O Ministério Público de São Paulo (DE) denunciou o sargento da Polícia Militar que matou a esposa com tiros e 51 facadas dentro de uma clínica médica em Santos (SP). Conforme apurado pelo DE neste sábado (31), o órgão solicitou que Samir Carvalho receba uma pena de, no mínimo, 70 anos de prisão.
O crime aconteceu no dia 7 de maio, dentro de uma clínica localizada na Avenida Pinheiro Machado, no bairro Marapé. Samir foi preso em flagrante e a esposa, Amanda Fernandes Carvalho, teve a morte constatada no local. A filha do casal, de 10 anos, sofreu ferimentos e ficou internada por seis dias.
Além de oferecer denúncia pelo crime, o promotor do DE Fabio Perez Fernandez solicitou a manutenção da prisão preventiva de Samir e os áudios ou transcrições do pedido de socorro ao Centro de Operações Policiais Militares (Copom), além de outros documentos da investigação.
Fernandez, porém, não arrolou a filha do casal como testemunha, levando em consideração que a menina tem apenas 10 anos e já foi vítima duas vezes: uma por ter sido baleada pelo próprio pai e outra por ter perdido a mãe e, inclusive, presenciado a morte dela.
O Ministério Público denunciou Samir pelo homicídio de Amanda, com diversas qualificadoras: feminicídio, meio cruel, emprego de arma de fogo de uso restrito, dissimulação e recurso que impossibilitou a defesa da vítima. Além disso, o órgão pediu aumento da pena porque Amanda deixou filhos e o assassinato dela ocorreu na frente de um deles.
O MP ainda denunciou o sargento da PM por tentativa de homicídio contra a filha, com algumas das mesmas qualificadoras. No documento, o promotor solicitou que o caso vá a júri popular, sugerindo pena mínima de 70 anos de prisão. Além disso, o órgão solicitou a fixação de uma indenização no valor mínimo de R$ 100 mil para os herdeiros de Amanda pelos danos morais causados pelo crime. Fernandez também pediu para que a filha que presenciou o crime receba outra indenização de R$ 50 mil.
Conforme informado pela delegada Deborah Lázaro, da Delegacia de Defesa da Mulher (DDM) de Santos, o fato do sargento ter ido para a clínica médica com um revólver e um punhal comprovou a premeditação do crime. Estas, inclusive, foram as armas usadas para matar Amanda.
Os laudos e depoimentos de todos os envolvidos foram juntados no inquérito policial, que foi encaminhado ao Fórum de Santos. Para a delegada, a reconstituição do crime, realizada no dia 22 de maio, foi essencial para o esclarecimento da dinâmica da ocorrência e conclusão do inquérito.
Sobre os policiais militares que atenderam a ocorrência e estavam no momento do crime, a delegada afirmou que a conduta deles está sendo investigada pelo inquérito da PM, que deve apontar se eles serão penalizados. Deborah também aguarda a conclusão dos laudos da reconstituição do crime.
Samir está detido no Presídio da Polícia Militar Romão Gomes, na capital paulista. Segundo apuração do DE junto à Justiça Militar, a prisão do sargento resultou na chamada agregação militar, status que o coloca como inativo temporariamente. Nessa condição, ele perde o direito ao salário e o tempo de serviço não é contabilizado.