MP investiga concessão do ‘Largo da Batata Ruffles’ em SP: Prefeitura e PepsiCo sob suspeita. Empresa desiste do projeto

‘Largo da Batata Ruffles’: MP aceita denúncia e pede esclarecimento à gestão Nunes sobre concessão da praça; PepsiCo desistiu do projeto

Após denúncia do vereador eleito Nabil Bonduki (PT), o promotor José Carlos Blat deu dez dias para que Prefeitura de São Paulo e empresa apresentem razões do contrato. Ele vê indícios de ‘concessão ilegal do espaço público’ e ‘cessão fraudulenta do nome da praça’.

O prefeito Ricardo Nunes e os anúncios sobre o ‘Largo da Batata Ruffles’ espalhados nas estações do Metrô pela PepsiCo Brasil. — Foto: Montagem/de/Gildson di Souza/SECOM

O Ministério Público de São Paulo (MP-SP) aceitou denúncia protocolada por um vereador eleito do PT e pediu esclarecimentos sobre o contrato firmado entre a gestão Ricardo Nunes (MDB) e a empresa PepsiCo Brasil que permitia o uso do Largo da Batata, em Pinheiros, por uma das marcas de salgadinhos da empresa.

O promotor José Carlos Blat, da Promotoria de Justiça do Patrimônio Público e Social da Capital, afirmou que vê indícios de “concessão ilegal do espaço público às empresas representadas e cessão fraudulenta do nome da praça”. Ele autorizou a distribuição da denúncia e deu o prazo de 10 dias para que as partes esclareçam o objetivo do contrato.

Além da Prefeitura de SP e da PepsiCo, a empresa Social Service Comunicação Mkt de Responsabilidade LTDA, que intermediou o contrato e era responsável pela execução das mudanças na praça, também foi incluída na investigação.

Após a abertura da investigação no MP-SP, a PepsiCo anunciou que desistiu do projeto (veja mais abaixo).

Conforme o g1 publicou, mesmo sem as devidas licenças ou chamamento público, a Subprefeitura de Pinheiros assinou contrato com a multinacional de alimentos ultraprocessados autorizando a exibição da marca no espaço.

O valor da cessão do uso do espaço era simbólico: pouco mais de R$ 1,1 milhão, que não seriam pagos em dinheiro, mas sim em equipamentos e mobiliário urbano para suposta melhoria do Largo da Batata.

A Subprefeitura de Pinheiros autorizou, inclusive, que os equipamentos instalados fizessem alusão às batatas Ruffles da empresa, segundo os documentos obtidos pelo g1.

A exibição do mobiliário e das marcas da empresa no Largo da Batata não estava autorizada pela Comissão de Proteção à Paisagem Urbana (CPPU), órgão que decide ou não se esse tipo de ação de propaganda fere ou não a Lei Cidade Limpa em espaços públicos.

Após a publicação da reportagem pelo g1, a gestão Nunes afirmou que tinha tornado o contrato de cessão da praça sem efeito até que a CPPU tivesse tempo de analisar a ação planejada pelas batatas Ruffles.

O caso foi denunciado à Promotoria pelo vereador eleito Nabil Bonduki (PT), que é urbanista e professor da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da USP (FAU-USP).

No pedido acolhido nesta quarta (18), o vereador afirma que era “preciso investigar a Subprefeitura de Pinheiros e impedir que o patrimônio público seja tratado como moeda de troca para interesses privados”.

Ao receber a denúncia, o promotor José Carlos Blat deu prazo para que a Prefeitura e a PepsiCo se manifestem sobre o contrato autorizado pelo subprefeito de Pinheiros, Alan Nunez Cortez.

Por meio de nota, a PepsiCo disse que decidiu pelo encerramento do projeto, apesar de “todas as diretrizes do processo administrativo e leis vigentes terem sido cumpridas” e de já ter distribuído comunicado para a imprensa anunciando um festival no local.

Por meio de nota enviada à TV Globo na quinta-feira (12), a Secretaria Municipal de Urbanismo e Licenciamento (SMUL) havia informado que tornou o contrato sem efeito.

A g1 procurou a pasta novamente nesta quinta-feira (19), mas não recebeu retorno até a última atualização desta reportagem.

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Decisão judicial proíbe venda ilegal de lotes em Terra Indígena na Grande São Paulo

A Justiça Federal proibiu a realização de construções e a venda ilegal de lotes na Terra Indígena Tenondé Porã, localizada na Grande São Paulo. A decisão veio em resposta a uma ação civil pública movida pelo Ministério Público Federal contra Talita Bueno da Silva, acusada de comercializar terrenos dentro da área protegida. Talita vendia lotes de mil metros quadrados por R$ 30 mil e demarcava os terrenos com cercas, o que configurava uma atividade ilegal.

Todas as ações de Talita eram feitas de forma clandestina, uma vez que no Brasil não é permitido comercializar terras indígenas. Além disso, a ré também teria ameaçado lideranças Guarani, agentes da Funai e do Ibama, e tentado ocupar a região em outras ocasiões recentes. Fiscais da Funai e do Ibama conseguiram remover os invasores e demolir as construções, evitando a necessidade de intervenção judicial.

A decisão judicial proíbe a realização de novas construções e a venda de lotes na área indígena, bem como determina a remoção de cercas, estruturas, resíduos e entulhos existentes, sob pena de multa diária de R$ 1 mil em caso de descumprimento. Além de Talita, outros invasores também estão proibidos de retornar à Terra Indígena Tenondé Porã. O caso também está sendo investigado pela Polícia Federal.

Steven Shuniti Zwicker, autor da ação contra Talita, alerta para o risco de outros compradores terem adquirido lotes da ré e tentarem ocupar a região em breve. A comercialização ilegal de terras indígenas representa uma grave violação dos direitos dos povos tradicionais e da legislação ambiental vigente. É fundamental que medidas rigorosas sejam tomadas para proteger esses territórios e evitar a exploração predatória de recursos naturais.

A venda ilegal de lotes em terras indígenas prejudica não apenas as comunidades locais, mas também o equilíbrio ambiental e a preservação da biodiversidade. A atuação da Justiça e dos órgãos fiscalizadores é essencial para coibir práticas ilícitas e garantir a proteção desses territórios sagrados. A população deve estar atenta e denunciar casos de invasão e comercialização irregular de terras indígenas, contribuindo para a preservação dessas áreas fundamentais para a conservação da natureza e da cultura dos povos originários.

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