Ministro demite policial que matou estudante durante abordagem em rodovia no Rio
O ministro da Justiça, Ricardo Lewandowski, demitiu o policial rodoviário federal Thiago da Silva de Sá, que matou uma estudante de enfermagem e feriu outra mulher durante uma abordagem no Rio de Janeiro, em 2023. A demissão foi publicada na edição de 13 de outubro do “Diário Oficial da União”.
A portaria justifica a demissão de Sá apontando que ele cometeu infrações disciplinares ao violar o dever de observar normas legais e regulamentares e “praticar ofensa física, em serviço, a particulares”. A decisão do ministro da Justiça seguiu recomendação da corregedoria da Polícia Rodoviária Federal, que após investigação defendeu a demissão de Sá.
Sá já não faz parte dos quadros da PRF desde a publicação da portaria. Entretanto, ele pode recorrer da decisão, tanto administrativamente quanto na Justiça. Sá fazia parte de uma equipe formada por quatro agentes da PRF que abordou o carro onde estavam a estudante de enfermagem Anne Caroline Nascimento Silva e o marido dela. A abordagem aconteceu na rodovia Washington Luís, no Rio.
O casal voltava de uma comemoração em um restaurante quando passou a ser perseguido pelos policiais. Em depoimento, o marido de Anne Caroline disse que, antes que houvesse ordem de parada, o policial disparou. Sete tiros de fuzil atingiram o carro e um dos disparos acertou Anne Caroline. Ela foi levada ao hospital, mas não resistiu.
Um dos tiros atingiu ainda outro veículo que passava pela região na hora da abordagem. A passageira, a diarista Claudia dos Santos, foi ferida no peito, mas se recuperou. A investigação apontou que todos os disparos foram feitos pelo policial Thiago da Silva de Sá. Por isso, a corregedoria da PRF recomendou a demissão apenas para ele.
Em abril do ano passado, a Justiça aceitou denúncia feita pelo Ministério Público Federal e tornou os quatro policiais réus pela morte de Anne Caroline e pela lesão a Claudia. Eles foram denunciados pelo MPF por homicídio qualificado, fraude processual, tentativa de homicídio e lesão corporal grave por negligência. A Justiça acatou as acusações de homicídio tentado e consumado, bem como de lesão corporal culposa, apenas em relação a Sá e ao policial Jansen Vinicius Pinheiro Ferreira, acusado de ter induzido o colega a atirar. Além disso, Sá, Ferreira e os outros dois colegas, Diogo Silva dos Santos e Wagner Leandro Rocha de Souza, são réus por fraude processual.




