Misturas lácteas se tornam frequentes em prateleiras; consumidor deve ficar atento

Nos últimos meses, consumidores de todo Brasil começaram a observar nas prateleiras dos supermercados mudanças nos rótulos de alguns produtos derivados do leite.

Nos últimos meses, consumidores de todo Brasil começaram a observar nas prateleiras dos supermercados mudanças nos rótulos de alguns produtos derivados do leite. Produtos como bebida láctea à base de leite, mistura láctea condensada, doce de soro de leite e mistura láctea sabor requeijão, começaram a ser comercializados nas prateleiras, ao lado do leite integral, o leite condensado, doce de leite, requeijão, entre outros.

Mesmo sendo parecidos, os dois itens não são a mesma coisa. “O leite integral tem um valor nutricional alto em proteínas e cálcio e esse percentual muda quando uma indústria acrescenta maior volume do soro do leite, afetando seu valor nutricional”, explica a engenheira de alimentos da Marajoara Laticínios, Annyelle Couto.

Segundo tabela comparativa elaborada com colaboração de profissional da Associação Brasileira dos Produtores de Leite (Abraleite), publicada pelo portal G1, o leite integral é composto por cerca de 6,6g de proteína e 280 mg de cálcio. Se uma bebida láctea for adicionada de 60% de soro de leite, por exemplo, a proporção cai para 2,4g de proteína (apenas 36%) e apenas 95 mg de cálcio (33% do que vem na bebida tradicional).

Além da queda do valor nutricional, Annyelle comenta que o sabor das receitas também podem ser alteradas com a substituição. “No caso do uso da mistura láctea condensada, no lugar do tradicional leite condensado, podem acontecer alterações sensoriais como cor, sabor e odor”, diz.

A engenheira de alimentos esclarece que a produção de bebidas lácteas à base de soro de leite é permitida, porém o importante é deixar claro para o consumidor se o produto na prateleira é o tradicional, feito com leite integral, ou se ele usa maior proporção de soro de leite, o que o classifica de forma diferente.

Embalagem

O gestor de marketing da Marajoara Laticínios, Vinícius Junqueira, tem observado que, na maior parte dos casos, a embalagem dos produtos com leite integral e os feitos com soro de leite são praticamente idênticas, o que induz o consumidor ao erro, pois é minoria que lê os rótulos da composição e comparam a diferença do valor nutricional entre ambas.

“Às vezes, pela pressa do dia a dia ou pela dificuldade de leitura ou compreensão, as pessoas fazem uma leitura dinâmica e nem percebem a diferença entre os dois produtos. Acabam escolhendo o mais barato, acreditando estarem levando o melhor alimento para a família com mais economia”, diz.

Ele lembra que ano passado foi aprovada uma nova normativa pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), a RDC nº 429/2020 e a IN nº 75/2020, que traz alguns avanços, mas precisa ser aprimorada quanto à questão das embalagens de produtos similares.

“Essa solução é uma responsabilidade dos órgãos regulamentadores, mas os fabricantes também precisam ter a consciência de promover uma comunicação visual eficaz”, avalia ele.

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BYD cancela contrato com empreiteira após polêmica por trabalho escravo

Na noite de segunda-feira, 23, a filial brasileira da montadora BYD anunciou a rescisão do contrato com a empresa terceirizada Jinjiang Construction Brazil Ltda., responsável pela construção da fábrica de carros elétricos em Camaçari, na Bahia. A decisão veio após o resgate de 163 operários chineses que trabalhavam em condições análogas à escravidão.

As obras, que incluem a construção da maior fábrica de carros elétricos da BYD fora da Ásia, foram parcialmente suspensas por determinação do Ministério Público do Trabalho (MPT) da Bahia. Desde novembro, o MPT, juntamente com outras agências governamentais, realizou verificações que identificaram as graves irregularidades na empresa terceirizada Jinjiang.

Força-tarefa

Uma força-tarefa composta pelo MPT, Ministério do Trabalho e Emprego (MTE), Defensoria Pública da União (DPU) e Polícia Rodoviária Federal (PRF), além do Ministério Público Federal (MPF) e Polícia Federal (PF), resgatou os 163 trabalhadores e interditou os trechos da obra sob responsabilidade da Jinjiang.

A BYD Auto do Brasil afirmou que “não tolera o desrespeito à dignidade humana” e transferiu os 163 trabalhadores para hotéis da região. A empresa reiterou seu compromisso com o cumprimento integral da legislação brasileira, especialmente no que se refere à proteção dos direitos dos trabalhadores.

Uma audiência foi marcada para esta quinta-feira, 26, para que a BYD e a Jinjiang apresentem as providências necessárias à garantia das condições mínimas de alojamento e negociem as condições para a regularização geral do que já foi detectado.

O Ministério das Relações Exteriores da China afirmou que sua embaixada e consulados no Brasil estão em contato com as autoridades brasileiras para verificar a situação e administrá-la da maneira adequada. A porta-voz da diplomacia chinesa, Mao Ning, em Pequim, destacou que o governo chinês sempre deu a maior importância à proteção dos direitos legítimos e aos interesses dos trabalhadores, pedindo às empresas chinesas que cumpram a lei e as normas.

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