Mostra da artista Miriam Inez da Silva em Goiânia termina no dia 15 de junho

Mostra da artista Miriam Inez da Silva em Goiânia termina no dia 15 de junho

Estes são os últimos dias para aproveitar a exposição individual da artista trindadense Miriam Inez da Silva em Goiânia. Aberta ao público desde o dia 27 de abril na Cerrado Galeria, a mostra inédita na capital goiana se encerra no dia 15 de junho. A exibição resgata o legado de Miriam, destaque na arte contemporânea mundial, cujas referências artísticas estão totalmente conectadas com a cultura goiana.

De acordo com a diretora da Cerrado Galeria em Goiânia, Júlia Mazzutti, a exposição tem sido muito bem recebida pelo público, que se encantou com as temáticas da pintura da artista que remetem ao imaginário da cultura local. “As festas religiosas, os ícones pop da TV e da música e os festejos tradicionais são retratados com uma dose de fantasia e cor que deixam as obras ainda mais cativantes”, afirma.

No final de maio, a galeria recebeu também a visita ilustre da filha de Miriam, Sofia Cerqueira, que veio do Rio de Janeiro, onde reside, especialmente para prestigiar a exposição e revisitar Goiânia e Trindade. Inclusive, segundo Mazzutti, houve uma percepção de toda a equipe da Cerrado Galeria de que o grupo de obras “Memórias de Trindade” chamou bastante atenção dos visitantes, justamente pela proximidade do público goiano com o município trindadense e o imaginário do Divino Pai Eterno.

“São xilogravuras em que a arquitetura vernacular, a narrativa dos ex-votos pictóricos, a linguagem sertaneja e a marcação do tempo pela festa de romaria emergem da profundeza da memória da artista”, descreve. A diretora menciona ainda o conjunto “A vida é festa”, que se destacou pela representação da alegria dos bailes, grupos musicais, instrumentos e danças retratados.

Obras e visitação

Com curadoria de Divino Sobral e intitulada “Miriam Inez da Silva: A Sala dos Milagres e As Crônicas Fabulosas da Alegria”, a exposição traz cerca de 80 obras, divididas em cinco grupos temáticos. Além de “Memórias de Trindade” e “A vida é festa”, já mencionados, há também os temas “Estórias de amor”, “A poética do voo” e “O show tem que continuar”. Sobral confirma que a cor tem um papel simbólico na obra de Miriam Inez, “que transita entre a crônica e a fabulação, o real e o imaginário, o cotidiano e o fantástico, criando um universo particular marcado pela liberdade, pelo desejo de transgressão e pelo desbunde”.

A Cerrado Galeria, localizada na Rua 84, do Setor Sul, estará de portas abertas para receber todos que desejam prestigiar os últimos dias da mostra, de segunda à sexta-feira, entre 10 e 19 horas, e aos sábados, entre 10 e 13 horas. A diretora da galeria em Goiânia tranquiliza aqueles que, porventura, não puderem comparecer nestes dias, pois “cerca de 20 obras de Miriam Inez da Silva serão mantidas no acervo da Cerrado e, ocasionalmente, serão expostas”, informa.

Júlia Mazzutti reitera que o desejo da Cerrado era despertar o público para a relevância de Miriam Inez em Goiás. “A artista representou nossas crenças e costumes de forma irreverente, alegre e crítica, honrando suas raízes com temas e formas de expressão até então pouco incorporadas na arte. O nome de Miriam Inez da Silva é fundamental para a compreensão e o avanço do debate travado no seio da arte brasileira sobre as tensas relações mantidas entre as produções erudita e popular”, explica.

Sobre Miriam Inez da Silva

Nascida no ano de 1937, em Trindade (GO), um dos locais mais importantes de peregrinação religiosa do Brasil, a formação artística de Miriam Inez foi realizada em Goiânia e no Rio de Janeiro, cidade onde construiu sua carreira e viveu até o fim da vida, em 1996. Ao longo de cinco décadas de trabalho, elaborou uma obra complexa e original em xilogravura e pintura, geralmente estruturadas em pequeno formato, em madeira e com suas molduras coloridas características.

A artista começou seus estudos formais na Escola Goiana de Belas Artes (EGBA). No início da década de 1960, foi aluna de cursos livres ministrados por Ivan Serpa no Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro (MAM-Rio). Entre as exposições mais relevantes de sua trajetória, conta-se a participação em duas edições da Bienal de Arte de São Paulo (7ª, em 1963, e 9ª, em 1967), exposições em que apresentou suas xilogravuras.

