Moradores resistem à reintegração de posse em Guarulhos: 70 famílias desalojadas

Moradores protestam contra reintegração de posse em Guarulhos, na Grande SP; cerca de 70 famílias são retiradas

O terreno alvo da reintegração de posse em Guarulhos, na Grande São Paulo, pertence à concessionária GRU Airport, responsável pelo Aeroporto Internacional de São Paulo. A decisão judicial destaca a exposição da comunidade a riscos relacionados ao funcionamento do empreendimento.

Moradores da comunidade Malvinas, em Guarulhos, passaram a manhã desta terça-feira (26) protestando contra a reintegração de posse do terreno onde vivem há anos, localizado a menos de 3 km do Aeroporto Internacional de São Paulo.

A ação foi autorizada pela Justiça a pedido da concessionária DE Airport, proprietária do terreno, e já se arrasta há cerca de quatro anos. A decisão judicial menciona que a comunidade ocupante do terreno está sujeita a potenciais perigos decorrentes das atividades realizadas no aeroporto. Pelo menos 70 famílias, de um total de mil residentes no local, foram obrigadas a deixar suas casas.

Durante a manhã, a Polícia Militar cercou a região e os moradores chegaram a realizar protestos incendiando objetos no terreno. As famílias afirmaram ter sido informadas sobre o processo de reintegração apenas duas semanas atrás e não conseguiram encontrar um novo local para residir.

A diarista Maria de Oliveira, que vive no local há cerca de um ano, revelou sua angústia diante da situação: “Eu não sei pra onde eu vou, não tenho dinheiro pro aluguel, não tenho pra onde ir. Tô aqui chocada… eu fiz essa casa com sufoco, o dinheirinho que eu tinha, empreguei aqui. Aí vendo minha casa toda no chão, isso aqui é muito triste”.

A concessionária DE Airport declarou que está oferecendo assistência para garantir o transporte das famílias afetadas e armazenar seus pertences. A empresa ressaltou que a responsabilidade de cadastrar os moradores para receber o aluguel social é da Prefeitura de Guarulhos.

Por outro lado, a administração municipal afirmou não possuir responsabilidade direta sobre o processo de reintegração, porém está colaborando com o Governo Federal e o Ministério Público para auxiliar as famílias afetadas. A situação permanece delicada e exige medidas efetivas para garantir o amparo adequado aos moradores desalojados.

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Ex-prefeito de Bariri é preso na Operação Prenunciado: fraudes em processos licitatórios em destaque

O ex-prefeito de Bariri (SP), Abelardo Mauricio Martins Simões Filho (MDB), foi preso em flagrante durante a terceira fase da Operação Prenunciado, realizada pelo Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco) e pela Polícia Militar. A ação ocorreu na quarta-feira (18) e teve desdobramentos surpreendentes, com a descoberta de munições de uso restrito na residência do político. Segundo a defesa, as munições eram itens de colecionador pertencentes ao pai do ex-prefeito, o que resultou em sua liberação após a audiência de custódia. A Operação Prenunciado foi iniciada em 2023 com o objetivo de investigar possíveis fraudes em processos licitatórios na Prefeitura de Bariri.

Além da prisão em flagrante do ex-prefeito, um mandado de prisão temporária foi cumprido em Limeira (SP), uma cidade onde uma empresa ligada às fraudes tinha sede, relacionada a outro suspeito envolvido nas investigações. Em um desdobramento anterior, cinco pessoas foram condenadas pela 2ª Vara Judicial de Bariri em relação às fraudes, recebendo penas variadas entre 10 e 22 anos de prisão, em regime inicial fechado, e a obrigação de pagar mais de R$5 milhões em indenizações por danos materiais e morais coletivos à sociedade.

Os crimes atribuídos aos envolvidos na fraude incluem organização criminosa, frustração do caráter competitivo de licitações, fraudes contratuais, coação e roubo, entre outros. A atuação criminosa contava com o envolvimento de policiais militares, que utilizavam violência e ameaças contra possíveis denunciantes do esquema ou concorrentes em licitações, além do desvio de valores de contratos para o pagamento de propinas. O ex-prefeito Abelardo, suspeito de envolvimento no esquema, já havia sido cassado do cargo em novembro do ano passado.

A Operação Prenunciado demonstra a importância das ações do Gaeco no combate à corrupção e à criminalidade em esferas públicas, buscando garantir a transparência e a lisura nos processos licitatórios e administrativos das prefeituras. A prisão do ex-prefeito de Bariri levanta questionamentos sobre a eficácia das medidas de controle e fiscalização, assim como sobre a necessidade de uma maior integridade e ética na gestão pública, visando o bem-estar da população e o correto uso dos recursos públicos. A atuação conjunta e incisiva do Gaeco e das autoridades policiais na investigação e no combate a essas práticas ilícitas é fundamental para promover a justiça e a probidade na administração pública.

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