Monitor do Fogo: Bioma Pampa tem menor número de queimadas em anos, aponta relatório MapBiomas

Bioma Pampa tem o menor valor de queimadas dos últimos seis anos, aponta Monitor do Fogo

Relatório do MapBiomas mostra que 3,4 mil hectares de área do bioma típico do Rio Grande do Sul foram queimados. No Brasil, porém, área queimada cresceu 79% em relação a 2023.

O Bioma Pampa teve 3.411 hectares (ha) queimados entre janeiro e dezembro de 2024, o que representa uma diminuição de cerca de 56,96% (mais 4.512 ‬ha) em relação ao mesmo período de 2023, segundo dados do Monitor do Fogo do MapBiomas divulgados nesta quarta-feira (22). Por outro lado, o aumento registrado no Brasil é de mais de 79%.

“Normalmente, a proporção de área queimada no Pampa é baixa. Em 2024 foi o menor valor na série monitorada desde 2019. Esse padrão está associado aos fortes efeitos do fenômeno El Niño, que no sul do Brasil se manifesta de modo inverso. Houve grandes acumulados de chuva no primeiro semestre de 2024, quando notavelmente ocorreram as enchentes de maio de 2024″, explica Eduardo Vélez, da equipe do Pampa do MapBiomas.

O MapBiomas é iniciativa que envolve universidades, ONGs e empresas de tecnologia, focada em monitorar as transformações na cobertura e no uso da terra no Brasil, para buscar a conservação e o manejo sustentável dos recursos naturais, como forma de combate às mudanças climáticas.

O Bioma Pampa está restrito ao Rio Grande do Sul, onde ocupa uma área de aproximadamente 193.836 km², que corresponde a 69% do território estadual e a 2,3% do território brasileiro. As paisagens naturais do Pampa são variadas, de serras a planícies, de morros rupestres a coxilhas.

AUMENTO NA ÁREA TOTAL

Apesar da redução no Pampa, a área geral do Brasil registrou um aumento significativo, aponta o relatório. Com mais de 30,8 milhões de hectares queimados, um aumento de 79% em 2024. Três em cada quatro hectares queimados (73%) foram de vegetação nativa, principalmente em formações florestais, que totalizaram 25% da área queimada no país.

“Os impactos dessa devastação expõem a urgência de ações coordenadas e engajamento em todos os níveis para conter uma crise ambiental exacerbada por condições climáticas extremas, mas desencadeada pela ação humana como foi a do ano passado”, explica Ane Alencar, diretora de Ciências do IPAM e coordenadora do MapBiomas Fogo.

Já o bioma da Amazônia, onde as queimadas são frequentes, registrou novamente aumento. O fogo atingiu uma área de 17,9 milhões de hectares queimados ao longo de 2024, correspondendo a mais da metade (58%) de toda a área queimada no Brasil no ano passado. É a maior área queimada dos últimos seis anos no bioma.

“Vale destacar que o fogo na Amazônia não é um fenômeno natural e não faz parte de sua dinâmica ecológica, sendo um elemento introduzido por ações humanas”, comentou Felipe Martenexen, pesquisador da equipe do MapBiomas Fogo.

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