Moradores de comunidade destruída por incêndio em Ribeirão Preto, SP, pedem providências: ‘Me senti humilhada’
Chamas atingiram cerca de dez barracos e deixaram rastros de destruição pelo local, que fica no bairro Heitor Rigon, zona Norte da cidade. Ninguém ficou ferido.
Moradores de favela em Ribeirão Preto contabilizam prejuízos após incêndio
O prejuízo que o incêndio de terça-feira (9) deixou para moradores da comunidade do Heitor Rigon, em Ribeirão Preto (SP), ainda não foi completamente contabilizado, mas as 25 famílias que perderam as casas pedem providências da prefeitura, porque muitas delas perderam tudo que tinham e não têm nem onde ficar.
A aposentada Silvia Helena Marcelino não só viu o lugar onde vivia ser consumido pelas chamas, como também presenciou a morte do cachorro de estimação, que não conseguiu ser salvo.
> “Eu, quando vi, me senti humilhada. Nós precisamos de uma moradia digna. A
> gente pode pagar uma prestação, ter tudo de acordo, como a gente faz. Mas o
> antigo [prefeito] ou depois quem entra, quem sai, não teve resposta”.
À EPTV, afiliada da TV Globo, ela contou que, quando as chamas começaram, conseguiu salvar apenas o colchão e alguns documentos. O marido passou mal ao ver o cachorro morrer.
“Foi rápido. Na hora que o vento começou, [o fogo] já estava na metade do caminho. Foi tempo de eu tirar o principal, que foi meu colchão, os documentos, algumas coisinhas e não foi tudo. Já chegou nas costas do meu quarto e foi queimando. Não consegui salvar mais nada, porque aí o vento já derrubou. Meu cachorro morreu aqui. Meu marido passou mal, porque a estimação dele era o cachorro”.
A aposentada Silvia Helena Marcelino perdeu a casa e o cachorro em incêndio que atingiu comunidade em Ribeirão Preto, SP
Entre a terça-feira e esta quarta-feira (10), parte das famílias afetadas se abrigou em moradias de parentes na própria comunidade, mas que não foram atingidas. Outros dez moradores foram levados ao Centro Social Urbano (CSU) da Vila Virgínia.
O secretário de Assistência Social de Ribeirão Preto, Júlio Balieiro, disse que a prefeitura montou uma força-tarefa para ajudar as famílias com mantimentos e doações. O local continua aberto.
O autônomo Melqzidek da Silva Cruz disse que a periferia devia ser olhada com mais atenção. Ele estava almoçando quando o fogo começou e também foi uma das pessoas que perdeu tudo.
“Temos de batalhar, recolher e fazer. Estamos aqui porque precisamos, não estamos aqui porque a gente quer. Agora é batalhar e correr atrás. Vi bombeiro ontem asfixiado. Nós temos pessoas idosas, deficientes, crianças. Vi senhoras correndo com crianças no colo chorando. Vi pessoas juntando um monte de amigo pra carregar no colo e tirar daqui. A pessoa que está aqui é porque precisa. Vamos olhar um pouco para a periferia. O ato de uma pessoa, olha o que acontece. É feio, acaba com vidas”.
Segundo o secretário, as pessoas da comunidade vão receber mantimentos e todas as famílias devem ser inscritas em programas habitacionais de Ribeirão Preto.
A suspeita é de que o fogo que destruiu a comunidade tenha começado em uma vegetação que fica entre o local e a Rodovia Alexandre Balbo (SP-328), no Anel Viário Norte.
As chamas se alastraram rapidamente, por 500 metros às margens da pista e podem ter ganhado força por conta do vento. Entre o fim da manhã e o começo da tarde, a cidade registrou rajadas e a previsão para esta terça-feira era de que a ventania atingisse até 70 km/h.
Pelo menos seis viaturas e 20 bombeiros foram acionados para atender a ocorrência. Também foi necessária a presença da Polícia Militar, uma vez que, segundo o tenente Guilherme Zanardo, alguns moradores tentaram entrar nos barracos para pegar bens pessoais durante o incêndio.