Mix do Bem ganha concurso internacional de sustentabilidade e combate ao desperdício

Mix do Bem é reconhecido internacionalmente pelo combate à fome e ao desperdício (Foto: Aline Cabral)

O Mix do Bem, produzido pelo Banco de Alimentos do Governo Estadual e distribuído pelo Goiás Social a famílias em situação de vulnerabilidade social, foi vencedor do concurso internacional Fab City Awards 2024. O alimento, que faz parte das ações estaduais de combate à fome e à insegurança alimentar foi eleito na categoria “Melhor Projeto Ecossistema”, que elege iniciativas que promovem a sustentabilidade e combatem o desperdício.

O concurso foi promovido pela Fab City Foundation, instituição de Barcelona, com sede na Estônia, e contou com um júri formado por representantes do Brasil, Canadá, Peru e Alemanha. Em data ainda a ser informada, o Governo de Goiás e a Organização das Voluntárias de Goiás (OVG), gestora do Banco de Alimentos, receberão selo de reconhecimento pela produção do Mix do Bem.

“É uma honra saber que uma iniciativa criada pelo Governo de Goiás, o Mix do Bem, teve reconhecimento internacional. O combate à fome e ao desperdício é uma luta de todos nós”, frisa a presidente de honra da OVG e coordenadora do Goiás Social, primeira-dama Gracinha Caiado, que ainda destaca: “Não podemos nos conformar que tanta gente continue passando fome em 2024, com tantos saberes e tecnologias disponíveis. Em Goiás, o governador Ronaldo Caiado tem sempre procurado inovar e melhorar a vida daqueles que mais precisam”.

O Mix do Bem é produzido pelo Programa NutreBem do Banco de Alimentos do Governo de Goiás. Contém arroz, proteína de soja e vegetais desidratados como tomate e cenoura, além de alho e cebola. Cada pacote produz dez porções de 100 gramas. A iniciativa também engloba frutas desidratadas embaladas à vácuo.

O NutreBem utiliza o excedente alimentar coletado diariamente pelo Banco de Alimentos junto a permissionários e produtores rurais que trabalham na Centrais de Abastecimento de Goiás (Ceasa). São frutas, verduras, legumes e hortaliças que não possuem valor comercial, mas que estão totalmente adequadas para o consumo humano.

A desidratação e a inovação tecnológica usadas na produção aumentam a vida útil dos alimentos, evitando o desperdício. Com isso, o Goiás Social tem a possibilidade de ajudar mais famílias em situação de insegurança alimentar, principalmente as que moram em regiões mais distantes da capital e de difícil acesso.

Alimentos naturais

Nutricionista e gerente do Banco de Alimentos, Marília Araújo informa que o Mix do Bem e as frutas desidratadas não possuem nenhum tipo de conservantes ou aditivos de caráter industrial. São alimentos ricos em fibras, vitaminas, minerais e proteínas, além fontes de carboidrato. “As intervenções tecnológicas que utilizamos mantêm a qualidade dos alimentos e garantem que estejam o mais natural possível, dando prazer a quem os come. Eles contemplam toda a tabela nutricional, combatendo a insegurança alimentar e nutricional”.

Desde outubro de 2021, já foram distribuídas 730 mil unidades do Mix do Bem. Mais de 124 mil famílias em situação de vulnerabilidade social e 1.229 instituições sociais de 172 municípios goianos foram beneficiadas com o alimento produzido pelo Governo de Goiás. Em maio, 10 mil pacotes de Mix do Bem foram enviados para as vítimas dos temporais no Rio Grande do Sul.

A faxineira Luciene Ferreira Leite, 48 anos, faz parte das famílias goianas beneficiadas pelo NutreBem. Ela conta que o dinheiro que recebe com os trabalhos esporádicos é insuficiente. Com a instabilidade de renda, o Mix do Bem tem sido a garantia alimentar dela e da família. “Lá em casa, somos cinco pessoas. Um pacote do Mix dá para gente almoçar e, às vezes, até jantar. Ele rende bem, é fácil de fazer, fica bem gostoso e soltinho. É muito bom e garante comida na mesa”, relata.

