Mostra “Um rio não existe sozinho” no Museu Goeldi: ciência, natureza e arte conectadas em intervenção artística na floresta.

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Um rio não existe sozinho’: ciência, natureza e arte se conectam em mostra
inédita que ocupa floresta do Museu Goeldi

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Mostra faz intervenção artística no Museu Emílio Goeldi, em Belém
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Mostra faz intervenção artística no Museu Emílio Goeldi, em Belém

“O museu é o mundo”, anunciou o tropicalista Hélio Oiticica. Em “Um rio não
existe sozinho”, o museu é a própria natureza. A mostra coletiva transforma o
Parque Zoobotânico do Museu Paraense Emílio Goeldi — instituição centenária e
referência na produção de ciência na Amazônia — em um percurso de arte viva. A
mostra segue em cartaz até final de dezembro, com obras inéditas de nove
artistas, e propõe uma experiência imersiva onde as obras se misturam à fauna e
flora, conectando ciência, meio ambiente e arte contemporânea para ecoar vozes
dos povos da floresta e a mensagem urgente de preservação da maior floresta
tropical do planeta.

Essa é a primeira grande parceria do Instituto Tomie Ohtake, um dos mais
prestigiados institutos de arte do Brasil, com o Museu Paraense Emílio Goeldi,
instituição anfitriã e referência centenária na produção de conhecimento sobre a
Amazônia.

1 de 3 Gustavo Caboco (RR/PR), do povo Wapichana, apresenta “Casa de bicho e
Antibatismo: Victoria Regia”, instalações que afirmam a memória e a permanência
indígena enquanto questionam as violências coloniais inscritas na Amazônia —
Foto: Oswaldo Forte

Gustavo Caboco (RR/PR), do povo Wapichana, apresenta “Casa de bicho e
Antibatismo: Victoria Regia”, instalações que afirmam a memória e a permanência
indígena enquanto questionam as violências coloniais inscritas na Amazônia —
Foto: Oswaldo Forte

> “Esta ilha de biodiversidade existe em um planeta em colapso. Não é escapismo,
> é um lembrete do que está em jogo”, afirma Sabrina Fontenele, curadora do
> Instituto Tomie Ohtake.

“A floresta não é cenário, é sujeito político ativo e pulsante”, completa Vânia
Leal, curadora convidada.

2 de 3 A mostra reúne obras que exploram a relação profunda entre natureza,
cultura e memória, convidando o visitante a uma experiência sensorial — Foto:
Oswaldo Forte

A mostra reúne obras que exploram a relação profunda entre natureza, cultura e
memória, convidando o visitante a uma experiência sensorial — Foto: Oswaldo
Forte

Todas as obras apresentadas em “Um rio não existe sozinho” foram concebidas a
partir de uma relação direta com o próprio Parque Zoobotânico do Museu DE.
São criações inéditas e pensadas especialmente para o local, integrando-se à sua
dinâmica viva — com fauna solta, vegetação nativa, variações de luz e umidade
que interferem na experiência.

A mostra é o resultado de um longo processo de imersão, que envolveu viagens de
pesquisa e encontros entre artistas, mestres tradicionais, cientistas,
arquitetos e ativistas. Esse diálogo entre diferentes campos do conhecimento
construiu uma ponte entre arte, saberes ancestrais e produção científica, em
sintonia com os debates globais sobre clima que ganham ainda mais força com a
chegada da COP30 à Amazônia, em 2025.

> “O projeto é uma experiência sensorial e política, que se propõe a pensar a
> floresta como protagonista, e não apenas como cenário. A escolha dos materiais
> e métodos seguiu princípios de baixo impacto ambiental: tudo foi planejado
> para não interferir nos ritmos do ecossistema. A natureza, aqui, não é tema —
> é coautora”, destaca Vânia Leal.

