Mulher de Campinas perde movimentos da face em procedimento estético: alta nas interdições em clínicas estéticas.

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Mulher perde movimentos da face e trata sequelas de procedimento estético em
Campinas: ‘Fiquei no fundo do poço’

Dados da Vigilância Sanitária de Campinas mostram alta no número de clínicas
estéticas interditadas em 2025.

27% das interdições da vigilância sanitária de Campinas são em clínicas de
estética [https://s04.video.glbimg.com/x240/13454675.jpg]

Inchaço e hematomas foram o resultado de um procedimento feito para rejuvenescer
a aparência do rosto. A mulher, que preferiu não se identificar, chegou a perder
parte dos movimentos da face após ser atendida em uma clínica de estética em
Campinas (SP).

Em entrevista à EPTV, afiliada da Rede Globo, a vítima relatou que o desconforto
fora do comum começou enquanto estava realizando o procedimento. A mulher
revelou que, além do abalo emocional, precisa fazer tratamento com medicamentos
e fisioterapia para se recuperar das sequelas.

A vítima relatou que sentiu uma dor muito forte na cabeça enquanto o laser era
aplicado. Quando ela relatou o incômodo, alguns profissionais chegaram a tentar
dar um comprimido e água, mas ela sequer conseguia colocar o líquido na boca.
Mesmo com o desconforto, o procedimento continuou.

“Falei ‘minhaha boca tá torta, aconteceu alguma coisa’, ela [a profissional]
disse ‘não, não é que a sua boca tá torta, é a anestesia’. Dei um tempo,
continuaram o procedimento, terminou o lado do rosto direito e foi para o
rosto esquerdo. Quando saí de lá, quatro horas da tarde, eu ‘tava’ muito
péssima, com muita dor. Foi inchando, inchando e ficando roxo, e eu, sem poder
comunicar nada com ninguém”, relatou a vítima.

O fim da anestesia não parou os sintomas. Os danos no rosto apareceram após as
aplicações de laser. A luz foi introduzida na pele via microinjeções. O
problema, depois do procedimento estético, resultou em um tratamento com
remédios e fisioterapia, além do abalo emocional.

“Tudo que ia comer, me derrubava. Eu fui no fundo do poço, sozinha. Passei dois
meses sem ninguém saber, só a clínica e eu. Não desabafei com ninguém, não
falava com ninguém, nem com meus filhos”, relata a vítima.

Este não foi um caso isolado. O número de clínicas estéticas interditadas pela
Vigilância Sanitária em Campinas disparou em 2025.

Apenas nos três primeiros meses do ano, sete estabelecimentos e outras quatro
clínicas odontológicas foram fechadas por irregularidades ligadas a
procedimentos estéticos. Durante todo o ano de 2024, apenas um estabelecimento
foi fechado pela inspeção.

Regiane Alves, chefe de serviços da Vigilância Sanitária de Campinas, explica
que as interdições costumam acontecer após uma denúncia.

“Normalmente, as denúncias vêm com o fato de terem, nesses locais, produtos
vencidos, a realização de procedimentos normalmente invasivos por
profissionais que não são habilitados para essa prática e muita questão
relacionada ao processamento dos materiais que são esterilizados ou que
normalmente não estão sendo esterilizados nesses locais”, explica a
profissional.

Além de interditadas, as clínicas flagradas com irregularidades podem ser multadas.
Para voltarem a funcionar, precisam regularizar a situação sob o aval da Vigilância
Sanitária. Em Campinas, denúncias podem ser feitas através do telefone 156 do
município.

A médica Paula Colpas, integrante da Sociedade Brasileira de Dermatologia,
explica que procedimentos feitos em locais com má higiene podem aumentar os
riscos de infecção na pele e em outros órgãos.

“Por que a gente pega esse tipo de infecção? Por má conduta mesmo ali na hora
do procedimento. Então, você não higieniza a pele de forma correta… você tá
num ambiente que já é contaminado. Às vezes, você tá numa clínica que faz um
outro procedimento, por exemplo, dentário, que a nossa boca é contaminada, que
no ambiente tem as bactérias da nossa boca. E, dependendo do procedimento que
você tá fazendo, um procedimento mais invasivo, essas bactérias podem entrar
nesse local e aí causar infecções mais sérias”, explica a profissional.

A profissional orienta a sempre exigir a documentação das clínicas. Os pacientes
devem ficar atentos às licenças de funcionamento e aos certificados dos
profissionais que fazem os procedimentos.

“Tem muitos riscos que podem acontecer. Então, eu acho que o mais importante é
você fazer com uma pessoa que realmente é qualificada, que tem todas as
condições de higiene, técnicas pra fazer, e, se por acaso acontecer algum
problema, ele também é capacitado a tratar essa complicação”, finaliza.

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