Moradores temem novas interdições em ponte

Apesar de tráfego liberado em ponte sobre o Ribeirão Anicuns, população da região relata reincidência de problemas na estrutura

A chuva voltou a cair com freqüência em Goiânia e trouxe à tona velhos problemas da capital. A ponte sobre o Ribeirão Anicuns, na Avenida Marechal Rondon, na Vila Perdiz, precisou ser interditada pela segunda vez em quatro dias neste domingo (5). O bloqueio se deu, de acordo com a Defesa Civil, por conta de um afundamento do piso asfáltico.

A ponte havia recebido obras na quinta-feira (1) para reparar uma erosão na cabeceira. Moradores do local relataram que esta não foi a primeira vez que a estrutura apresentou problemas. O empresário Ulisses de Sousa é proprietário de uma loja de venda de automóveis ao lado do Ribeirão Anicuns. Segundo ele, equipes da Prefeitura já fizeram várias intervenções no local.

“Fizeram obras há cerca de um ano para resolver o problema. O trabalho não foi adequado e houve um afundamento da cabeceira da ponte (na quinta-feira). Fizeram uma nova execução. Mas com a chuva de domingo, 5, alagou tudo e afundou  novamente (o asfalto)”, relatou.

A moradora Geralda Fraga contou que, além do risco de desabamento da ponte, a população enfrenta outros problemas. “Há alagamentos freqüentes nas casas. Temos problemas com a rede de esgoto, que não suporta os mananciais. Aqui na vila, se chover, ninguém passa. É perigoso, porque transborda. Vira um mar. Todo mundo fica com medo”, reclamou a comerciante.

Os transtornos causados pela cheia do rio obrigaram Geralda a adaptar a residência. Tive que fazer manilhas para diminuir o fluxo da água para o rio. Quando vem enchente, roda tudo”, explicou.

Acidentes

A Avenida Marechal Rondon tem tráfego intenso durante o dia e os buracos na cabeceira da ponte se tornaram armadilhas para os motoristas. Os residentes da Vila Perdiz relataram que na última semana houve um acidente causado pelo mau estado da estrutura. “Uma moto caiu aqui. Outro carro bateu e perdeu a calota. À noite, ouvimos muitos barulhos de derrapagens de pneus”, disse um morador.

Embora equipes da Defesa Civil monitorem a ponte, a população não confia na segurança das obras realizadas pela Seinfra nos últimos dias. “Foi somente paliativo. Com o decorrer das chuvas, teremos esses problemas novamente”, afirmou Ulisses de Sousa. “Ninguém resolve as coisas a fundo. Só pela metade”, criticou Geralda Fraga.

A Defesa Civil monitora a situação da estrutura e informou ao Diário do Estado que não há risco de desabamento. Segundo o coordenador Francisco do Carmo Vieira, a Secretaria de Infraestrutura e Serviços Públicos de Goiânia (Seinfra) vai enviar equipes ao local nesta segunda-feira (6) para avaliar e efetuar as obras definitivas. A reportagem tentou contato com a Seinfra, mas não foi atendida até a publicação desta matéria.

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BYD cancela contrato com empreiteira após polêmica por trabalho escravo

Na noite de segunda-feira, 23, a filial brasileira da montadora BYD anunciou a rescisão do contrato com a empresa terceirizada Jinjiang Construction Brazil Ltda., responsável pela construção da fábrica de carros elétricos em Camaçari, na Bahia. A decisão veio após o resgate de 163 operários chineses que trabalhavam em condições análogas à escravidão.

As obras, que incluem a construção da maior fábrica de carros elétricos da BYD fora da Ásia, foram parcialmente suspensas por determinação do Ministério Público do Trabalho (MPT) da Bahia. Desde novembro, o MPT, juntamente com outras agências governamentais, realizou verificações que identificaram as graves irregularidades na empresa terceirizada Jinjiang.

Força-tarefa

Uma força-tarefa composta pelo MPT, Ministério do Trabalho e Emprego (MTE), Defensoria Pública da União (DPU) e Polícia Rodoviária Federal (PRF), além do Ministério Público Federal (MPF) e Polícia Federal (PF), resgatou os 163 trabalhadores e interditou os trechos da obra sob responsabilidade da Jinjiang.

A BYD Auto do Brasil afirmou que “não tolera o desrespeito à dignidade humana” e transferiu os 163 trabalhadores para hotéis da região. A empresa reiterou seu compromisso com o cumprimento integral da legislação brasileira, especialmente no que se refere à proteção dos direitos dos trabalhadores.

Uma audiência foi marcada para esta quinta-feira, 26, para que a BYD e a Jinjiang apresentem as providências necessárias à garantia das condições mínimas de alojamento e negociem as condições para a regularização geral do que já foi detectado.

O Ministério das Relações Exteriores da China afirmou que sua embaixada e consulados no Brasil estão em contato com as autoridades brasileiras para verificar a situação e administrá-la da maneira adequada. A porta-voz da diplomacia chinesa, Mao Ning, em Pequim, destacou que o governo chinês sempre deu a maior importância à proteção dos direitos legítimos e aos interesses dos trabalhadores, pedindo às empresas chinesas que cumpram a lei e as normas.

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