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Miséria avança e chega a 20,6% da população do Centro-Oeste 

Última atualização 06/12/2022 | 08:26

Os efeitos da pandemia começaram a ser revelados em números. A população extremamente pobre no Centro-Oeste cresceu, alcançando uma a cada cinco pessoas (20,6%), de acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). A média de rendimento desse grupo é inferior a cerca de R$ 486 mensais per capita, segundo critérios do Banco Mundial. De modo geral, esses foram os piores dados desde o início da série histórica, em 2012.

Nos cálculos do IBGE, 7,8% da população da região é pobre, sendo 3,3% na categoria de extrema pobreza e 5,5% na de pobreza no Centro-Oeste. O Nordeste (48,7%) e o Norte (44,9%) apresentaram a maior quantidade de pessoas pobres na população local. O Sudeste empatou com as estatísticas registradas em Goiás, Mato Grosso e Mato Grosso do Sul, enquanto o Sul do Brasil teve o menor percentual (14,2%). Em 2021, considerando-se as linhas de pobreza propostas pelo Banco Mundial, 29,4% da população brasileira estava na pobreza, sendo 8,4% na extrema pobreza. 

A renda per capita de todas as classes sociais recuou, porém, o impacto foi maior para quem ganha menos. A faixa considerando até 10% dos que ganham menos na população foi a que mais perdeu (-32,2%), seguido dos 10% até 20% (19,8%). A perda entre eles variou de um terço a um quinto da renda relativa a 2021. Os mais ricos perderam somente 4,5% de 2020 para 2021. Com isso, Índice de Gini, que mensura a desigualdade social, voltou a crescer e atingiu o segundo maior patamar da série.

Em todo o País, a proporção de pretos e pardos abaixo da linha de pobreza (37,7%) é praticamente o dobro da estimativa de brancos (18,6%). Comparativamente, a quantidade de jovens de 15 a 29 anos com essa condição (33,2%) é o triplo dos idosos (10,4%). Os dados são sintomáticos, especialmente considerando que aproximadamente 62,8% das pessoas que viviam em domicílios chefiados por mulheres sem cônjuge e com filhos menores de 14 anos estavam abaixo da linha de pobreza em 2021.

A pesquisa revelou que quanto menor o rendimento mensal per capita, maior a dependência de benefícios de programas sociais.  Entre os que recebiam até R$ 303 per capita, o rendimento do trabalho representava 53,8% da renda, enquanto a parcela proveniente de programas sociais chegava a 34,7%. “São domicílios mais vulneráveis e com acesso limitado ao mercado de trabalho. Por isso, os programas sociais acabam tendo maior impacto”, explica o analista do estudo, André Simões.

O rendimento per capita recuou em todas as regiões de 2020 a 2021. O s homens continuaram recebendo um pouco mais que as mulheres, com média de 5,9% de diferença.  Os pretos e pardos permaneceram ganhando metade do rendimento dos brancos, sendo, respectivamente, R$949 contra R$1.866.