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Goiás está entre os principais produtores de biodiesel no país

Goiás está entre os principais produtores de biodiesel no país

Dados do Anuário do Transporte 2020, divulgado pela Confederação Nacional do Transporte revelam que as estradas brasileiras, nas quais circulam veículos de carga movidos a biodiesel, são responsáveis por escoar mais de 60% das mercadorias e de mais de 90% dos passageiros que circulam em todo o país. Mesmo com frota de mais de 100 milhões de veículos, no entanto, a malha rodoviária pavimentada tem uma extensão de apenas 13%.

Pensando nisso, especialistas de todo o Brasil se reúnem no  X Seminário Internacional Frotas & Fretes Verdes para discutir soluções que possam oferecer novas tecnologias que mesclam qualidade de logística e sustentabilidade. O evento será realizado em Belo Horizonte, nos dias 6 e 7 de outubro, mas tem acesso gratuito por meio do canal do Instituto Besc no YouTube.

“O cenário atual onera o setor e a sociedade com custo adicional na operação e com imenso impacto ambiental. Isso por causa de estradas pouco eficazes, cidades não planejadas, combustíveis poluentes e caros e falta de investimento em centros de pesquisa. É impossível mudar tudo imediatamente. Porém, a revolução é feita na transformação possível a cada dia”, explica Aurélio Lamare Soares Murta, professor da graduação e do mestrado em Administração, da Universidade Federal Fluminense (UFF).

Aurélio Lamare Soares Murta / Foto: acervo pessoal

Frotas verdes

De acordo com Aurélio, atualmente o Brasil tem um campo vasto para desenvolvimento de frotas verdes, incluindo iniciativas tecnológicas que surgem dentro do país. Existem 50 plantas produtoras de biodiesel autorizadas pela Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) para operação no país. No entanto, ele destaque que ainda é essencial mudar a cultura da logística e do transporte no país. Isso porque, ao longo de décadas, a dependência dos derivados do petróleo tem sido a base dos principais combustíveis usados por aqui.

Dessa maneira, o professor avalia que a questão dos combustíveis é o principal ponto para pensar uma transição energética que possa equilibrar vantagens de tecnologia, logística e sustentabilidade. Para ele, a principal alternativa atual do mercado está no biodiesel.

“Essa tecnologia já está dominada, a questão é ter matéria prima pra produzir a quantidade que a gente deseja para o mercado”, destaca. “Atualmente, no Brasil, a gente consome 50 milhões de m³ de óleo diesel por ano, com uma mistura de somente 10% de biodiesel. Então a capacidade instalada ainda não é compatível com a demanda.”

Biodiesel e produção de óleo

Aurélio também destaca que, no caso do biodiesel, a produção do óleo utilizada não precisa de muito refinamento, por consequência, é possível baratear a produção. Uma vez que, diferente dos óleos vegetais destinados à alimentação, ninguém vai comer o combustível, é possível tratar o produto com menos intensidade.

“Além disso, os derivados do petróleo sempre foram complexos, especialmente pela concentração em áreas com conflitos seculares, como o Oriente Médio”, explica. “Se traçar um gráfico do preço do petróleo, sempre que tem algum conflito lá, o preço dispara. E mesmo em áreas menos conflituosas, como a Venezuela, ainda há muita complexidade.”

Goiás

Em Goiás, a indústria de produção de biodiesel apresenta crescimento constante desde 2012, quando o total produzido era de 601.146,139 m³ por ano. Segundo dados do Anuário Estatístico Brasileiro do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis 2021, o número subiu progressivamente deste então. A exceção é de apenas uma queda fora da curva, ocorrida em 2013. As regiões sul e centro oeste são responsáveis, respectivamente, por 42,6% e 39,8% da produção total.

Goiás está na lista dos principais estados produtores de biodiesel, juntamente com Rio Grande do Sul, Paraná e Mato Grosso. Atualmente, existem seis usinas, distribuídas por todo o Estado: Anápolis, Ipameri, São Simão, Formosa, Porangatu e Palmeiras de Goiás. A usina de biodiesel de Porangatu, que ficou inativa por cerca de oito anos, recebeu autorização para voltar a funcionar e deve fortalecer ainda mais os resultados do estado no campo de atuação.

