Terras raras: Estados Unidos financiam projeto em Goiás com até U$ 465 milhões
Projeto Pela Ema, da Serra Verde Pesquisa e Mineração (SVPM), está localizado em
Minaçu. Mineradora ganhou destaque mundial ao produzir em escala comercial os
quatro elementos magnéticos essenciais de terras raras.
A mineradora “DE” aprovou um financiamento de até U$ 465 milhões para a Serra
Verde Pesquisa e Mineração (SVPM), em Minaçu, na região norte de Goiás. A
mineradora é considerada a única fora da Ásia a produzir em escala comercial
os quatro elementos magnéticos
essenciais de terras raras, segundo o Ministério de Minas e Energia (MME).
A partir de um depósito em argila iônica, a Serra Verde produz um concentrado de
terras raras com alta proporção de disprósio (Dy) e térbio (Tb), além de
neodímio (Nd) e praseodímio (Pr), essenciais para a fabricação de ímãs
permanentes, amplamente utilizados em veículos elétricos, turbinas eólicas e
outras tecnologias.
Ao “DE”, a Corporação Financeira de
Desenvolvimento Internacional dos Estados Unidos (DFC), vinculada ao
Departamento de Estado norte-americano, confirmou o financiamento, que foi
aprovado e assinado pelo conselho diretor em agosto deste ano.
De acordo com o documento do governo dos EUA, o dinheiro tem como objetivo
financiar melhorias na mina Pela Ema, que tem vida útil estimada em 25 anos,
despesas operacionais, refinanciamento de dívidas, além de contas de reserva e
outros custos de transação no Brasil.
O “DE” entrou em contato com a Serra Verde para
saber detalhes acerca do financiamento, bem como se ele já começou a ser pago,
mas não obteve retorno até a última atualização desta reportagem.
INTERESSE DOS EUA EM TERRAS RARAS
As terras raras são um conjunto de 17 elementos químicos encontrados em
abundância na natureza. Eles ganham status de raros devido à dificuldade de
separar sua forma pura dos minerais onde se acumulam.
Segundo a Agência Nacional de Mineração (ANM), os elementos são classificados da
seguinte forma:
– leves: lantânio, cério, praseodímio e neodímio;
– médios: samário, európio e gadolínio;
– pesados: térbio, disprósio, hólmio, térbio, túlio, itérbio, lutécio e ítrio.
De acordo com dados do Serviço Geológico dos Estados Unidos (USGS), o Brasil
possui a segunda maior reserva de terras raras do mundo, ficando atrás apenas da
China. O país asiático é responsável por mais de 60% da produção global e quase
90% do refino desses elementos.
Em julho deste ano, o presidente do Instituto Brasileiro de Mineração (Ibram),
Raul Jungmann, afirmou o interesse do governo norte-americano
nos minerais críticos e estratégicos (MCEs) do Brasil.
A Corporação Financeira de Desenvolvimento Internacional dos Estados Unidos
(DFC) foi criada em 2019 com apoio bipartidário sob a presidência de Donald
Trump. Atualmente, é o braço de investimento internacional do governo.
“A DFC investe em setores estratégicos, incluindo minerais críticos,
infraestrutura moderna e tecnologia avançada, fomentando o desenvolvimento
econômico, apoiando os interesses dos EUA e gerando retorno para os
contribuintes americanos”, diz o texto de apresentação no site da corporação.
CONHEÇA A MINERADORA DE GOIÁS
Em entrevista ao “DE”, em julho deste ano,
Ricardo Grossi, presidente e diretor de operações da Serra Verde, informou que
as atividades da Serra Verde iniciaram em 2010, quando a empresa apresentou
pedidos de exploração à ANM.
Somente em 2017, a Serra Verde conquistou a licença prévia e, em 2018, iniciou a
execução do projeto Pela Ema – cuja expectativa é que produza pelo menos 5 mil
toneladas por ano de óxido de terras raras. Foram anos de estudo e trabalho até
a empresa receber a licença ambiental de operação em 2023 e iniciar a produção
comercial no ano seguinte.
“A Serra Verde abriga um dos maiores depósitos de argila iônica fora da Ásia,
com vantagens competitivas e ambientais devido à natureza do depósito, com
impactos ambientais relativamente baixos e situado em uma área de mineração
consolidada, próxima à infraestrutura de energia renovável”, afirmou o
presidente.
Em janeiro de 2023, a Energy and Minerals Group e a Vision Blue Resources
investiram US$ 150 milhões na Serra Verde, e, em outubro de 2024, foi anunciado
um novo aporte de US$ 150 milhões da Denham Capital, da Energy and Minerals
Group e da Vision Blue Resources.




