Mulheres do babaçu do Maranhão levam pauta territorial à COP30

mulheres-do-babacu-do-maranhao-levam-pauta-territorial-a-cop30

Mulheres do babaçu levam pauta territorial do Maranhão aos debates da COP30

Elas destacaram experiências de bioeconomia, apresentaram o Fundo Babaçu e
participaram de debates, marchas e ações que mostraram o papel das mulheres na
proteção ambiental.

Mulheres do babaçu levam pauta territorial do Maranhão aos debates da
COP30 — Foto: Arquivo/MIQCB

As quebradeiras de coco do Maranhão levaram à COP30, em Belém (PA), a cobrança
por regularização fundiária, proteção dos babaçuais e acesso direto a recursos
para ações climáticas nos territórios.

Reconhecidas por essa luta, elas se organizaram no Movimento Interestadual das
Quebradeiras de Coco Babaçu (MIQCB), que mobilizou uma delegação com cerca de
100 mulheres para representar o estado e os demais grupos da região (Piauí, Pará
e Tocantins), entre 10 e 21 de novembro.

As quebradeiras de coco representam mais de 300 mil mulheres extrativistas da
Amazônia e do Cerrado. Na COP30, participam de uma agenda que inclui falas,
mesas de debate, atos públicos, apresentações culturais e exibição de filmes que
mostram o papel das quebradeiras na preservação do território e na proteção do
clima.

No evento, elas ocupam espaços oficiais da COP, como a zona azul — onde
participaram da mesa “Fundo Babaçu: Experiência Comunitária de Financiamento
Climático”, e a zona verde — onde lançaram o documentário “Babaçu Livre:
Território, Mulheres e Clima”, que destaca a batalha das quebradeiras de coco
pelo direito de acesso e uso dos babaçuais, essenciais para a sobrevivência
delas e preservação ambiental.

Quebradeiras de coco do Maranhão participaram de ato na COP30 — Foto:
Arquivo/MIQCB

Já na Cúpula dos Povos, atividade paralela que ocorre na Universidade Federal do
Pará (UFPA), elas participaram de painéis sobre justiça climática, gênero e
direitos territoriais e também da Marcha dos Povos pelo Clima, realizada neste
sábado (15), em Belém (PA).

“A gente só faz sentido se a gente se tornar uma floresta em pé, porque
floresta no chão não oxigena, floresta no chão não tem crédito de carbono; e
mulheres e homens é que estão fazendo a luta acontecer. Sem território livre
não existe babaçu livre, não existe equilíbrio de clima. Então nós estamos
todos aqui por justiça climática, social, cultural e ambiental”, reforçou a
coordenadora geral do MIQCB.

Quebradeiras de coco do Movimento Interestadual durante Marcha dos Povos pelo
Clima — Foto: Arquivo/MIQCB

As quebradeiras de coco do Movimento Interestadual levaram à conferência
experiências de bioeconomia comunitária, autogestão e governança climática.
Entre os destaques está o Fundo Babaçu, que integra a Rede de Fundos
Comunitários da Amazônia e financia iniciativas lideradas por mulheres nos
territórios tradicionais.

A delegação também defende a aprovação do decreto federal sobre regularização
fundiária e o fortalecimento da Lei Babaçu Livre, marco que garante o acesso aos
babaçuais e contribui para as metas climáticas brasileiras.

“A gente produz o azeite, o mesocarpo e o óleo, e o fundo babaçu é um ponto
importante pra gente nesse apoio da nossa produção”, disse a quebradeira de coco
Marinalda Rodrigues.

A atuação segue até o domingo (16), com a participação em audiência pública com
a Presidência da COP e em mesas sobre justiça climática e o papel das mulheres
na defesa dos territórios.

Durante os debates, articulações e incidência política, o MIQCB tem reforçado,
ao longo de toda a COP30, a luta por autonomia, reconhecimento e políticas
públicas que garantam às quebradeiras o direito de existir e produzir em seus
territórios — uma pauta atravessada por gênero, clima, economia e
ancestralidade.

Box de Notícias Centralizado

🔔 Receba as notícias do Diário do Estado no Telegram e no WhatsApp