Mulheres ganham 16% a menos do que os homens na Europa

Nos últimos anos as disparidades salariais não foram reduzidas, afirma UE

A igualdade de gênero e o empoderamento das mulheres é um dos Objetivos do Desenvolvimento Sustentável para o mundo, a ser alcançado até 2030. No entanto, ainda está longe de ser realidade. A pesquisa Eurobarômetro 2017, feita pela Comissão Europeia e divulgada esta semana, mostrou que ainda há trabalho a fazer em prol da igualdade entre homens e mulheres na Europa.

O Eurobarômetro é uma ampla pesquisa de opinião pública, realizada na União Europeia (UE) desde 1973 e abrange uma grande variedade de temas, como meio ambiente, segurança, direitos humanos e economia, entre outros.

Apesar de muitos países da UE terem melhores indicadores de igualdade de gênero, quando comparados a países pobres e em desenvolvimento, a pesquisa mostrou que temas como a diferença salarial, por exemplo, ainda têm que melhorar.

Diferença salarial

Na Europa, em média, as mulheres continuam a ganhar 16,3% menos do que os homens. Nos últimos anos, as disparidades salariais não diminuíram, em grande parte devido ao fato de as mulheres tenderem a empregar-se menos do que os homens, a trabalhar em setores menos bem pagos, a obter menos promoções, a interromper mais vezes a sua carreira profissional e a exercer mais trabalho não remunerado.

No entanto, 90% dos europeus  que responderam o inquérito afirmaram que é inaceitável que as mulheres recebam um salário inferior ao dos homens e 64% se disseram a favor da transparência salarial como veículo de mudança.

Neste sentido, a Comissão Europeia lançou, esta semana, um  plano de ação para eliminar as disparidades salariais entre homens e mulheres para o período 2018-2019. A execução do plano visa melhorar o respeito pelo princípio da igualdade salarial; reduzir o efeito penalizante dos cuidados familiares; e financiar projetos destinados a melhorar a paridade de gênero nas empresas em todos os níveis de gestão e incentivar os governos e os parceiros sociais a adotarem medidas concretas para melhorar o equilíbrio no processo de tomada de decisão.

Além disso, o plano de ação inclui recomendações de transparência nos pagamentos que, apesar de já existirem, ainda estão ausentes em um terço dos países da UE. Ou seja, tornar efetiva a transparência na divulgação dos salários como forma de incentivar a paridade salarial entre homens e mulheres. A discriminação salarial, apesar de ilegal, continua a contribuir para a desigualdade entre homens e mulheres.

A Comissária responsável pela Justiça, Consumidores e Igualdade de Gênero, V ra Jourová, afirma que as mulheres continuam a estar sub-representadas nos cargos de chefia, tanto na política como nas empresas. “Em média, as mulheres continuam a ganhar 16% menos do que os homens na UE. E a violência contra as mulheres continua a ser um fenômeno generalizado. Esta situação é injusta e inaceitável na sociedade de hoje. As disparidades salariais entre homens e mulheres devem acabar porque a independência econômica das mulheres é a sua melhor proteção contra a violência”.

Mulheres na Política

O Eurobarometro mostrou ainda que são necessárias mais mulheres na política: Metade dos cidadãos europeus pensam que deveria haver mais mulheres em cargos de liderança política e 7 em cada 10 são a favor de medidas legislativas que garantam a paridade entre homens e mulheres na política.

Nos cargos de administração e supervisão, a maioria esmagadora das funções é realizada por homens. Os homens são mais frequentemente promovidos do que as mulheres, e mais bem pagos também. Esta tendência é mais dramática ainda no topo das carreiras, onde apenas 6% dos CEOs (diretores executivos ou diretores gerais) são mulheres.

Neste aspecto, a Comissão Europeia defende avançar no sentido de atingir o objectivo de que pelo menos 40% dos seus gerentes médios e superiores sejam mulheres. De acordo com os dados mais recentes, as gestoras femininas em todos os níveis, dentro da Comissão, atingiram um total de 36% em 1 de novembro de 2017.

Tarefas domésticas

Outra realidade exposta nos resultados da pesquisa é a partilha desigual das tarefas domésticas e dos cuidados prestados aos filhos. A maioria dos entrevistados (73%) acredita que as mulheres continuam a dedicar mais tempo às tarefas domésticas e familiares do que os homens.

No entanto, mais de 8 em cada 10 europeus pensam que os homens deveriam assumir as tarefas domésticas de forma equitativa ou gozar de licença parental para cuidar dos filhos.

Uma realidade global é que as mulheres assumem o controle de tarefas importantes não remuneradas, como trabalho doméstico e cuidar de crianças ou parentes em maior escala do que os homens. Os homens que trabalham gastam, em média, nove horas semanais em cuidados não remunerados e atividades domésticas. Já as mulheres que trabalham gastam 22 horas, o que significa três horas todos os dias.

Fonte: Agência Brasil

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BYD cancela contrato com empreiteira após polêmica por trabalho escravo

Na noite de segunda-feira, 23, a filial brasileira da montadora BYD anunciou a rescisão do contrato com a empresa terceirizada Jinjiang Construction Brazil Ltda., responsável pela construção da fábrica de carros elétricos em Camaçari, na Bahia. A decisão veio após o resgate de 163 operários chineses que trabalhavam em condições análogas à escravidão.

As obras, que incluem a construção da maior fábrica de carros elétricos da BYD fora da Ásia, foram parcialmente suspensas por determinação do Ministério Público do Trabalho (MPT) da Bahia. Desde novembro, o MPT, juntamente com outras agências governamentais, realizou verificações que identificaram as graves irregularidades na empresa terceirizada Jinjiang.

Força-tarefa

Uma força-tarefa composta pelo MPT, Ministério do Trabalho e Emprego (MTE), Defensoria Pública da União (DPU) e Polícia Rodoviária Federal (PRF), além do Ministério Público Federal (MPF) e Polícia Federal (PF), resgatou os 163 trabalhadores e interditou os trechos da obra sob responsabilidade da Jinjiang.

A BYD Auto do Brasil afirmou que “não tolera o desrespeito à dignidade humana” e transferiu os 163 trabalhadores para hotéis da região. A empresa reiterou seu compromisso com o cumprimento integral da legislação brasileira, especialmente no que se refere à proteção dos direitos dos trabalhadores.

Uma audiência foi marcada para esta quinta-feira, 26, para que a BYD e a Jinjiang apresentem as providências necessárias à garantia das condições mínimas de alojamento e negociem as condições para a regularização geral do que já foi detectado.

O Ministério das Relações Exteriores da China afirmou que sua embaixada e consulados no Brasil estão em contato com as autoridades brasileiras para verificar a situação e administrá-la da maneira adequada. A porta-voz da diplomacia chinesa, Mao Ning, em Pequim, destacou que o governo chinês sempre deu a maior importância à proteção dos direitos legítimos e aos interesses dos trabalhadores, pedindo às empresas chinesas que cumpram a lei e as normas.

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