Muito além do asfalto: pavimentação de rodovias realiza sonhos de gerações no interior de Goiás

Bueiro triplo GO178[1]

Para quem olha de fora, uma obra rodoviária resume-se a máquinas e piche. Porém, para as famílias que vivem e produzem no interior de Goiás, a chegada do asfalto representa o fim de uma espera angustiante e o início de um novo ciclo de dignidade e segurança.

É o que relatam produtores rurais beneficiados pelas obras viabilizadas pelo Fundo Estadual de Infraestrutura (Fundeinfra) sob gestão do Instituto para o Fortalecimento da Agropecuária de Goiás (IFAG) e do Governo de Goiás.

Na região da GO-147, entre Bela Vista de Goiás e Silvânia, a pavimentação é aguardada há pelo menos 80 anos para a família de Oswaldo Machado Filho, cuja propriedade pertence à família desde 1945. O produtor de 37 anos, que herdou a fazenda dos avós, descreve a atual condição da estrada como um cenário de insegurança constante. “Hoje, no estado em que se encontra, é rotineiro ver acidentes, carros e caminhões tombados em valas. É assustador”, relata o produtor, que já presenciou fatalidades na porta de casa.

Para Oswaldo, a obra não é apenas uma melhoria logística, mas a concretização de “um sonho realizado”. Ele projeta que, com a estrada nova, será possível trazer mais tecnologia para a lavoura e intensificar a produtividade, além de garantir que máquinas agrícolas trafeguem com segurança.

As obras da GO-147 se iniciaram no final de setembro e devem ir até março de 2027. O projeto inclui 46,2 quilômetros de pavimentação e a construção de uma ponte de concreto armado de 50 metros de comprimento sobre o Rio dos Bois. Serão R$ 170 milhões investidos para contemplar 6,4 mil propriedades em 10 municípios, como Bela Vista de Goiás, Silvânia e São Miguel do Passa Quatro.

 

Doverlândia: rota para o progresso

A mesma esperança renovada é sentida no oeste goiano, na região de Doverlândia. Fernando Machado Mendonça, 41 anos, cuja propriedade fica na região da GO-461, vê a pavimentação como o ponto de virada para uma região que está deixando de ser apenas pecuária para se tornar uma fronteira agrícola.

“O gado perdia bastante peso até chegar ao destino por conta do tempo de estrada e do estresse”, explica Fernando. Ele relata a dificuldade histórica de conseguir frete, já que muitos transportadores recusavam o trajeto devido aos atoleiros e à poeira que exigiam rebocamento constante de carretas. Para ele, a obra coloca a região no mapa do desenvolvimento: “Doverlândia deixa de ser um ponto final do Estado e passa a ser rota para o progresso”.

As obras da GO-461 também começaram no final de setembro e se estende até março de 2027. Os 52,3 quilômetros de pavimentação beneficiarão diretamente 721 propriedades rurais de Doverlândia, além de produtores de Caiapônia, Mineiros e Baliza. São R$ 108 milhões investidos neste projeto.

 

Retorno do investimento

Não são apenas produtores rurais que se beneficiarão das obras. Armando Rollemberg, presidente do IFAG, destaca vantagens para toda a população. “Ambulâncias poderão transitar com a rapidez que se espera desses veículos, estudantes que vivem na zona rural terão mais segurança para ir para a escola e voltar para casa”, exemplifica.

Além do impacto humano direto, as obras geridas pelo modelo prometem agilidade na entrega, reduzindo o tempo de execução em comparação aos modelos convencionais. Estudos realizados pelo IFAG indicam que a cada um real investido a pavimentação da GO-147 trará um retorno de R$ 5,70 e a da GO-461, um retorno de R$ 7,37.

Para os produtores, no entanto, o maior valor é imensurável: a segurança de ir e vir e a certeza de que o legado de suas famílias poderá prosperar.

Obras em execução

Além da GO-147 e da GO-461, existem outras três rodovias que receberão melhorias, cujas obras são financiadas pelo Fundo Estadual de Infraestrutura (Fundeinfra) e estão localizadas em regiões de alto potencial produtivo. No momento, estas são as obras em execução:

 

Obra (Rodovia) Retorno sobre investimento (valor gerado para cada R$ 1 investido) Aumento projetado do Valor Bruto de Produção (VBP) Aumento da capacidade logística (tráfego de caminhões por ano) Aumento de empregos formais (por ano de obra)  
GO-461 (Doverlândia) R$7,37 +120,1%

(de R$ 663,3 mi para R$ 1,46 bi)

+125,6%

(de 17.231 para 38.874)

1.693  
GO-147 (Bela Vista / Silvânia) R$5,70 +54,9%

(de R$ 1,58 bi para R$ 2,44 bi)

+54,8%

(de 40.166 para 62.178)

12.815  
GO-178a (Jataí / Itarumã) R$3,91 +104,3%

(de R$ 532,7 mi para R$ 1,09 bi)

+183,5%

(de 10.590 para 30.031)

2.533  
GO-180 (Jataí / Serranópolis) R$3,86 +92,4%

(de R$ 579,4 mi para R$ 1,11 bi)

+140,2%

(de 17.451 para 41.920)

2.500  
GO-220 (Perolândia / Mineiros) R$2,42 +37,9%

(de R$ 1,06 bi para R$ 1,46 bi)

+34,1%

(de 46.888 para 62.873)

3.670  

 

Como funciona a parceria entre o IFAG e o Governo de Goiás

O IFAG e o Governo de Goiás assinaram um termo de colaboração baseado nas Leis de Contratos de Gestão com Organizações Sociais. Assim como o modelo tradicional de licitação, é prevista pela legislação, mas se difere na desburocratização e rapidez na entrega dos resultados.

As construtoras são pré-qualificadas por um chamamento público realizado pelo Governo de Goiás, por meio da Secretaria de Infraestrutura (Seinfra), e contratadas por uma comissão presidida pelo IFAG. Em vez de focar apenas no menor preço (o que historicamente gera obras de baixa qualidade que precisam de aditivos), o foco é na maior técnica.

Enquanto o modelo convencional de contratação pública leva, em média, 55 meses para concluir o ciclo de uma obra rodoviária, o modelo reduz esse tempo para cerca de 31 meses. Isso representa uma economia de tempo de dois anos.

 

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