Mulheres sofrem sequelas após procedimentos com médico preso por morte de jovem: relatos chocantes

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‘Barriga torta’, ‘iludida’, ‘açougueiro’: Mulheres relatam sequelas após procedimentos com médico preso por morte de jovem

José Emílio de Brito foi detido nesta segunda-feira. Marilha Menezes Antunes morreu no dia 8 de setembro, durante uma lipoaspiração com enxerto de glúteos. Vítimas descrevem negligência e sofrimento físico após cirurgias com José Emílio.

Mulheres relatam sequelas após procedimentos com médico preso por morte de jovem

Mulheres relatam sequelas após procedimentos com médico preso por morte de jovem

Duas mulheres que foram pacientes do médico José Emílio de Brito, preso nesta segunda-feira (15), relataram ao RJ2 os impactos físicos e psicológicos que enfrentam após procedimentos estéticos realizados pelo cirurgião. Brito é investigado pela morte de Marilha Menezes Antunes, de 28 anos, durante uma hidrolipo com enxerto de glúteos realizada em uma clínica de Campo Grande, na Zona Oeste da cidade, na semana passada.

Uma das entrevistadas, Glaucia Priscila Alves Barbosa, dona de casa, afirma conviver há mais de cinco anos com sequelas de uma hidrolipo feita pelo médico. Ela é uma das 14 pacientes que entraram na Justiça contra Brito.

“No resultado é que eu tenho uma marca horrível, que eu não posso colocar um biquíni. E sempre ela abre e sai pus. Os pontos inflamam. Até hoje, desde a época, eles inflamam até hoje”, contou Glaucia.

Ela relata que, no dia seguinte ao procedimento, ao retornar ao consultório em Vicente de Carvalho, na Zona Norte, encontrou policiais no local. Brito estava sendo preso por irregularidades.

“Tive que falar o procedimento que eu fiz. Eles mandaram eu esperar, perguntaram se eu gostaria de ir ao hospital com as pacientes que estavam na mesa fazendo procedimento. Fiquei assustada, não fui”, disse.

Marilha Menezes Antunes era técnica de segurança do trabalho em uma companhia aérea — Foto: Divulgação

FALTA DE ESTRUTURA

Glaucia afirmou que não tinha conhecimento técnico para avaliar o ambiente onde foi operada, mas hoje reconhece que o local não tinha estrutura adequada.

“Não entendia daquilo, pra mim era tudo novo. Não era um centro cirúrgico com a aparelhagem adequada. Não tinha nenhum aparelho de emergência. Se alguém tivesse parada cardíaca, não tinha como fazer os primeiros procedimentos pra salvar a vida”, contou.

A segunda mulher ouvida pela reportagem pediu para não ser identificada. Ela também fez uma hidrolipo, há dois meses, na mesma clínica onde Marilha morreu.

“Eles te convencem que a errada é você. Em alguns momentos eu até acreditei mesmo que eu era a errada. A errada por ter acreditado, por ter sido iludida na boa fé. E isso me envergonhou muito. Meus pontos estão todos esgarçados. Minha barriga está completamente torta, toda cheia de fibrose. Tenho crises de dores, às vezes não consigo nem falar. É um sonho que é destruído”, disse ela.

“Eu entreguei a minha vida na mão de um açougueiro e tô aqui graças a Deus”

MÉDICO PRESO

José Emílio de Brito foi preso em casa, na Tijuca, e vai responder pela morte de Marilha, que sofreu uma perfuração no rim e hemorragia interna, segundo laudo do Instituto Médico Legal.

A clínica onde o procedimento foi realizado foi interditada pela polícia na semana passada. Medicamentos vencidos foram encontrados no local.

Médico que conduziu cirurgia durante a qual jovem morreu é preso — Foto: Reprodução

O médico já havia sido condenado por homicídio culposo em 2018, após a morte de outra paciente em 2008, em uma casa de saúde no Jardim América. A pena foi convertida em prestação de serviços e multa.

Nesta segunda, também foram ouvidos na Delegacia do Consumidor integrantes do Samu que atenderam Marilha, uma ex-paciente e familiares da jovem. A irmã da vítima pediu justiça.

“Estamos clamando que o juiz responsável assine esse mandado de prisão, que ele seja preso, que ele perca esse CRM, que não faça mais vítima nenhuma, e que ele seja responsabilizado pela morte da Marilha Menezes Antunes. A minha irmã foi assassinada”.

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