Motorista de BMW preso suspeito de causar acidente com morte na Dutra dirigiu a cerca de 160 km/h, aponta Polícia Civil
Heitor Rabelo Stetner, de 37 anos, dirigia um carro de luxo que colidiu com um veículo de aplicativo. Com o impacto, o passageiro do carro de aplicativo, de 20 anos, foi lançado na pista, atropelado por outros carros na Dutra e morreu.
Preso acusado de provocar acidente na Dutra mês passado; jovem de 20 anos morreu
Heitor Rabelo Stetner, motorista da BMW preso suspeito de causar o acidente com a morte de um jovem de 20 anos, dirigiu o carro de luxo a cerca de 160 km/h, segundo relatório de investigação da Polícia Civil.
O homem de 37 anos foi preso nesta quarta-feira (22), quase um mês depois do acidente que matou o Matheus Helfstein, em São José dos Campos (SP). O jovem estava em um Honda Fit cinza, dirigido por um motorista de aplicativo, quando o veículo foi atingido na traseira por uma BMW 120i prata conduzida por Heitor. Com o impacto, o corpo de Matheus foi lançado para fora do carro e atropelado por outros veículos que passavam pela Dutra.
Para a Polícia Civil, os fatos daquela noite “não se resumem a um mero acidente de trânsito” e “desenham uma trajetória de deliberada assunção de risco, que se iniciou horas antes da colisão fatal”.
Ao longo desta reportagem você confere os elementos da investigação e as alegações da defesa:
* Gasto com bebidas e alta velocidade
* Pós-acidente
* Risco de fuga
* Defesa contesta prisão
* Como ficaram os carros após o acidente
Jovem vítima de acidente na Dutra foi cremado em São José dos Campos
GASTO COM BEBIDAS E ALTA VELOCIDADE
No dia do acidente, Heitor chegou a ser levado à delegacia e foi liberado. Mas a Polícia Civil pediu a prisão temporária após concluir que ele assumiu o risco do acidente pelo consumo excessivo de álcool e por “trafegar a 160 km/h em uma rodovia urbana, cujo limite é 90 km/h”.
As investigações mostram que, na madrugada do dia 28 de setembro, o investigado gastou R$ 2,5 mil em bebidas alcoólicas, incluindo whisky e champanhe, em uma boate. Ele ainda passou por um motel da cidade antes do acidente, que aconteceu por volta das 5h30.
O laudo do Instituto de Criminalística afirma que não havia elementos de “ordem técnico-material, quando da chegada da equipe de perícia, suficientes para determinar com precisão as velocidades com que os veículos trafegavam”.
Apesar disso, o relatório de investigação da Polícia Civil analisou as imagens de câmeras de vigilância e calculou a velocidade média do carro envolvido.
“PÓS-ACIDENTE”
Imagens de câmeras de segurança de um posto de combustíveis próximo ao local do acidente também foram usadas na investigação. Nelas, a Polícia Civil identifica Heitor em situações descritas da seguinte forma no relatório:
* “No momento em que os três veículos passam por cima do corpo de Matheus Helfstein, Heitor se afasta do seu veículo e se dirige até a loja de lanches do posto (conveniência) como se nada tivesse acontecido. Nas imagens, Heitor parece estar indiferente com o acidente que ele acabou de causar, caminhando tranquilamente em direção à loja com um telefone celular nas mãos”.
* “Após o local ser sinalizado por populares que por lá estavam, Heitor aparece na calçada do posto como se fosse um popular curioso, mexendo no celular”.
* “Em outro momento do vídeo, é possível ver que um veículo branco, (o que me pareceu ser um veículo de aplicativo) chega ao posto de gasolina e espera por alguém. Nesse momento, Heitor se aproxima do veículo e antes que ele entrasse no veículo para se evadir do local, populares o impedem e ele não entra no veículo”.
“RISCO DE FUGA”
Segundo a Polícia Civil, um dos motivos para o pedido da prisão temporária é que Heitor possui vínculos profissionais fora do país e havia risco de fuga. Ao decretar a prisão, a Justiça justificou que, caso esteja solto, Heitor pode atrapalhar a sequência da investigação.
O homem tinha um mandado de prisão temporária em aberto e foi encontrado pela polícia por volta das 7h30 desta quarta-feira, na praça Floripes Bicudo Martins, em São José. Após o registro da captura, Heitor foi encaminhado à cadeia pública de Caçapava.
“DEFESA CONTESTA PRISÃO”
Em nota, a defesa de Heitor diz que a investigação deturpou os acontecimentos e afirma entender que “a prisão é ilegal, pois não estão presentes os requisitos legais para sua decretação, razão pela qual serão adotadas as medidas cabíveis para a sua revogação”.
A manifestação afirma que o investigado permaneceu no local do acidente e colaborou com os procedimentos.
“Compareceu espontaneamente à delegacia de polícia e se submeteu a exame clínico, o qual comprovou que não estava embriagado”, diz a nota.
“COMO FICARAM OS CARROS”
Foto da BMW após o acidente.
Foto do Honda Fit após o acidente.
Matheus Helfstein morreu em um acidente na rodovia Presidente Dutra, em São José dos Campos.