Nasa lança ao espaço maior telescópio do mundo

Nesta manhã de Natal (25), a NASA lançou ao espaço o mais poderoso telescópio espacial já construído. O James Webb partiu de uma base da Agência Espacial Europeia na Guiana Francesa. O objetivo é que o telescópio consiga observar as primeiras galáxias que surgiram no universo. Ele deverá complementar informações do telescópio Hubble, que está há 31 anos em órbita.

O equipamento foi carregado no alto do compartimento de carga de um foguete Ariane 5, que decolou por volta das 09h20 (horário de Brasília). “De uma floresta tropical à beira do próprio tempo, James Webb inicia uma viagem de volta ao nascimento do universo”, disse um comentarista da NASA, enquanto o equipamento era lançado.

Nesse sentido, o novo telescópio da NASA é considerado histórico. “Prepare-se para uma nova forma de ver o universo. Além de onde estivemos. Além do que sabemos. Além do próprio tempo”, diz a NASA em um vídeo, divulgado dia 21 de dezembro, sobre o James Webb. O nome do telescópio é uma homenagem a um supervisor que atuou na NASA na década de 60. O projeto teve início em 1996, com previsão de lançamento para 2007, mas com seguidos atrasos.

Estrutura do James Webb

Imagem: Nasa/Francis Reddy (Syneren Technologies)

Em síntese, os adiamentos para lançar o telescópio espacial se deram por problemas no processo de construí-lo. O telescópio custa quase US$ 9 bilhões e tem uma massa de 6,5 toneladas.

A estrutura conta com 18 espelhos de berílio, banhados a ouro, em formato hexagonal. Juntos, formam um espelho de 6,5 metros: o maior que já chegou ao espaço. Ele tem ainda uma gigantesca capa de proteção solar, para que o calor não interfira no seu funcionamento.

O telescópio chegou ao espaço de forma compacta, dobrado e, nos próximos 13 dias, deve ir se desdobrando, aos poucos, até ficar quase do tamanho de uma quadra de tênis. Espera-se que ele tenha dez anos de missão.

Objetivos do novo telescópio

James Webb observa o espaço ao seu redor em infravermelho. Este tipo de radiação tem comprimento de onda mais longo e, por isso, enxerga estruturas, como galáxias e estrelas, mais distantes.

Quando se trata do observar o Universo, quanto mais distante algo está, mais antigo ele é. Então, ao enxergar estruturas mais distantes o James Webb está mapeando também o que há de mais antigo. Nesse sentido, telescópio conseguirá enxergar a Era da Reionização, momento em que surgiram as primeiras estrelas e galáxias.

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Sobrecarga de trabalho eleva risco de depressão entre mães cientistas

A porcentagem de mães cientistas com sintomas de depressão foi quase o dobro da verificada entre pais com a mesma carreira, segundo pesquisa apresentada como dissertação de mestrado em Ciências Biomédicas da Universidade Federal Fluminense. Entre as mães entrevistadas, 42% apresentaram sinais da doença, em comparação a 22% dos pais.

A pesquisadora Sarah Rocha Alves acredita que esse adoecimento está relacionado com a sobrecarga de trabalho doméstico e de cuidado.

“Historicamente, as mães têm assumido uma responsabilidade desproporcional na criação dos filhos, e os resultados da pesquisa confirmaram o que já era esperado”, avalia.

Dados complementares da pesquisa reforçam essa conclusão, ao mostrar, por exemplo, que a proporção de mães solo com sintomas foi cerca de 11 pontos percentuais maior do que a daquelas que dividem a criação dos filhos. A diferença foi semelhante entre as mães sem rede de apoio e as que contam com alguma ajuda. Além disso, quase 60% das mães de crianças com deficiência apresentaram alta probabilidade de ter depressão, assim como mais de 54% das mães negras.

De acordo com Sarah, os entrevistados responderam a um questionário chamado PHQ-9, amplamente utilizado para diagnosticar sintomas de depressão. A pesquisa foi realizada em março e junho de 2022, período de arrefecimento da pandemia da covid-19 no Brasil.

“Já estávamos no retorno parcial das atividades, mas essas mulheres ainda estavam sobrecarregadas, conciliando trabalho doméstico, cuidados das crianças e atividades acadêmicas, o que acabou sendo mais complicado para elas. Mas a pandemia só exacerbou o que já era esperado”, argumenta a pesquisadora.

Carreira

Além das consequências para a saúde mental, Sarah acredita que essa sobrecarga também impacta a carreira dessas pesquisadoras. “As mulheres são maioria na graduação e pós-graduação, mas a medida que elas vão avançando, têm uma limitação porque elas não têm políticas de apoio para serem aceitas e conquistarem cargos superiores”.

Levantamento do movimento Parent in Science estima que as mulheres vivenciam uma queda na produtividade que pode durar até 6 anos, após o nascimento dos filhos, o que não acontece com os homens que se tornam pais. Isso provoca um efeito conhecido como “teto de vidro”, que descreve a maior dificuldade que as mulheres têm de ascender em suas carreiras.

Por isso, a pesquisadora defende mudanças na cultura acadêmica e cita como bons exemplos uma iniciativa da própria Universidade Federal Fluminense, que dá créditos a pessoas com filhos nas suas seleções acadêmicas, e os editais da Fundação de Amparo à Pesquisa do Rio de Janeiro exclusivo para cientistas mães. Ela também considera um avanço a lei sancionada em em julho pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva que prorroga o prazos de conclusão na educação superior para pessoas que tiverem filhos.

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