O desespero de ficar sem renda com contas para pagar faz com que os mais de 35 mil motoristas de aplicativos enfrentem árduas jornadas de trabalho, que podem chegar a incríveis 16 horas diárias. Além de lidar com o perigo do trânsito e o cansaço, esses trabalhadores também ficam à mercê da criminalidade, sendo vítimas ‘fáceis’ de roubos, furtos e até agressões.
Para o representante da categoria, Miguel Veloso, os crimes de roubo contra os motoristas de aplicativo diminuíram cerca de 20% este ano, se comparado a 2021. Porém, em contrapartida, houve um aumento de 35% em relação às agressões contra os profissionais, como xingamentos, injúria e até agressões físicas. Miguel afirma que pelo menos metade dos motoristas do estado (50%) já passou por alguma situação de preconceito, roubo ou agressão.
“Já passei por uma experiência horrível de medo quando peguei quatro jovens em um determinado setor, em Senador Canedo, para fazer uma corrida. Naquele dia, graças a Deus, uma viatura notou meu desespero e nos parou. Com esses jovens foram apreendidos quatro armas de fogo. Não sei se eles iriam me assaltar, mas a sensação que tive não foi boa”, explicou.
Crimes
O motorista conta ainda que os principais crimes cometidos contra a categoria estão relacionados ao assédio. Na maioria dos casos, conforme Miguel, o profissional é desrespeitado pelo passageiro por dar a sua opinião. Ele diz que durante o diálogo da corrida (normalmente comum), o cliente induz o motorista a dar sua opinião sobre determinado assunto, mas quando ouve uma resposta diferente da que esperava, acaba se irritando.
“A vida do motorista é uma caixa de surpresas, ele sai de casa e pede a Deus para retornar com segurança para seu lar. Todos os dias há relatos de motoristas que sofrem algum tipo de agressão no veículo, seja por passageiros ou por criminosos. É como se fosse uma caixa de Pandora, os profissionais saem de casa sem saber o que vão enfrentar pela frente”, disse.
Dificuldades
A categoria comenta ainda que a falta de apoio das empresas de transporte é outro fator que complica a vida dos motoristas, já que a empresa fica com parte do pagamento das corridas apenas por marcar a viagem.
“A profissão de motorista é uma fonte de renda que veio para ficar. Então acredito que a partir desse ponto o que se deve fazer é criar políticas públicas de segurança e de acolhimento para esses profissionais. É preciso criar pontos de apoio e as empresas devem começar a fornecer ítens básicos de segurança. Como o Botão de Pânico, câmeras de segurança”, concluiu.