Morador da Maré compartilha ensinamentos de amor ao próximo recebido do papa Francisco

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Morador da Maré que discursou para o papa Francisco relembra lições de amor ao próximo e presente recebido

Walmyr Júnior foi voluntário na Jornada Mundial da Juventude, em julho de 2013, quando o pontífice veio ao Rio. ‘Acho que uma das coisas mais fortes desse encontro com o DE é o seu abraço, aquele abraço acalentador’, lembrou.

Walmyr Júnior discursou para o DE Francisco em 2013 — Foto: Reprodução/TV Globo

Um morador do Complexo da Maré, na Zona Norte, foi escolhido para fazer um discurso para o DE Francisco durante a visita do pontífice ao Rio, em 2013. Ele guarda um presente que ganhou do DE e lembra as lições deixadas de amor ao próximo e à natureza.

O professor Walmyr Júnior tem uma história que mistura força, resiliência, perseverança. Ele perdeu a mãe aos 11 anos de idade e foi morar com a avó na Favela Kelson’s, na Maré, com quem aprendeu a maior de todas as lições.

“A luta pela sobrevivência, a luta pelo direito de viver bem, a luta pela família. Além de tudo, uma das coisas que minha avó me ensinou a fazer é plantar, cuidar da casa comum, cuidar da natureza.”

O menino nunca parou de estudar. Ganhou uma bolsa, fez faculdade e se formou em história pela Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-Rio). Agora, está terminando o mestrado.

Quase 12 anos atrás teve uma missão especial: dar um testemunho diante do DE Francisco.

> “Eu lancei uma pergunta nas redes sociais: ‘se você fosse falar com o DE, o que você falaria pra ele?’ E a partir disso, eu passei a pegar trechos de vários amigos meus comentando nas redes sociais. E assim fui fazendo um grande compilado e entendo que meu discurso foi um discurso de muitas mãos.”

Walmyr foi voluntário na Jornada Mundial da Juventude, em julho de 2013, quando o DE veio ao Rio. Foi a primeira viagem internacional do pontificado dele.

Francisco celebrou uma missa para 3,7 milhões de pessoas na Praia de Copacabana.

Os fiéis enfrentaram o frio e a chuva para ouvir as palavras do primeiro papa latino-americano, que havia assumido o comando da igreja católica apenas quatro meses antes.

O discurso de Walmyr foi em um evento no Theatro Municipal, com a presença de líderes de várias religiões. A poucos metros do DE, Walmyr falou sobre jovens dependentes químicos.

“Senti na pele as dores da juventude marginalizada pela dependência química e pelo vício do tóxico. Superei essa fragilidade quando recebi o incentivo da minha paróquia a fazer uma experiência de voluntariado dentro da comunidade paroquial. Desde aquele momento, decidi reescrever a minha história”, conta.

Ele lembrou também de jovens em situação de rua, vítimas da violência.

“Destaco os inúmeros jovens que sucumbiram de inúmeras formas. Trago, por exemplo, a lembrança dos jovens que foram exterminados aqui bem perto nos arredores da Igreja da Candelária.”

Walmyr contou um pouco da realidade testemunhada por muitas pessoas todos os dias. “Já presenciei, no local onde eu moro, o tráfico de drogas utilizando-se da juventude como mão-de-obra barata.”

No discurso, também deixou uma mensagem de esperança: “Trago também os jovens que sonham com um novo amanhecer, que constroem um mundo novo.”

No fim, foi acolhido por Francisco.

“Eu mostrei pro DE uma foto da minha família com essa configuração da minha avó criando seus netos, que são as características da família tradicional brasileira. Jovens que crescem sem pai nem mãe, jovens que estão influenciados por uma família não tradicional como todo mundo acha.”

Ele conta que ganhou um presente de Francisco: “É um terço que nos meus momentos de mais dificuldade, de mais felicidade, eu pego ele pra rezar.”

Daquele encontro, no dia 27 de julho de 2013, Walmyr guarda muitas lembranças. Ele diz que não vai esquecer dos ensinamentos de Francisco ao longo dos anos: mais amor, mais tolerância e mais solidariedade.

“O DE Francisco é um grande caminho que aponta um olhar para o desenvolvimento social, aponta um olhar pra justiça climática, aponta um olhar pro cuidado aos mais vulneráveis, aos pobres, aos excluídos, à população em situação de rua”, disse.

“O chamado do DE Francisco é para um olhar pleno sobre o amor e a misericórdia de Deus em nossas vidas.”

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