‘Morango do Amor: Alerta de Dentistas de Santos sobre Fraturas Dentárias’

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‘Morango do Amor’ causa fraturas dentárias e dentistas alertam: ‘Bomba de
açúcar’

Profissionais de Santos (SP) revelam atendimentos a pacientes que sofreram
fraturas após comerem o doce ‘viral’.

Dentista relatou atendimentos após consumo do ‘morango do amor’ em Santos
(SP) — Foto: Alexandra Areco e Maíra Tozzi Cardinali dos Santos/Arquivo pessoal

A cirurgiã-dentista Alexandra Areco afirma ter atendido sete pacientes que
sofreram fraturas em restaurações e próteses após comerem o ‘morango do amor’,
doce que viralizou nas redes sociais. Ao DE, especialistas explicaram os riscos
do alimento à saúde bucal, que recebeu alerta do Conselho Federal de Odontologia
(CFO).

A profissional de Santos, no litoral de São Paulo, contou que, até esta quarta-feira (30), os pacientes
procuraram o consultório no bairro do Gonzaga por casos relacionados a fraturas
de restaurações, coroas protéticas e próteses totais (dentadura).

Ela destacou que a faixa etária dos pacientes foi variada, de crianças a idosos.
Dos clientes atendidos, estavam desde os que costumam fazer revisões periódicas
até os que procuram a profissional em situações emergenciais.

O motivo das fraturas, ainda de acordo com a cirurgiã-dentista, foi a crosta de
açúcar caramelizada que reveste o doce. Ela destacou, porém, que esse não é o
único risco que o ‘morango do amor’ representa à saúde bucal.

> “O esmalte dentário é o tecido mais duro do corpo humano. É composto por cerca
> de 96% de minerais, mas mesmo assim, não é indestrutível”, disse Alexandra.

Ela acrescentou que, devido ao alto teor de açúcar, o consumo frequente do doce
pode levar à progressão de cáries e infiltrações. “Por isso a importância de
visitas periódicas e preventivas ao dentista”.

O mesmo foi defendido pelo cirurgião-dentista Bruno Matias, também de Santos
(SP). Ele pontuou que, para manter a boca saudável, o ideal é realizar a
higienização cerca de 15 minutos após o consumo do doce, que deve ocorrer
preferencialmente após uma refeição.

Isso porque, segundo ele, esse espaço de tempo facilita com que os fluídos
bucais “amoleçam” a crosta de açúcar que acaba grudando nos dentes, fazendo com
que a limpeza se torne mais eficiente.

O consumo desacompanhado de uma refeição, ainda de acordo com o profissional,
contribui para que o paciente fique por um período de tempo maior sem escovar os
dentes, o que pode colaborar para uma boca mais ácida.

> “Essa bomba de açúcar facilita a boca a ficar mais ácida, porque a bactéria
> que tem na boca, que dá a cárie, se alimenta desse açúcar. E essa bactéria
> gera um ácido que deixa a boca mais ácida, o que fragiliza o esmalte. Ou seja,
> há mais chances de ter uma cárie”, disse Matias.

Nos casos em que os pacientes não tenham a possibilidade de escovar os dentes
após o consumo, ele recomendou a ingestão de água para neutralizar a acidez.
“Não é o que vai salvar, mas é o mínimo para a gente poder neutralizar”.

Dicas para consumir o ‘morango do amor’:

* Evitar morder diretamente a casquinha do caramelo com muita força,
principalmente sobre dentes que já possuam um histórico de restaurações;
* Cortar com a faca antes de morder;
* Mastigar com cautela;
* Escolher um morango sem a casca endurecida;
* Mastigar com os molares, que são mais fortes e resistentes;
* Higienizar imediatamente e adequadamente após o consumo, com escovação e uso
de fio dental, para remover o açúcar que gruda com facilidade nos dentes.

MAÇÃ X MORANGO ‘DO AMOR’

Maça do Amor e Morango do Amor — Foto: Bruna Couto/g1 e Paula
Virgínia/Arquivo pessoal

O especialista pontuou que, por ter uma camada a mais de doce, o ‘morango do
amor’ é considerado mais prejudicial à saúde bucal do que a ‘maçã do amor’, doce
que inspirou a guloseima viral, que possui apenas o revestimento caramelizado.

Alexandra destacou que “todo e qualquer alimento que possua um alto teor de
açúcar e consistência dura, aumenta o risco de intercorrências clínicas
odontológicas, principalmente quando associado a uma má higienização e falta de
assiduidade às consultas preventivas ao dentista”.

Eles ressaltam que, em nenhum cenário, o consumo do doce precisa ser evitado.
“Todos têm o direito de experimentar o doce. Porém, aconselho que pacientes que
possuam restaurações extensas, aparelhos ortodônticos e próteses, tenham cuidado
redobrado”, afirmou Alexandra.

Os especialistas ainda pontuam que, devido à ‘viralização’ do doce, os dentistas
têm papel crucial na orientação dos pacientes em relação às tendências
alimentares e os impactos na saúde bucal.

> “Sentiu alguma sensibilidade? Sentiu alguma dor ou alguma coisa estranha?
> Procure o dentista. E assim: comeu? Escove os dentes”, disse ele.

ALERTA DO CFO

Morango do Amor vira febre nas redes sociais — Foto: Arquivo Pessoal

O Conselho Federal de Odontologia (CFO) divulgou um comunicado alertando sobre
os riscos associados ao consumo de ‘morango do amor’. Segundo o órgão, o doce
pode ser “perigoso” a quem usa aparelhos ortodônticos e próteses dentárias.

A guloseima é feita com morango coberto por brigadeiro branco e uma camada de
caramelo duro. O problema, segundo o CFO, está justamente na crosta de açúcar
que reveste a fruta.

Segundo o CFO, há relatos de pacientes que perderam dentaduras, tiveram
contenções arrancadas ou sofreram fraturas em dentes restaurados ao morder a
casquinha.

Vídeos publicados nas redes sociais mostram situações em que o doce danificou
lentes de contato dentais ou deixou próteses grudadas, exigindo atendimento de
urgência. O conselho destacou que, além de provocar possíveis lesões na boca, o
caramelo também representa um risco para quem tem dispositivos ortodônticos
fixos ou removíveis, podendo causar danos irreversíveis.

O excesso de açúcar da receita também é motivo de atenção. Segundo o CFO, a alta
concentração de açúcares e carboidratos pode contribuir para o aparecimento de
cáries, especialmente se a higienização não for feita de forma adequada logo
após o consumo.

A orientação final do CFO é que pessoas com facetas, próteses e aparelhos
ortodônticos evitem sobremesas duras ou pegajosas.

“Dependendo do acidente, é possível haver danos irreversíveis aos dispositivos,
que podem ser arrancados da boca por ficarem grudados”, disse o CFO, em nota.
Nestes casos, o ideal é buscar uma versão alternativa do doce — sem caramelo —
para preservar a saúde bucal.

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