Multigrana: Vereador Zander Fábio diz que denúncia contra ele é vazia

O vereador Zander Fábio (PEN) usou a tribuna da Câmara Municipal para se defender da denúncia apresentada pelo Ministério Público de Goiás (MPGO) contra ele no âmbito da Operação Multigrana. Depois, respondendo as perguntas dos jornalistas, o parlamentar afirmou que está surpreso e se sente injustiçado pela acusação.

“Me senti surpreso e injustiçado. Na denúncia, fui tido como uma das pessoas que gerenciava um esquema. Como gerencio um esquema se não participo do dia a dia da instituição? Todo mundo sabe que vereador não indica secretário. Em momento algum participei de indicação do presidente Dario (Paiva, ex-presidente do PEN) para a Agetul”, alegou.

Zander argumentou que o próprio dirigente partidário negou, em depoimento, que recebeu indicação para ocupar a secretaria. “O Dario foi muito claro ao dizer que a articulação foi feita por ele e pelo ex-presidente (da Agetul)”, disse.

Além de indicar o suposto gerenciamento de Zander no esquema ilícito no Mutirama, a peça acusatória do MPGO cita alguns depósitos feitos na conta do vereador que, conforme a denúncia, seriam oriundas das irregularidades investigadas na Multigrana. Em sua defesa, o parlamentar diz que nenhum depósito é originário de ilícito.

“Expliquei na minha oitiva que foi fruto da venda de um carro. Todo os outros recursos são oriundos do meu salário na Câmara. Eu poderia doar até 100% do meu patrimônio”, ponderou. Zander completou dizendo que não há provas substanciais contra ele e desqualificando a peça. “Isso configura, no meu entendimento, uma denúncia totalmente vazia. Não há nada que me ligue a essa fraude”, asseverou.

Multigrana

A Operação Multigrana, coordenada pelo promotor Ramiro Carpenedo Neto, apurou que organização se aproveitava da dificuldade de monitoramento dos valores, pagos sempre em dinheiro nas bilheterias, e atuava de dois modos principais. Caso os bilhetes já utilizados fossem descartados de forma intacta, eram reaproveitados e “vendidos” novamente. Se os bilhetes fossem rasurados ou rasgados, fazia-se uma duplicação e reimpressão desse ingresso, devolvendo para o caixa, para contabilização do dinheiro a menos. Nos dois casos, os valores com a segunda venda dos ingressos ficavam com o grupo.

Além do vereador Zander Fábio, outras nove pessoas foram denunciadas na operação. São elas: Clenilson Fraga da Silva, Dário Alves Paiva Neto, Davi Pereira da Costa, Deoclécio Pereira da Costa, Fabiana Narikawa Assunção, Geraldo Magela Nascimento, Larissa Carneiro de Oliveira, Leandro Rodrigues Domingues e Tânia Camila de Jesus Nascimento de Sousa.

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Indiciado, Bolsonaro diz que Moraes “faz tudo o que não diz a lei”

Após ser indiciado pela Polícia Federal (PF), o ex-presidente Jair Bolsonaro publicou em sua conta na rede social X, nesta quinta-feira (21), trechos de sua entrevista ao portal de notícias Metrópoles. Na reportagem, ele informa que irá esperar o seu advogado para avaliar o indiciamento. 

“Tem que ver o que tem nesse indiciamento da PF. Vou esperar o advogado. Isso, obviamente, vai para a Procuradoria-Geral da República. É na PGR que começa a luta. Não posso esperar nada de uma equipe que usa a criatividade para me denunciar”, disse o ex-presidente.

Bolsonaro também criticou o ministro Alexandre de Moraes, relator do processo no Supremo Tribunal Federal (STF). “O ministro Alexandre de Moraes conduz todo o inquérito, ajusta depoimentos, prende sem denúncia, faz pesca probatória e tem uma assessoria bastante criativa. Faz tudo o que não diz a lei”, criticou Bolsonaro.

Bolsonaro é um dos 37 indiciados no inquérito da Polícia Federal que apura a existência de uma organização criminosa acusada de atuar coordenadamente para evitar que o então presidente eleito, Luiz Inácio Lula da Silva, e seu vice, Geraldo Alckmin, assumissem o governo, em 2022, sucedendo ao então presidente Jair Bolsonaro, derrotado nas últimas eleições presidenciais.

O relatório final da investigação já foi encaminhado ao Supremo Tribunal Federal (STF). Também foram indiciados pelos crimes de abolição violenta do Estado Democrático de Direito, golpe de Estado e organização criminosa o ex-comandante da Marinha Almir Garnier Santos; o ex-diretor da Agência Brasileira de Informações (Abin) Alexandre Ramagem; o ex-ministro da Justiça Anderson Torres; o ex-ministro do Gabinete de Segurança Institucional (GSI) Augusto Heleno; o tenente-coronel do Exército Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Bolsonaro; o presidente do PL, Valdemar Costa Neto; e o ex-ministro da Casa Civil e da Defesa, Walter Souza Braga Netto.

Na última terça-feira (19), a PF realizou uma operação para prender integrantes de uma organização criminosa responsável por planejar os assassinatos do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, do vice-presidente, Geraldo Alckmin, e do ministro Alexandre de Moraes.

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