Última atualização 15/03/2022 | 10:13
O Ministério Público de Goiás (MP-GO) denunciou por homicídio, na noite desta segunda-feira (14), os policiais militares (PMs) apontados pela morte de quatro pessoas na zona rural de Cavalcante, interior de Goiás. O caso ocorreu no último dia 20 de janeiro. A denúncia do MP-GO argumenta que as vítimas não tiveram recurso de defesa.
Os denunciados são os sargentos Aguimar Prado de Morais e Mivaldo José Toledo, do cabo Jean Roberto Carneiro dos Santos e dos soldados Welborney Kristiano Lopes dos Santos, Luís César Mascarenhas Rodrigues, Ítallo Vinícius Rodrigues de Almeida e Eustáquio Henrique do Nascimento.
Os policiais militares são lotados no 14º Batalhão da Polícia Militar do Estado de Goiás, em Niquelândia, e compunham o Grupo de Patrulhamento Tático (GPT). Eles foram denunciados pelas mortes de Salviano Souza Conceição, 63; Ozanir Batista da Silva, conhecido como Jacaré, 46; Alan Pereira Soares,28; e Antônio Fernandes da Cunha, 35.
Sem defesa
As vítimas foram abordadas na chácara de Ozanir e, posteriormente, levadas para a vizinh, de Salviano. Pelas circunstâncias do crime, a Polícia Civil (PC), os indiciou, no último dia 4, por homicídio qualificado mediante “recurso que dificulte ou torne impossível a defesa” da vítima.
A PC também investiga uma possível emboscada, na qual as vítimas teriam sido rendidas antes de serem mortas. Na denúncia do MP-GO, os promotores também acreditam que as vítimas estavam incapazes de reação quando os policiais efetuaram os 58 disparos contra elas.
“Os policiais militares, apesar de as vítimas já estarem subjugadas e incapazes de qualquer reação, começaram a efetuar diversos disparos de arma de fogo contra elas, impossibilitando, assim, qualquer chance de defesa por parte destas”, afirmam os promotores de Justiça que assinam a denúncia.
De acordo com a denúncia, uma das vítimas foi atingida quando já estava caída ao chão, uma vez que o laudo de perícia criminal de local de morte violenta apontou um buraco no solo, com maior concentração de sangue, onde foi encontrado um projétil de arma de fogo.
Os PMs contaram que queimaram 500 pés de maconha, no entanto, esta versão foi contestada. A perícia realizada no local aponta que havia no máximo 5 pés de maconha e que o resto que foi queimado era outros tipos de vegetação. Os agentes também apontaram que não havia “espaço hábil” para a plantação de dois mil pés da erva, como foi apontado inicialmente pelos militares.
Os promotores de Justiça também afirmam que os militares recolheram quase todas as balas do local. As vítimas foram levadas para o Hospital Municipal de Colinas do Sul já sem vida.