Nárcia Kelly: “O dinheiro público deve ser tratado com responsabilidade”

Com apenas 29 anos e histórico de luta pelos produtores rurais, Nárcia Kelly (PTB) foi eleita prefeita de Bela Vista no ano pasado. Antes disso, havia sido vereadora e vice-prefeita na gestão anterior onde teve atritos e foi afastada da administração pública. Há quatro meses comandando a cidade, ela esteve na sede do Diário do Estado e avaliou seus primeiros meses de mandato e os projetos que pretende viabilizar na cidade. A petebista também apontou as principais dificuldades encontradas pela população do município e as necessidades estruturais de Bela Vista.

Rafael Tomazeti, Ricardo Castro, Sara Queiroz

Diário do Estado – Como a sua trajetória política começou?
Nárcia Kelly – Nasci e fui criada na zona rural, na região do Cará. O pessoal de lá é pequeno produtor de polvilho. Há 12 anos, foi criada a Cooperativa de Polvilho do Cará, onde fui presidente. Antes de montar essa cooperativa, eu fui criada no sistema de mutirões, pois minha família acredita na força do trabalho coletivo. O momento que passei na cooperativa foi fundamental para mim. O pessoal da região me escolheu para eu ser candidata a vereadora representando minha comunidade em 2008. Fiz minha campanha voltada ao pequeno produtor rural de Bela Vista e fui eleita. Em 2012, fui convidada para ser vice-prefeita na chapa do prefeito que eu apoiei durante quatro anos. O fato de eu não participar diretamente da gestão foi ruim por um lado, porque não tive acesso à administração em si. Mas foi muito boa por outro lado. Por não ter contato direto com a gestão, tive tempo para visitar a comunidade e conhecer ainda mais a comunidade. Também estudei direito público e gestão pública durante esse tempo. Eu aprendi que não é certo deixar um vice-prefeito sem participar da sua gestão. Por esse motivo, hoje tenho um vice-prefeito que tem uma sala ao lado da minha. Não adianta eu ser egoísta e falar que a população me elegeu prefeita e só eu. Eles me elegeram prefeita e o Juliano Moreira meu vice-prefeito.

 

Diário do Estado – Como a senhora avalia os primeiros 100 dias de mandato?
Nárcia Kelly – Eu estou muito animada depois de concluir os 100 primeiros dias de mandato. Fiz monitoramentos mensais a partir dos relatórios que pedi para os secretários. A gente pegou a Prefeitura com muitas dificuldades financeiras. Comparado com janeiro do ano passado, o mês de janeiro deste ano teve arrecadação inferior. A conta do Tesouro continha dívida de mais de R$ 300 mil, com muita dívida parcelada, no montante de mais de R$ 14 milhões. Os prédios públicos estavam sucateados, assim como o maquinário da Secretaria de Infraestrutura e Obras. Demoramos para reorganizar tudo e colocar a máquina pública em funcionamento, o que me deixou um pouco preocupada no início. Mas as coisas se ajeitaram e conseguimos prestar muitos serviços à comunidade de Bela Vista.

 

Diário do Estado – Quais as principais medidas tomadas para reorganizar a prefeitura?
Nárcia Kelly – Olhando essa situação de crise, resolvi fazer uma gestão de muita austeridade. Em uma das medidas de economia, exigi de cada secretário uma economia de, no mínimo, 20% em cada pasta. A Prefeitura contava com 14 secretários no ano passado e eu reduzi para nove, cortando cinco secretarias. Em quatro anos, vou economizar mais de R$ 2 milhões. Também trabalhamos para trazer nossas secretarias para os prédios públicos do município. A gente tinha prédios desocupados e pagávamos aluguel em outros locais. Também cortamos gratificações e carros alugados. Estamos resolvendo as coisas nos nossos carros particulares. O dinheiro público tem que ser tratado com responsabilidade e com zelo. Sempre falo para meus secretários que temos que tratar o dinheiro público como se fosse o seu dinheiro.

Diário do Estado – Qual o principal problema enfrentado pela população de Bela Vista de Goiás?

Nárcia Kelly – O desemprego na nossa cidade é muito grande. Recebi em mãos mais de três mil currículos de bela-vistenses que estão sem empregos. É um problema muito grande. Estamos trabalhando em duas vertentes. A primeira é lutar para trazer empresas grandes. A segunda é investir nos pequenos empreendedores da cidade. Bela Vista é uma cidade de empreendedores. Nossa Secretaria de Indústria e Comércio está se organizando para criar Saldo Empreendedor em parceria com o Sebrae. Temos trabalhado para favorecer os pequenos produtores rurais e ajudá-los a legalizar suas agroindústrias.

 

Diário do Estado – Como é estar dentro da Região Metropolitana da Goiânia e ser uma cidade agropecuária?
Nárcia Kelly – São características que favorecem Bela Vista. A zona rural do município é muito grande. Tem mais moradores na cidade que na zona rural, no entanto, há muitas pessoas que moram na cidade e trabalham no campo. Acreditamos que 60% da economia de Bela Vista vem da zona rural. O produtor rural precisa muito da ligação com a cidade. Então, estar dentro da Região Metropolitana de Goiânia nos favorece no escoamento da nossa produção, na comercialização.

