças.
O primeiro-ministro Viktor Orbán, que se prepara para as eleições de 2026 diante do fortalecimento de uma nova oposição, tem intensificado discursos contra a comunidade LGBTQ+ e ameaçado restringir o financiamento estrangeiro de veículos de mídia independente e organizações não governamentais. No poder desde 2010, Orbán mantém uma agenda conservadora cristã.
Críticas à nova legislação
O parlamentar independente Akos Hadhazy, um dos organizadores do protesto, condenou a decisão. “A lei aprovada não se trata apenas de banir a parada do Orgulho, mas também de reprimir qualquer forma de manifestação no futuro”, escreveu em suas redes sociais.
De acordo com estimativas de repórteres da Reuters, cerca de 2.000 pessoas participaram do protesto. Entre os manifestantes, ativistas do partido oposicionista Momentum entoaram gritos como “Europa” e “Fidesz imundo” enquanto tentavam bloquear uma ponte central da capital.
Zsuzsa Szabo, de 72 anos, viajou da cidade de Kecskemet, a leste de Budapeste, para participar da mobilização. “Não se trata apenas do Orgulho, mas da liberdade de reunião. Eles estão tentando restringir esse direito, talvez até eliminá-lo completamente”, declarou.
Na última terça-feira, 18, manifestantes já haviam bloqueado uma ponte no centro de Budapeste após a aprovação do projeto em regime de tramitação acelerada. O prefeito liberal da cidade, Gergely Karacsony, criticou a lei, enquanto parlamentares do partido Momentum protestaram durante a votação acendendo sinalizadores de fumaça.
Parada LGBTQ+ pode acontecer mesmo sob proibição
Os organizadores do festival do Orgulho defendem que a marcha anual não representa qualquer ameaça às crianças e afirmam que pretendem realizar o evento, apesar da proibição imposta pelo governo.