Ministério Público reconsidera e médico que matou duas pessoas na T-63 deve ir a Júri

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O Ministério Público do Estado de Goiás (MPGO) reconsiderou seu posicionamento em relação ao caso do médico Rubens Mendonça Júnior, acusado de provocar um acidente fatal em abril deste ano no viaduto da Avenida T-63, Setor Bueno. Após cogitar um acordo de não persecução penal, o promotor Everaldo Sebastião de Sousa, da 28ª Promotoria de Goiânia, determinou que o caso siga para o Tribunal do Júri. A informação é do jornal O Popular.

Segundo o relato detalhado do promotor, baseado em depoimentos e laudos do processo, Rubens Mendonça Júnior teria assumido conscientemente o risco do acidente trágico. O médico teria testado a capacidade de aceleração do veículo, atingindo uma velocidade próxima de 148 km/h no momento em que o carro se afastou do asfalto, perdendo o controle.

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Além disso, Everaldo afirmou que, durante a subida do viaduto, o médico optou por ultrapassagens arriscadas, ignorando a proibição de ultrapassagem devido à faixa contínua. O promotor destacou que, ao invés de reduzir a velocidade para uma ultrapassagem segura, o acusado preferiu sinalizar com luz alta e entrar na contramão, colocando em risco a segurança viária.

O médico Rubens Mendonça Filho foi denunciado ao Ministério Público de Goiás (MPGO) acusado pelos crimes de duplo homicídio qualificado de dois homens e lesão corporal contra outras duas pessoas no caso do acidente que ocorreu na avenida T-63, na capital goiana, em abril deste ano.

Voo no viaduto

De acordo com a instituição, ele  subiu no viaduto da avenida em alta velocidade e assumiu o risco de matar ou ferir qualquer pessoa que estivesse no local. Segundo as investigações, ele estaria testando se o carro era capaz de chegar a 100km/h em quatro segundos. Conforme relatado pela perícia, o veículo chegou a atingir quase 150 km/h, velocidade três vezes maior que a permitida no local, que é de 50 km/h.

No momento, Rubens sinalizou para que outros veículos se afastassem e ele pudesse passar, como isso não aconteceu, o acusado fez a ultrapassagem pela contramão e, ao retornar para a via certa, perdeu o controle da direção e atingiu duas motocicletas e outros carros. Com isso, ele provocou as mortes do motociclista de aplicativo Leandro Fernandes Pires, de 23 anos, e do passageiro que ele carregava no momento do acidente, o garçom David Antunes Galvão, de 21 anos. O rapaz estava voltando para casa após o expediente de trabalho.

Ao serem atingidos pelo carro do médico, os dois corpos foram arremessados para fora do viaduto, que segundo as testemunhas, chegou a “voar” devido a alta velocidade. Já a promotora de vendas Wanderlyne Gomes dos Reis, de 46 anos, que pilotava uma motocicleta ficou mais de uma semana internada e passou por duas cirurgias no joelho em quatros dias, ao ser atingida pelo veículo conduzido por Rubens.

A denúncia foi aceita pelo juiz Lourival Machado da Costa. Caso condenado, o médico pode pegar até 46 anos de prisão.

 

 

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Restauração da Igreja Nossa Senhora do Rosário dos Pretos faz descoberta de cemitério de africanos escravizados

A restauração da Igreja Nossa Senhora do Rosário dos Pretos, em Jaraguá, culminou em uma importante descoberta arqueológica: um cemitério com mais de 200 anos. Durante as escavações para a implantação de um sistema de drenagem, os arqueólogos encontraram ossadas que, segundo especialistas, são possivelmente de africanos escravizados e negros libertos.

A obra, iniciada em abril deste ano, é realizada pelo Governo de Goiás, por meio da Secretaria de Estado da Cultura (Secult), com um investimento de R$ 3,5 milhões. A conclusão está prevista para 2025. A descoberta das ossadas aconteceu em novembro, quando 35 ossadas foram exumadas sob o calçamento externo, e centenas de outros túmulos foram identificados.

Importância Histórica e Cultural

“É uma descoberta importantíssima para a história de Jaraguá e do estado de Goiás, pois nos permite resgatar a memória histórica de um período significativo para a formação cultural”, ressalta a secretária de Estado da Cultura, Yara Nunes. Este achado reforça a importância da preservação do patrimônio material e imaterial, conectando-nos com as raízes de nossa história.

Além das ossadas, os trabalhos também revelaram, com a remoção do piso de madeira, 56 campas funerárias numeradas dentro da igreja. Segundo os arqueólogos, há cerca de 150 sepultamentos nas laterais, no fundo e no pátio frontal da igreja. “Tem um sepultamento atravessado embaixo da escada da igreja, então quer dizer que aquela escada não é tão antiga, não é a original da construção. Em alguns locais a gente encontrou sobreposição de esqueleto, ou seja, existia o uso contínuo dessas covas”, conta o arqueólogo Wagner Magalhães.

A equipe agora enfrenta o desafio de extrair o máximo de informações possíveis sobre os esqueletos, que estão em péssimas condições de preservação devido ao solo úmido do local. As ossadas retiradas serão estudadas em laboratório para obter informações sobre sexo e faixa etária. Posteriormente, será feito um levantamento histórico com base nos registros de batismo e morte.

“Foi um trabalho surpreendente não só porque é inédito, mas é uma coisa que está mexendo com a memória. Quem eram essas pessoas? Apesar de não ter a história completa, a gente tem uma ideia do que aconteceu ali”, ressalta a arqueóloga Elaine Alencastro.

Educação patrimonial

Após o trabalho de curadoria da equipe arqueológica, a Secult, em parceria com o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) Goiás, vai oferecer uma ação de educação patrimonial na igreja. “Todas as nossas obras já possuem tapumes educativos que contam a história do edifício, mas, com essa descoberta, vamos montar uma estrutura na igreja para que todos possam conhecer mais sobre essa história que ficou escondida durante tantos anos”, adianta a superintendente de Patrimônio Histórico e Artístico da Secult, Bruna Arruda.

A Igreja de Nossa Senhora do Rosário dos Pretos foi construída em 1776 pela irmandade de negros de Nossa Senhora do Rosário e São Benedito. Nessa época, era comum a construção de igrejas específicas para a população negra. “Essa igreja foi dedicada aos pretos e foi construída por eles, e a população africana teve um papel importantíssimo até para a formação da cidade de Jaraguá. Então o que a gente tem aqui é um pouquinho da nossa história e traz também um pouco da história do início das minas de ouro, desses povos que trabalharam lá”, explica Wagner Magalhães.

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