Mosquitos com bactéria que impede a proliferação de vírus da dengue, da zika e da chikungunya devem ser soltos em Goiás
Segundo a assessoria de Luziânia, a precisão é que a soltura aconteça na primeira quinzena de agosto. A subsecretária da Secretaria Estadual de Saúde ressalta que as medidas de eliminação de focos de dengue e outras ações continuarão em execução.
Chikungunya, doença causada pelo mosquito Aedes aegypti, causa a quarta morte em Tupã — Foto: Banco de Dados/Reprodução
A Secretaria Estadual de Saúde (SES) anunciou a implantação do método Wolbachia nos municípios de Valparaíso de Goiás e Luziânia, no Entorno do Distrito Federal. Segundo o órgão, a estratégia consiste na soltura de mosquitos com uma bactéria que impede a proliferação de vírus da dengue, da zika e da chikungunya (entenda como funciona abaixo).
De acordo com a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), o método utiliza “mosquitos desinfetantes”. Em 2022, a agência concedeu autorização excepcional para a implementação do método no Brasil por meio da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz).
A empresa Wolbito do Brasil explica que os mosquitos utilizados no método são chamados de Wolbitos. Os insetos são nada mais do que mosquitos Aedes aegypti com a bactéria Wolbachia, que impede o desenvolvimento dos vírus das arboviroses no organismo dos insetos e, consequentemente, a sua proliferação.
Segundo a SES, Goiás já notificou 123.218 casos de dengue em 2025, dos quais 72.331 foram confirmados. Além disso, o estado tem 53 mortes confirmadas e 79 em investigação. Segundo Flúvia Amorim, subsecretária de Vigilância em Saúde da SES/GO, a expectativa é que alguns impactos sejam observados na primeira sazonalidade.
De acordo com informações da secretaria, a estratégia será adotada nos municípios de Luziânia e Valparaíso de Goiás a partir do segundo semestre. Sobre a escolha das cidades, a subsecretária explica que questões epidemiológicas e de proximidade com o polo de produção foram avaliadas.
O método Wolbachia foi implementado no Brasil de forma experimental pela primeira vez em 2015, de acordo com o Ministério da Saúde. A empresa responsável pela aplicação explica que o método é seguro, natural e não envolve modificação genética. Segundo a Wolbito Brasil, a bactéria Wolbachia está presente naturalmente em 60% dos insetos do planeta.
A secretária Flúvia Amorim ainda ressalta que o uso de fêmeas infectadas é importante para garantir que esses mosquitos sejam contaminados durante a cópula. “A fêmea infectada deposita ovos infectados e começa a sua reprodução, assim um vai contaminando o outro e aumentando a contaminação dos mosquitos locais”, explica.
O método é aplicado em seis etapas: planejamento da operação, criação dos mosquitos, campanhas de conscientização sobre o método, liberação dos Wolbitos no município, monitoramento do estabelecimento da Wolbachia na localidade e análise epidemiológica para verificação dos números pós-liberação.
A Wolbito do Brasil destaca ainda que os mosquitos não são modificados geneticamente, que o método é autossustentável e que não traz risco à população ou ao meio ambiente.