É um ato de traição nacional’, diz ministro do desenvolvimento agrário sobre pedidos de taxação de 50% para Donald Trump
Paulo Teixeira, ministro do Desenvolvimento Agrário e Agricultura Familiar, criticou a tarifa imposta por Donald Trump e disse que Estados Unidos também irão sofrer perdas caso a taxa seja implementada.
Em entrevista à TV Verdes Mares nesta quarta-feira (16), Paulo Teixeira, ministro do Desenvolvimento Agrário e Agricultura Familiar, reforçou que a taxação de 50% sobre produtos brasileiros imposta por Donald Trump tem “motivação política”:
> “São setores do Brasil que foram pedir essa taxação para o presidente Trump contra o país. É um ato de traição nacional. Mas, dito isso, é importante dizer que eu acho que o governo vai negociar para que ela não sobreviva”, disse o ministro em entrevista à TV Verdes Mares.
Na semana passada, o presidente dos Estados Unidos enviou uma carta a Lula comunicando que, a partir de 1º de agosto, produtos brasileiros importados pelos norte-americanos receberão uma tarifa adicional de 50%. Desde então, a relação entre os dois países vive momentos delicados e a economia brasileira começou a sentir o impacto nas exportações.
Ainda de acordo com Paulo, o objetivo agora é negociar para que a taxa diminua, o que pode ocorrer, segundo o ministro, na medida em que os setores econômicos americanos provocarem o governo contra a taxação.
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No Ceará, fontes ouvidas pelo g1 relatam que compradores norte-americanos estão suspendendo negociações por receio do impacto da nova tarifa.
Augusto Fernandes, CEO da JM Negócios Internacionais, uma das quatro empresas que operam com exportações no Porto do Pecém, em São Gonçalo do Amarante (CE), revela que cerca de 20 contêineres, principalmente de mel, pedra bruta e cera, ficaram retidos em diferentes etapas do processo logístico: seja no pátio do exportador, em transporte para o porto, ou já dentro do terminal portuário.
Segundo Paulo Teixeira, a agricultura familiar é a mais prejudicada quando os produtos ficam barrados nos portos, mas o ministro acredita que os Estados Unidos também sofrerão perdas com a nova tarifa.
O governo brasileiro tem meios de, através da legislação do comércio, poder usar o princípio da reciprocidade. Isso é, eles aumentam lá, nós aumentamos aqui. Eles mexem lá, nós podemos mexer aqui em propriedade intelectual, em remédios, na área de audiovisual, porque eles são muito fortes no mundo. Enfim, nós temos que caminhar para que isso possa ser revertido. Porque, como eu disse, é um problema de natureza política. E sendo de natureza política, mesmo a justiça americana não permitirá uma elevação de taxas dessa natureza., afirmou.