Moradores de Paiol Grande de Baixo estão ilhados por muro em Camanducaia (MG)

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Moradores do bairro rural Paiol Grande de Baixo, em Camanducaia (MG), estão ilhados após a construção de um muro que bloqueou a única estrada de acesso da comunidade à área urbana do município. Desde a semana passada, quando a barreira de concreto foi erguida, famílias relatam dificuldades para levar mantimentos para casa, circular de carro e até enviar as crianças à escola. A imagem chama atenção: um muro atravessando o meio da estrada. Segundo os moradores, a estrutura foi construída por uma vizinha que não teria solicitado autorização para a obra.

“A gente foi surpreendido na segunda-feira de manhã cedo, quando começaram a cavucar a estrada. Eu perguntei pro pedreiro o que estavam fazendo e ele disse que iam fechar. Falei: ‘Mas vai fechar a estrada da gente?’ E ele respondeu: ‘Tô fechando porque mandaram fechar’”, contou o aposentado Francinaldo Bandeira de Sales. De acordo com os moradores, o bloqueio afetou diretamente a rotina da comunidade. A dona de casa Maria Teresa Guilherme de Paula, que vive com a filha e dois netos, diz que a família já enfrenta dificuldades para conseguir alimentos.

Sem a estrada, a única forma de deslocamento é a pé. Para isso, os moradores precisam cruzar chácaras vizinhas, caminhando pelo mato e passando por cercas. O bairro é formado por um loteamento de chácaras. Segundo os moradores, a mulher que ergueu o muro é dona de dois terrenos separados pela estrada, agora bloqueada. Em 2018, após conflitos com vizinhos, o caso foi parar na Justiça.

Na época, o juiz determinou que a via permanecesse aberta e proibiu qualquer bloqueio. No entanto, recentemente, a proprietária entrou com um embargo e uma juíza substituta autorizou o cercamento e fechamento total da propriedade. A mulher chegou a colocar uma placa no local, justificando a construção, mas os moradores afirmam que a informação não condiz com a decisão judicial.

Indignados, os moradores registraram um boletim de ocorrência e acionaram um advogado. A Justiça, no entanto, entendeu que o caso deveria ser tratado no processo original de 2018. A defesa da comunidade recorreu da decisão. “Está na mesa do desembargador para que ele decida em relação aos nossos pedidos. Mas, como é um caso urgente, com famílias ilhadas e crianças sem ir à escola, precisamos de rapidez”, disse o advogado Eduardo Henrique Amaral.

Ao todo, 15 famílias foram afetadas. Segundo os moradores, há pessoas idosas e animais sem acesso a cuidados e alimentação. “Imagina você ficar com sua família presa do outro lado, com idoso de 98 anos, com marcapasso. Se ele passa mal, como é que faz?”, questionou o aposentado Gilberto de Souza Cunha. “Vim pra cá pra descansar, é um lugar maravilhoso, mas infelizmente estamos passando por essa situação difícil. Eu peço socorro às autoridades”, desabafou Francinaldo.

A produção entrou em contato com o Ministério Público, que informou ter solicitado ao prefeito de Camanducaia o envio de equipes ao local para verificar a situação. A Prefeitura de Camanducaia também foi procurada, mas ainda não respondeu. O Tribunal de Justiça de Minas Gerais informou que o processo está em tramitação e que não é possível prever a data do julgamento. A proprietária e o advogado dela também foram contatados, mas não retornaram até a última atualização desta reportagem.

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