CONHEÇA AS OBRAS

A mostra “Um rio não existe sozinho” reúne obras que exploram a relação profunda
entre natureza, cultura e memória, convidando o visitante a uma experiência
sensorial e poética no Parque Zoobotânico do Museu Goeldi. Sallisa Rosa, de
Goiás, traz uma instalação em barro que resgata o ciclo entre terra e água,
enfatizando o cuidado essencial com os rios que nos conectam. Já Rafael Segatto,
do Espírito Santo, utiliza remos e cores para criar uma cartografia afetiva que
remete às memórias e espiritualidades do mar, apontando caminhos invisíveis que
nos guiam.

3 de 3 Fachada do Goeldi ganha projeção em video mapping criada por PV Dias —
Foto: Oswaldo Forte

Fachada do Goeldi ganha projeção em video mapping criada por PV Dias — Foto:
Oswaldo Forte

No Pará, o artista PV Dias propõe um vídeo mapping que sobrepõe imagens
históricas do acervo do Goeldi com registros atuais, revelando as marcas
ambientais que insistimos em ignorar. Noara Quintana, de Santa Catarina, chama
atenção para a fragilidade do ecossistema ao recriar espécies ameaçadas a partir
de registros antigos, enquanto Elaine Arruda, também do Pará, narra em sua obra
a travessia de três gerações ao longo do Rio Tijuquaquara, bordando memórias
femininas na dança das marés.

A crise climática ganha formas visuais nas paisagens térmicas de Mari Nagem, de
Minas Gerais, que transforma dados da seca histórica de 2023 no Lago Tefé em um
alerta urgente. O ativismo indígena se manifesta nas instalações de Gustavo
Caboco, do povo Wapichana, que desafia nomes coloniais como o da vitória-régia
para reivindicar memória e território. Déba Tacana, de Rondônia, conecta
ancestralidade e futuro por meio da cerâmica e do vidro fundido, refletindo
sobre direitos humanos e meio ambiente.

Por fim, Francelino Mesquita utiliza materiais naturais como o miriti para criar
esculturas que simbolizam a luta pela preservação da floresta e os saberes
ancestrais, ressaltando que, apesar da leveza da matéria, a mensagem é pesada:
sem floresta, não há futuro.

COMO A MOSTRA FOI CONSTRUÍDA

O projeto começou em 2024 com encontros, viagens e os seminários Diálogos São
Paulo e Diálogos Belém, reunindo mestres tradicionais, artistas, cientistas,
arquitetos e ativistas. No parque, cada decisão — altura, área ocupada, materiais
e descarte — foi tomada para não perturbar os ritmos do lugar, respeitando a rotina de um museu com quase 130 anos.

“Conectar ciência e arte cria vínculos afetivos com o patrimônio da Amazônia e
fortalece a consciência crítica”, destacam Sue Costa e Pedro Pompei, do Museu
Goeldi. “Para entender a Amazônia, precisamos de precisão científica e abertura
poética.”

A mostra é viabilizada pelo Ministério da Cultura, via Lei de Incentivo à
Cultura (Lei Rouanet), pelo Nubank (mantenedor institucional do Instituto Tomie
Ohtake) e pelo Instituto Tomie Ohtake, em parceria com o Museu Paraense Emílio
Goeldi. Conta com patrocínio de AkzoNobel, Aché Laboratórios Farmacêuticos e
PepsiCo. A PepsiCo é também patrocinadora institucional do Instituto Tomie
Ohtake por meio do ProAC (Secretaria da Cultura, Economia e Indústria Criativas
do Governo do Estado de São Paulo).

Serviço:

Exposição: Um rio não existe sozinho
Onde: Parque Zoobotânico do Museu Paraense Emílio Goeldi — Centro de Exposições
Eduardo Galvão (Av. Gov. Magalhães Barata, 376 — São Brás)
Quando: até 30 de dezembro de 2025
Visitação: de terça a domingo, 9h–17h (bilheteria até 16h)

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