Ministério da Agricultura apura se mortes de 63 cavalos têm relação com ração
com ‘indícios de contaminação’ e interdita fábrica
Em Indaiatuba (SP), foram pelo menos 29 óbitos de equinos. Nutratta Nutrição
Animal avaliou a medida adotada pelo Mapa como “gravosa e desproporcional”, e
disse que está tomando as medidas administrativas e judiciais pertinentes.
Conselho de Medicina Veterinária pede inspeção em fábrica de ração após mortes
de cavalos
O Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa) investiga se as mortes de 63
cavalos pelo Brasil têm relação com o consumo da ração Forrage Horse, da
Nutratta Nutrição Animal, cujo consumo e venda foram proibidos
após “constatação de indícios da presença de contaminantes que podem prejudicar
a saúde animal”. Em Indaiatuba (SP), foram pelo menos
29 óbitos de equinos.
Nesta quinta (5), o Mapa determinou a suspensão, de forma cautelar, das
atividades da empresa, cuja fábrica fica em Itumbiara (GO). E orientou que
denúncias relacionadas ao caso sejam realizadas na Ouvidoria do Ministério, “para
possibilitar o atendimento e a coleta de dados de forma racional”.
“Além disso, a ração não deve ser fornecida nem aos equinos nem a animais de
outras espécies. As investigações ainda estão em curso e, até o momento, já
foram catalogadas 63 mortes de animais, provavelmente relacionadas ao consumo
dessa ração. O Mapa ainda avalia se todas estão efetivamente associadas ao
produto”, diz o Ministério, em nota.
A Nutratta Nutrição Animal classificou a medida adotada pelo Mapa como “gravosa
e desproporcional”, e disse que está tomando as medidas administrativas e
judiciais pertinentes.
Ao DE, o advogado Diêgo Vilela, que representa a empresa, ressaltou que “não há
nenhum elemento que estabeleça nexo entre o consumo da ração e a mortalidade dos
equinos”.
“Nós já havíamos suspendido a comercialização do produto e a fabricação para
investigação das causas, já que não temos nada, nenhum respaldo técnico para
dizer, inclusive, que esses problemas que os animais estão apresentando têm
origem no consumo dessa ração e que isso também tem a ver com o processo
produtivo”, destacou.
Segundo o representante da empresa, o Mapa monitora as atividades da Nutratta de
forma periódica, e tinha conhecimento, a partir da mortalidade dos animais na
região de São Paulo, de que a empresa havia implementado as medidas para
comunicar clientes e fornecedores, e recolher os lotes vendidos na região de
Indaiatuba que, em tese poderiam ter contribuído para algum problemas dos
animais.
“O Mapa num primeiro instante suspende a comercialização do produto, o que seria
uma medida administrativa até aceitável, mas depois, cedendo a um clamor social
ou a pressão dos proprietários de cavalo, não sei de quem, vai lá e aplica uma
medida gravosa, desproporcional, nada razoável, que é de suspender as atividades
da empresa cautelarmente, sem nenhum respaldo técnico suficiente para isso.
Repito, se o problema é na ração, naquele produto, já que nenhum outro produto
apresentou problema, e a Nutratta tem uma linha vasta de produtos, inclusive
para ruminantes, para gatos, e se não há notícia de problema relacionado aos
outros produtos, por que então suspender as atividades da fábrica?”, questiona
Vilela.
Advogado da Nutratta, empresa fabricante da ração Forrage Horse, defende
que ainda não há elementos que indiquem que o produto tenha causado a morte de
equinos, e que também não há dados que comprovem a contaminação do produto.
ANÁLISES EM LABORATÓRIO
A Nutratta havia informado ao DE que aguarda análises de laboratório para
identificar o que teria provocado a suposta contaminação do produto, apontado
como causa provável para a morte de equinos.
Segundo Diêgo Vilela, a empresa se solidariza com as perdas, mas ressalta “que
não pode assumir qualquer responsabilidade pois, tecnicamente, não há nenhum
elemento que estabeleça nexo entre o consumo da ração e a mortalidade dos
equinos”.
O advogado ressaltou que apesar de donos dos animais alegarem ter feito exames,
até o momento “nada foi apresentado que seja conclusivo ou indicativo de que foi
a ração que causou o mal-estar e a mortalidade dos animais”.
PROIBIÇÃO
Em ofício publicado na quarta (4), o Ministério da Agricultura e Pecuária
determinou o recolhimento e proibição da venda da ração Forrage Horse, de modo
cautelar, após “constatação de indícios da presença de contaminantes que podem
prejudicar a saúde animal”.
Sobre a decisão do governo federal, o advogado destacou que a Nutratta já havia
suspendido, por iniciativa própria, a fabricação e a venda da ração Forrage
Horse, e considerou que “o ato administrativo se revelou totalmente
desnecessário”.
“Mais uma vez quero ressaltar a importância de ser responsável na administração
de alimentos para animais domésticos. A saúde deles precisa vir sempre em
primeiro lugar, e estamos comprometidos em averiguar com responsabilidade e
profissionalismo a questão das mortes dos cavalos”, finalizou.
Reforçando a integridade e a qualidade dos produtos oferecidos para o mercado,
a Nutratta Nutrição Animal permanece aguardando os resultados das análises em
laboratório e garantindo que irá cooperar plenamente com as autoridades para
chegar a uma conclusão precisa sobre a situação ocorrida em relação ao consumo
da ração Forrage Horse e as mortes dos cavalos.