Mulheres superam dificuldades de saúde e conquistam vagas em cursos de graduação na UEL
Aprovada em Letras, Ivonete vai se aventurar na segunda graduação aos 61 anos, enquanto Marya Eduarda, de 19, diagnosticada com Atrofia Muscular Espinhal (AME), realizou o sonho de cursar administração.
Aprovados no vestibular da UEL 2025 reúne histórias inspiradoras
Nem a idade, nem as limitações de saúde, foram empecilhos para duas mulheres realizarem o sonho de entrar na universidade. Ivonete Santos de Souza, de 61 anos, e Marya Eduarda de Freitas Tiviroli, de 19, foram aprovadas no vestibular 2025 da Universidade Estadual de Londrina. O resultado foi divulgado na última sexta-feira (10).
A londrinense Marya Eduarda de Freitas Tiviroli, de 19 anos, foi diagnosticada com Atrofia Muscular Espinhal (AME) aos 10 meses de idade. Ela precisou fazer uma cirurgia na coluna um mês antes do vestibular. Mesmo com dores do período pós-cirúrgico, ela fez a prova e o bom resultado veio: aprovada no curso de administração.
“Ela falou para os médicos: ‘Eu vou ter tempo pra fazer a prova da UEL, né?’ Eles até riram. Mesmo com dor depois da cirurgia, ela não desistiu e mesmo assim foi fazer a prova. Se ela perdesse essa prova, ela ficava doente, pois era o sonho dela fazer ADM”, contou a mãe Roseli de Freitas.
A família de Duda fez questão de registrar o momento. Em um vídeo, é possível ver a alegria da jovem ao conferir o nome dela na lista de aprovados publicada em um jornal. Assista acima.
A AME é uma doença degenerativa que enfraquece os músculos, causando dificuldades em atividades básicas, como andar sem depender de cadeiras de rodas. Por isso, Duda vai precisar de suporte e um apoio especializado para seu bem-estar durante o curso.
Em nota, a UEL disse que conta com uma estrutura específica e uma equipe multiprofissional para o suporte dos alunos por meio do núcleo de acessibilidade. A universidade ainda informou que em 2024 foram contratados seis profissionais de apoio, supervisionados por uma enfermeira, para auxiliar os estudantes com deficiência. Além disso, oferecem suporte para alimentação, higiene e mobilidade durante as atividades de ensino.
Quem também não desistiu foi a Ivonete, moradora de Cambé, no norte do Paraná. Ela não se intimidou pela idade e foi em busca do segundo curso de graduação. O sonho da universidade foi conquistado depois de muito esforço ao longo da vida, trabalhando como empregada doméstica e técnica de enfermagem. Dedicada, ela tem até um cantinho reservado em casa para a rotina de estudos e trabalho.
“Eu sempre fui muito inquieta. Eu falo que eu sempre fui uma pessoa inconformada com a situações. E eu sou uma pessoa saudável, então aposentar e parar não faz parte dos meus planos agora”, contou Ivonete.
Por isso, desacelerar não é uma opção para ela que ainda guarda muitos sonhos no coração. Ela tem uma mensagem de incentivo para todos que buscam realizar seus sonhos: “Nos anos 80, quando era a minha época de estudar, não era como é hoje, não tinha essas oportunidades. Então não desista, qualquer que seja o seu sonho, caminhe! Se for pra ser seu, vai ser”.
Ivonete até fez questão de participar da festa dos calouros que aconteceu em frente ao Teatro Ouro Verde, em Londrina, no norte do Paraná.