Pesquisadores monitoram passagem de raias em período de reprodução no litoral do estado de São Paulo. Durante o período de acasalamento, as raias-chitas são vistas com maior frequência na Ilha Anchieta, em Ubatuba, e também é o momento em que partos de filhotes ocorrem com mais regularidade.

Um projeto desenvolvido em Ubatuba, no Litoral Norte paulista, tem como foco monitorar uma espécie ameaçada de extinção: as raias-chitas. Denominado ‘Mergulhando na Conservação’, o projeto foi idealizado pela pesquisadora Thamíris Christina Karlovic de Abreu, doutora em Oceanografia, em parceria com o mestre em Oceanografia, Lucas Citele Cândido.

De acordo com Thamíris, a iniciativa surgiu da vontade de aproximar a ciência da sociedade, buscando tornar o conhecimento científico mais acessível ao público em geral. O projeto obteve financiamento da organização filantrópica “The Mohamed bin Zayed Species Conservation Fund”, o que possibilitou a aquisição de equipamentos, custeio de atividades e a participação de voluntários ao longo dos anos.

As raias-chitas são o principal foco de estudo do projeto, que observa a sua presença com mais frequência entre os meses de dezembro e março, período considerado de acasalamento. Durante essa fase, é comum avistar esses animais se aproximando das zonas costeiras para dar à luz e se reproduzir.

Além das raias-chitas, outras espécies de raias também são encontradas na região do Litoral Norte, como as raias-viola, raia-prego, entre outras. O projeto utiliza câmeras subaquáticas com iscas para observar e estudar o comportamento desses animais durante o período de reprodução.

As raias-chitas são consideradas bentopelágicas, nadando próximas ao fundo do oceano e se alimentando principalmente de organismos associados a esses fundos arenosos, como crustáceos, moluscos e ouriços. Esses animais desempenham um papel crucial na conservação da biodiversidade, atuando como importantes intermediários na cadeia alimentar marinha.

Segundo Thamíris, o declínio nas populações de raias poderia causar desequilíbrios significativos nas cadeias alimentares, afetando tanto níveis inferiores quanto superiores. Portanto, a pesquisa e monitoramento desses animais são essenciais para a preservação dos ecossistemas marinhos no litoral de São Paulo.