Sem nunca ter saído de Pernambuco, um motociclista que trabalha como entregador por aplicativo recebeu 12 multas de trânsito registradas em São Paulo. Segundo Rafael Falcão, de 23 anos, as infrações de excesso de velocidade e ultrapassagem em sinal vermelho começaram a chegar em maio e já somam cerca de R$ 3 mil em multas.
Morador do bairro do Ipsep, na Zona Sul do Recife, o jovem trabalha há quatro anos como motoboy. Ele percebeu que estava sendo multado indevidamente através de uma consulta na sua Carteira Nacional de Habilitação (CNH) digital e, desde então, tem tentado resolver o problema, sem sucesso.
Rafael Falcão comprou a moto zero quilômetro há cerca de um ano. Assim que viu a incoerência, Rafael foi à Delegacia de Boa Viagem, na Zona Sul, para buscar orientações. Ele acredita que a placa do veículo foi clonada.
As fotos que aparecem nas notificações de autuação mostram uma moto com mesmo modelo e placa da de Rafael. É possível ver que o veículo é usado para fazer entregas por aplicativo e transporte de passageiros em diversos locais na cidade de Campinas, no interior de São Paulo.
Uma das ocorrências, do dia 18 de junho, indica que a moto transitava a 97 quilômetros por hora em uma via cujo limite de velocidade é de 60 quilômetros. Já em 29 de julho, duas infrações foram registradas com minutos de diferença. A primeira foi às 18h19, quando a moto furou um sinal vermelho, e depois às 18h36, com o veículo parado na faixa de pedestres.
Mesmo notificando as autoridades e o Departamento Estadual de Trânsito de Pernambuco (Detran-PE), ele continua recebendo as multas. No órgão, segundo o motoboy, um servidor esqueceu de efetivar a restrição de clonagem pedida por ele em julho. O erro só foi percebido em setembro.
Metade das multas foi suspensa, já que Rafael conseguiu provar que não tinha ido a São Paulo nas datas das infrações. Entretanto, ele ainda luta para reaver as seis infrações restantes e para trocar a placa, já que, no Sudeste, há alguém utilizando o mesmo registro.
O trabalho como entregador é seu único sustento e, agora, ele tem medo de ter a CNH suspensa ou o veículo apreendido devido às multas em seu nome. “Eu estou rodando aqui. Se, por um acaso, eu paro numa blitz ou numa fiscalização da Lei Seca e descubro que perdi minha habilitação? Aí vai embora a minha habilitação e minha moto, que eles vão ter que recolher, porque vou estar como não habilitado. Vê que perrengue. Vai ser um total inferno”, comentou Rafael em entrevista ao DE.




