Uma mulher de 46 anos foi internada em estado grave na quinta-feira, 17, após aplicar uma dose de Ozempic falsificado no Rio de Janeiro. O medicamento, indicado para diabetes tipo 2 e amplamente procurado por seus efeitos de emagrecimento, havia sido adquirido em uma farmácia na Zona Sul. Segundo a paciente, o atendente sugeriu que ela comprasse várias unidades alegando que o remédio mudaria de marca e sairia de circulação.
Após a aplicação em casa, a mulher começou a sentir sintomas graves em apenas 15 minutos, como tontura, suor excessivo e lábios arroxeados. Ela foi levada às pressas ao Hospital Copa D’Or, onde deu entrada com um quadro de hipoglicemia severa, condição caracterizada por baixos níveis de açúcar no sangue. A glicemia da paciente estava abaixo de 20 mg/dL — uma situação crítica, já que valores inferiores a 40 mg/dL podem causar sintomas neurológicos e até risco de morte.
De acordo com Luciana Lopes, coordenadora de endocrinologia do Copa D’Or, a médica da emergência suspeitou da procedência do medicamento ao identificar que os sintomas apresentados eram típicos de uma overdose de insulina. A investigação revelou que a caneta de Ozempic era, na verdade, uma caneta de insulina com rótulos adulterados.
Falsificação em investigaçãoO laboratório Novo Nordisk, responsável pela fabricação do Ozempic, já havia emitido um comunicado alertando sobre casos de falsificação detectados no Rio de Janeiro e em Brasília. A empresa informou que seringas de insulina Fiasp FlexTouch foram readesivadas com rótulos de Ozempic, em uma tentativa de enganar consumidores e profissionais de saúde.
Após o incidente, a família da paciente registrou um boletim de ocorrência na 13ª Delegacia de Polícia (Ipanema), e a Polícia Civil iniciou uma investigação. A unidade de saúde também notificou a Anvisa e o laboratório para intensificar a vigilância sobre a venda de medicamentos adulterados.
A paciente, que foi prontamente tratada com glicose para reverter a hipoglicemia, recebeu alta no dia seguinte. O hospital emitiu um alerta interno para seus 70 hospitais no Brasil, orientando os profissionais de saúde a identificarem possíveis casos semelhantes.
Alerta à populaçãoFamiliares da vítima divulgaram um alerta nas redes sociais para conscientizar outras pessoas sobre os riscos de produtos falsificados. “Queremos avisar a todos sobre o perigo de medicamentos adulterados. A caixa parecia normal, mas a caneta era visivelmente diferente, em um tom mais escuro. Por sorte, conseguimos atendimento rápido, mas o desfecho poderia ter sido trágico.”
A Polícia Civil aguarda o resultado da perícia sobre o medicamento falsificado e segue com as investigações para identificar a origem e o responsável pela adulteração.