Monólogo ‘Momo’ faz temporada no SESC com entrada franca, em Belém
Criada pelo ator e pesquisador Alberto Silva Neto, a obra autobiográfica traz ao debate o tema dos conflitos familiares geracionais a partir da relação do pai e do avô. Apresentações serão sábado, 8, e domingo, 9.
Momo, uma obra autobiográfica do ator e pesquisador paraense Alberto Silva Neto, mergulha nos conflitos geracionais masculinos, partindo do contraste entre as naturezas conservadora do avô paterno e transgressora do pai. O monólogo será apresentado com entrada franca neste sábado (8) e domingo (9), no SESC Casa de Artes Cênicas, em Belém. A narrativa aborda o dilema entre presença e ausência, revelando a relação de amor e ódio do artista pela figura paterna.
A obra, criada em 2023 com acompanhamento psicopoético de Vlad Lima, pelas Clínicas do Sensível, se baseia em uma troca de cartas entre o pai de Alberto, Eduardo, e o avô, na década de 1960. Através dessas correspondências e de um texto escrito por ocasião da morte de seu pai em 2007, o artista se lança em uma profunda reflexão sobre sua ancestralidade masculina, revelando-se com sinceridade diante da plateia.
Entre gritos e sussurros, risos e lágrimas, Momo percorre um caminho cheio de obstáculos. Ao confrontar a vida e a morte de seu pai através das cartas e recortes, a obra nos leva a refletir sobre nossos próprios fantasmas. Alberto Silva Neto reforça que o verdadeiro teatro é um ato perigoso e terrível, que exige coragem para se expor e compartilhar confissões íntimas.
A peça incorpora trechos das cartas trocadas entre pai e filho na década de 1960, acrescentando fragmentos de autores como Fernando Pessoa, Carlos Drummond de Andrade, Clarice Lispector, Max Martins, Mário Faustino, T.S. Eliot, Nietzsche e Antonin Artaud. O título “Momo” é uma referência ao apelido de Artaud na infância, simbolizando a profundidade por trás das palavras incompreendidas.
Em uma encenação minimalista, Alberto Silva Neto busca uma atuação crua e sincera em “Momo”, sem excessos cênicos. O artista, reconhecido por seu trabalho no teatro paraense, convida o público a uma jornada de reflexão e autoconhecimento através de suas confissões em palco. A obra revela a trajetória de um dos artistas mais atuantes da região, que se destaca não apenas pela performance, mas também por sua contribuição à formação teatral local.
Além das apresentações de “Momo”, o projeto “Escambo” oferece uma oficina e uma mesa pública em Belém. A oficina “A carne da palavra”, no sábado (8), propõe experimentos cênicos individuais para atores e atrizes, enquanto a mesa “Pachiculimba, uma encenação contra-hegemônica”, no domingo (9), promove reflexões sobre o processo de criação teatral. O projeto visa ampliar o diálogo entre artistas e pesquisadores das artes cênicas em diferentes regiões do país, fortalecendo a produção cultural descentralizada.