Em 2020, o estado produziu 878.498,156 m³ no ano, com a atuação de seis indústrias. Em 2021, até o momento, Goiás já produziu quase 15% de toda a produção nacional. De acordo com a Federação das Indústrias do Estado de Goiás (Fieg), as matérias-primas utilizadas na produção do biodiesel em Goiás são: óleo de soja (76,75%), óleo de Palma (3.89%) e gordura bovina (3, 81%).

Emissão de poluentes

De acordo com o vice-presidente da Fieg, o engenheiro civil, André Rocha, a importância do mercado de biodiesel possui várias pilares, passando pelo meio ambiente, pela saúde, pelo desenvolvimento econômico, e a geração de emprego e renda “ao usar o biodiesel, você diminui a emissão de poluentes, sobretudo o CO2.

Ao ajudar a não poluir o meio ambiente, você contribui para a saúde pública, pois com um ar melhor, mais puro e menos poluído, conseguimos diminuir as doenças respiratórias, principalmente agora no período em que vivemos de pandemia, pois a má qualidade do ar é um atenuante da doença”.

André Rocha – Vice-presidente da Fieg  / Foto: Alex Malheiros

Outro ponto frisado pelo engenheiro é sobre agregar valor na produção primária “hoje, não só Goiás, mas todo o Brasil, é um grande exportador de soja, nossa principal matéria-prima para o biodiesel. Entretanto, a soja in natura agrega pouco valor na nossa economia, pois a exportamos por um preço baixo e depois importamos um produto que é feito dessa mesma soja. Pagamos caro por algo feito com a nossa matéria. Precisamos agregar valor na nossa produção primária, seja ela agrícola ou mineral”.

Geração de empregos

Rocha ainda reforça sobre as vantagens nessa transformação “com a industrialização, geramos mais emprego. E geramos empregos bons, com remuneração maior e pessoas qualificadas. As cidades com as industrias instaladas se transformaram completamente. Ao analisarmos os empregos diretos e indiretos, percebemos essa diferença. As indústrias remuneram cerca de 38% a mais que o campo, mas isso também não quer dizer que aquela família que possui a sua produção, mesmo que em menor quantidade, seja prejudicada, pois muitas industrias compram produtos da agricultura familiar”.

Além disso, o vice-presidente da Fieg diz que ao ter mais indústrias pelo estado de Goiás, a economia passa a ser descentralizada, o que é considerado bom, pois não infla a capital e força a gestão das cidades do interior em fornecer uma melhor qualidade de vida, com escolas, hospitais, ruas asfaltadas, incentivo ao comércio local. Afinal, há um fluxo maior de pessoas vivendo naquele município.

Seminário

O X Seminário Internacional Frotas & Fretes Verdes é uma iniciativa do Instituto Besc de Humanidades e Economia. O projeto visa contribuir com o aprimoramento, o desenvolvimento e a promoção da eficiência energética no uso de combustíveis e materiais.

Nesse sentido, serão debatidos o uso da logística 4.0, para automação e agilidade de processos por meio da inteligência artificial. O desenvolvimento em foco é o de novas tecnologias para a fabricação de veículos leves, com motores mais potentes, econômicos e menos poluentes. Além do desenvolvimento inteligente de cidades, para viabilização de trânsito facilitador do transporte regional e combustíveis alternativos, para reduzir custos e emissão de poluição. Já quanto à estrutura viária, será avaliado o aumento, a recuperação e a segurança nas estradas para evitar acidentes, roubos e acelerar o fluxo de entregas.

O seminário é gratuito e será presencial para inscritos e convidados, em Belo Horizonte, mas também transmitido na Internet, pelo canal do Instituto Besc no YouTube, das 09 às 14h.

As discussões serão divididas em quatro sessões de debates e contarão com 18 palestras ao longo dos dois dias. O eixo da análise gira em torno das principais possibilidades para tornar o transporte de cargas e passageiros mais eficaz, econômico e ambientalmente sustentável.

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