Além disso, fez mostras na Jovem Gravura Nacional, organizada por Walter Zanini no Museu de Arte Contemporânea da Universidade de São Paulo (MAC-USP), na Bienal da Bahia (1966 e 1968) e na Bienal de Gravura de Santiago do Chile (1969). Ao longo da década de 1970, Miriam expôs continuamente dentro e fora do país, participando de mostras na Inglaterra, França, Itália, Iugoslávia, Marrocos e Canadá.

Sobre a Cerrado Galeria

Fundada pelos empresários Lucio Albuquerque, Antônio Almeida e Carlos Dale em 2023, a Cerrado Galeria tem como intuito refletir o mundo a partir do Centro-Oeste do Brasil. Sua criação une mais de 30 anos de experiência e tem o objetivo de impulsionar a expansão da arte no território brasileiro, promovendo o cenário artístico regional. Assim como homenageia em seu nome o bioma da região onde está, a galeria destaca questões que envolvem ecologia, processos históricos e sociedade, evidenciando diversas manifestações culturais.

Para isso, a galeria promove mostras individuais e coletivas, conversas públicas, ações educativas e outras atividades voltadas ao desenvolvimento da produção e do mercado de arte na região, assim como sua circulação e presença no Brasil e no mundo. Em Goiânia, a Cerrado Galeria ocupa a casa modernista projetada por David Libeskind na Rua 84, no Setor Sul, conservando azulejos originais que são um marco da arquitetura goiana. Já em Brasília, há uma unidade no Lago Sul, mesma região que receberá, em breve, um novo espaço da Cerrado Galeria.

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Vila Cora Coralina abre mostra africana no Dia da Consciência Negra

A Vila Cultural Cora Coralina, unidade da Secretaria de Estado da Cultura (Secult), vai receber a exposição Arte Africana: Máscaras e Esculturas, uma das primeiras do gênero em Goiânia. A mostra será inaugurada no Dia Nacional da Consciência Negra, quarta-feira, 20, às 19 horas.

Evento é aberto ao público.

A exposição é composta de 416 peças da Coleção África, que reúne máscaras, estatuetas e outros objetos de uso cotidiano e ritualístico, com curadoria assinada por Marisa Moreira Salles, Tomas Alvim, Renato Araújo e Danilo Garcia. É uma exposição representativa da arte tradicional africana, incluindo esculturas e conjuntos especiais, como:

  • talheres,
  • pentes,
  • polias,
  • mama watas (figura lendária da mitologia africana ocidental),
  • bronzes,
  • adornos,
  • peças ritualísticas,
  • apoios de nuca
  • e tecidos.

As máscaras são portais de cultura ancestral, simbolizando segredos e espíritos do continente africano. As esculturas também são marcadas por significados de rituais. Além disso, utensílios domésticos, instrumentos musicais e bancos de sentar formam um grande mosaico da vida e crenças do continente africano.

Dia Nacional da Consciência Negra

Para a secretária de Estado da Cultura, Yara Nunes, a exposição “Arte Africana: Máscaras e Esculturas” não poderia acontecer em um momento mais simbólico e significativo como a abertura no Dia da Consciência Negra.

“Este é um dia de reflexão, celebração e reconhecimento das contribuições inestimáveis dos povos africanos à nossa cultura e identidade. Abrir essa exposição neste dia nos conecta profundamente às nossas raízes e nos lembra da beleza, diversidade e riqueza da arte africana”, destaca.

Coordenador da Vila Cultural, o curador Gilmar Camilo explica que a montagem da mostra foi “desafiadora”, pela quantidade de peças, detalhes e cuidados envolvidos.

“E também profundamente instigante, pelo volume de obras e significativa contribuição cultural que essa exposição representa para o Estado de Goiás e o público visitante”, completa Gilmar.

Vila Cora Coralina abre mostra africana no Dia da Consciência Negra
Mostra seguirá aberta à visitação até 6 de abril de 2025 (Fotos: Secult-GO)

Arte Africana: Máscaras e Esculturas

Arte Africana: Máscaras e Esculturas começou a ser montada no dia 1º de novembro e envolve o trabalho de 10 pessoas entre servidores da Vila Cultural Cora Coralina e equipe do coletivo cultural Bëi, sob coordenação do curador Danilo Garcia e supervisão de Gilmar Camilo.

A visitação Arte Africana: Máscaras e Esculturas estará disponível até 6 de abril de 2025. A Vila Cultural Cora Coralina funciona de segunda-feira a domingo, das 9h às 17h, com entrada gratuita. O espaço permite a entrada de animais de estimação, desde que com coleira.

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