O Ministério da Saúde assinou um acordo de integração entre o Hospital Federal da Lagoa e o Instituto Fernandes Figueira, visando otimizar o atendimento e a gestão das unidades de saúde. O programa, denominado Agora Tem Especialistas, pretende agilizar o atendimento nas filas do Sistema Único de Saúde (SUS) por meio do investimento de R$ 170 milhões nos projetos de reestruturação. No entanto, um relatório elaborado pelo próprio Ministério da Saúde levantou obstáculos para a fusão das duas unidades, apontando sérias deficiências em infraestrutura, gestão de insumos e medicamentos, contratos, orçamentação e no quadro de funcionários.
O relatório, elaborado em conjunto com a Fiocruz, conclui que a união administrativa não é suficiente para garantir o pleno funcionamento das unidades. Durante uma audiência pública solicitada pela Defensoria Pública da União, foram apresentadas preocupações com a falta de garantias de aumento de cirurgias ortopédicas, risco de superlotação do prédio do Hospital Federal da Lagoa e potencial redução no atendimento oncológico. O Sindicato dos Médicos do Rio de Janeiro também expressou preocupação com a integração, questionando para onde serão direcionados os usuários de especialidades que deixarão de existir no HFL.
Apesar das preocupações levantadas, o ministro da Saúde, Alexandre Padilha, demonstrou otimismo com a integração, afirmando que esta será a maior ampliação de cuidado e atendimento da história da rede federal de saúde no Rio de Janeiro. Ele garantiu que o objetivo é ampliar o atendimento, não fechar unidades, e atender a todos os pacientes, inclusive aqueles em filas de espera internas. Durante a assinatura do acordo, foi mencionado que serão abertos 166 novos leitos nas duas unidades, sem especificar a distribuição entre elas.
A primeira fase da integração prevê a criação de um canal de comunicação com pacientes do SUS e funcionários, contratação de profissionais para gestão de recursos humanos, reformas emergenciais e reabertura gradual de leitos. Já a segunda fase, prevista para 2026, terá foco na ampliação e diversificação dos serviços, especialmente voltados para a saúde da mulher, da criança e do adolescente. Além disso, foram anunciadas melhorias nos Institutos Nacionais do Câncer, Traumatologia e Ortopedia e de Cardiologia.
O relatório do Ministério da Saúde ressalta a necessidade de um robusto pacote de obras nas duas unidades, apontando problemas estruturais graves, como a necessidade de reforma da fachada, das redes de água e esgoto, impermeabilização, modernização do sistema elétrico, de telefonia e de combate a incêndios. Além disso, destacou a falta de conformidade com normas técnicas nas unidades de maternidade e enfermarias pediátricas do Instituto Fernandes Figueira, ressaltando a falta de espaço e acessibilidade.
Em suma, a fusão entre o Hospital Federal da Lagoa e o Instituto Fernandes Figueira apresenta desafios que precisam ser superados para garantir o pleno funcionamento e atendimento de qualidade às populações atendidas. A integração das unidades de saúde representa um avanço na reorganização da rede federal de saúde no Rio de Janeiro, mas requer investimentos em infraestrutura, gestão e recursos humanos para alcançar os objetivos propostos. Novas audiências públicas estão programadas para discutir e acompanhar o processo de integração das unidades de saúde.