 

Diário do Estado – Como Bela Vista vai utilizar os recursos angariados pelo Goiás na Frente?
Nárcia Kelly – O governador encaminhou R$ 2 milhões à Bela Vista. A maioria dos prefeitos vão investir esse dinheiro em asfalto e recapeamento, mas nós vamos utilizá-lo na construção de um novo hospital. O atual não atende as demandas. Além dos R$ 2 milhões encaminhados pelo governo estadual, temos recursos federais encaminhados por deputados. É fundamental um novo hospital, que vai ter, além do atendimento de urgência e emergência a clínica da mulher, que foi uma promessa de campanha.

 

Diário do Estado – Quais as necessidades estruturais urgentes em Bela Vista?
Nárcia Kelly – A gente tem buscado junto a Saneago a implementação de esgoto em todos os bairros de Bela Vista. Faltam galerias pluviais em Bela Vista, não tem escoamento de água. Quando a gente faz a operação tapa buraco, chove e estraga tudo. A gente precisa de recapeamento, de asfalto, de construir o hospital. Outro problema é que não tem praças em muitos setores de Bela Vista. Quando há o terreno para a construção da praça, vão lá e constroem outro órgão público. As mães reclamam muito que as crianças têm que brincar na calçada porque não há praças. Também queremos melhorar a iluminação pública, pois a cidade é muito escura. Na questão da segurança também temos que avançar, e estou investindo muito nisso. Quero instalar monitoramento com câmeras na cidade.


Diário do Estado – Quais seus projetos para a educação?

Nárcia Kelly – Assumi a prefeitura com um déficit de cinco salas de aula. Tivemos que nos reorganizar para atender essa demanda. Estamos querendo dar senso crítico às crianças, para que elas tenham noção de cidadania. Criamos o projeto Prefeito-Mirim. A ideia surgiu quando recebi umas cartinhas em janeiro. Recebi um envelope amarelo com várias cartinhas das crianças da escola Geraldo Prego. Fiquei muito emocionada ao ler as cartas e teve uma carta que me chamou muita atenção, que foi da Júlia. Além de ser muito carinhosa comigo, ela reivindicou pensando no coletivo. Ela reivindicou sobre questões de mobilidade, mau cheiro, que era uma fama da cidade. A Júlia reclamou da questão da educação, da saúde. Vendo aquela demanda, criamos o Prefeito-Mirim, onde nós selecionamos uma cartinha semestralmente para nos apresentar suas demandas e, junto com o estudante, despachamos e tentamos resolver as questões.

 

Diário do Estado – Como você a posição da mulher brasileira na política?
Nárcia Kelly – A questão da mulher no poder é um gargalo que temos que enfrentar. Em Bela Vista, fui apenas a terceira vereadora da história de uma cidade centenária. Em 2012, nenhuma mulher foi eleita vereadora em Bela Vista. Em 2016, com todo o trabalho monstruoso que fizemos, com mais da metade dos candidatos a vereadores sendo mulheres, elegemos apenas uma vereadora. A política ainda é machista, mas o que eu acho que falta é a participação mais ativa das mulheres. Mulher não quer ser cota, não quer ser artigo de decoração. A gente não quer servir de adorno para embelezar. Eu acho que há erro na forma de convocar as mulheres. Eu mesma fui convidada para cumprir a cota de 30%. Temos que conscientizar as mulheres para a importância do papel delas na sociedade. Para a mulher é muito mais difícil participar da política: primeiro, tem o machismo, que é muito enraigado. Na hora de os partidos convidarem as mulheres, só pensam na cota dos 30%. Deve-se mudar a forma de convocação e as mulheres precisam se conscientizar, pois é fundamental a participação feminina. Somos mais da metade do eleitorado, mas não temos essa representação no poder. É uma reflexão que a própria mulher tem que fazer. A política precisa de oxigenação, precisa da mulher para inovar.

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Homem que tentou sequestrar criança passou a noite em rave, diz amigo

Um incidente chocante ocorreu na zona norte de São Paulo, onde um homem tentou sequestrar uma criança de 3 anos. De acordo com relatos, o suspeito passou a noite anterior em uma rave, um detalhe revelado por um amigo que testemunhou e impediu o sequestro.

“Esse rapaz colaborou bastante. Eles estavam juntos, saíram de uma balada rave, [ficaram] a noite inteira, saíram pela manhã. Ele evitou o crime maior. A Polícia Civil o trata como testemunha”, revelou o delegado Luiz Eduardo, do 40º DP (Vila Santa Maria).

Imagens de câmeras de segurança mostram que, no dia do incidente, a criança estava passeando de mãos dadas com a babá em uma calçada, quando foi perseguida pelo suspeito. O homem esticou a mão para a criança, que se afastada assustada.

A babá, então, pega o garotinho no colo e volta a caminhar em direção aposta ao suspeito, que os persegue mais uma vez. Nesse momento, o suspeito puxa a mulher pelos cabelos e a joga em um gramado.

Em seguida, o homem dá um chute na mulher e pega o menino no colo. Ele, então, caminha em direção à avenida, quando surge o amigo dele e impede a ação. A babá consegue recuperar o garoto, que está chorando.

O amigo da vítima chegou a ser preso no dia do crime, mas foi liberado após prestar depoimento. Ele informou não saber o motivo do amigo em cometer o crime. Já o suspeito permaneceu em silêncio e disse não ter explicação para o ato que cometeu.

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