‘Morango do Amor’: Corrida por Frutas Antecipa Safra em Polo Produtor do Sul de Minas

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Febre do ‘morango do amor’ antecipa corrida pela fruta no maior polo produtor do Brasil

Com safra ainda no início, produtores do Sul de Minas registram alta na demanda
e nos preços após tendência viralizar nas redes sociais.

Febre do morango do amor tem explicação? Veja o que dizem especialistas

A internet escolheu o “morango do amor” como a sobremesa do momento. Feita com morango fresco, brigadeiro de leite em pó e calda de açúcar crocante, a combinação invadiu vídeos, receitas e docerias. Mas o sucesso chegou antes do que o esperado nas lavouras, especialmente no Sul de Minas Gerais, maior polo produtor da fruta no Brasil.

A alta demanda veio em um momento de baixa, já que por enquanto a safra ainda está no início e a oferta é limitada. Resultado? Os preços dispararam e o morango, que antes era figurinha fácil nas feiras e quitandas, agora anda mais disputado do que nunca.

> “Tá todo mundo atrás de morango graúdo. O pequeno ninguém quer. Não dá pra fazer o doce com ele”, conta o produtor Bruno Henrique Pereira Gomes, de Estiva (MG), cidade conhecida como a “Terra do Morango”.

Morangos graúdos, firmes e visualmente bonitos são o padrão exigido para
o “morango do amor” — Foto: Arquivo pessoal/Joelma Ribeiro de Moraes

A tendência impactou desde pequenos agricultores até o Ceasa-MG, onde o quilo da fruta chegou a R$ 23,33 nesta semana.

Segundo a Emater-MG, o valor médio de uma caixa com 1,2 kg de morango nesta época do ano giraria em torno de R$ 25. Com o aumento dos pedidos, já chega a R$ 35 nas mãos de produtores.

“O morango comum, com quatro cumbucas, estava a R$ 18. Agora foi para R$ 26 a R$ 28. O especial subiu de R$ 26 para R$ 35”, comenta Joelma Ribeiro de Moraes, produtora em Pouso Alegre (MG).

Os valores chamam atenção. Em alguns locais, o quilo do morango maior – com peso entre 30g e 50g – já está sendo vendido por até R$ 50, conforme o produtor de Estiva (MG).

> “O mercado tá mais exigente. Tem que colher direitinho, embalar bonito. Não dá pra fazer serviço de qualquer jeito. Tem que ser caprichado”, disse Bruno.

COLHEITA EM TRANSIÇÃO

Apesar do crescimento na demanda, oferta de morango ainda é baixa devido à transição entre floradas — Foto: Arquivo pessoal/Joelma Ribeiro de Moraes

Na propriedade da Joelma Ribeiro de Moraes, em Pouso Alegre (MG), os efeitos do “morango do amor” também chegaram com força. Junto com a valorização, veio o alerta de que a produção ainda está em fase de transição.

O auge da colheita do morango ocorre entre agosto e setembro, quando os frutos atingem seu melhor desenvolvimento em sabor, cor e qualidade. Atualmente, muitas lavouras estão entre floradas. A primeira já passou e a segunda, mais produtiva, ainda está se formando. É uma fase de menor rendimento, justamente quando a demanda explodiu.

> “Pra gente, produtor, é ótimo. Mas pro consumidor final, pesa no bolso”, diz Joelma, que cultiva cerca de 20 mil pés com a família, em regime de agricultura familiar.

Apesar do bom momento no mercado, nesta semana uma chuva de granizo atingiu diversas lavouras no Sul de Minas. A propriedade de Joelma escapou, mas vizinhos não tiveram a mesma sorte.

“Graças a Deus, aqui não tivemos perdas. Mas em várias lavouras da região o granizo pegou em cheio. Pode complicar ainda mais”, alerta.

Com a procura em alta, produtores precisaram redobrar o cuidado na colheita e na montagem das embalagens de morango — Foto: Arquivo pessoal/Joelma Ribeiro de Moraes

POR QUE O SUL DE MINAS PRODUZ OS MELHORES MORANGOS?

A combinação de clima ameno, solo fértil, altitude elevada e mão de obra especializada faz do Sul de Minas um território fértil para morangos de qualidade.

Cidades como Pouso Alegre, Estiva e Espírito Santo do Dourado concentram propriedades familiares com produção intensiva e tecnologia agrícola.

Em Pouso Alegre, por exemplo, 70% das áreas cultivadas são de pequenos produtores e a cadeia produtiva do morango movimenta cerca de 15 mil empregos diretos.

Já em Estiva, são mais de 1,8 mil produtores de morango, além dos pesquisadores que estudam e planejam diversas variedades da fruta.

Por fim, em Espírito Santo do Dourado, há cerca de 1 milhão de pés de morango espalhados por 500 hectares, sendo que 80% da força de trabalho vem de outras regiões do Brasil.

Além do preço, exigência do mercado aumentou com a repercussão do “morango do amor” nas redes sociais — Foto: Arquivo pessoal/Joelma Ribeiro de Moraes

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