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Nascimento de prematuros é principal causa de mortalidade infantil no Brasil

Última atualização 08/11/2022 | 18:10

O mês de novembro é marcado por diversas campanhas voltadas para a saúde, incluindo a prevenção ao nascimento de bebês prematuros. A antecipação do parto está associada a uma série de causas que podem ser evitadas, de acordo com especialistas. A situação é considerada a principal causa de mortalidade entre recém-nascidos e bebês de até 5 anos de idade. 

Uma lista de condições podem fazer com que a mulher tenha o filho antes da 37ª semana de gravidez, já no início do nono mês de gestação. Diabetes, obesidade, hipertensão, gravidez gemelar e até estresse em excesso são alguns fatores de risco apresentados pela mãe.

Com a fisioterapeuta Carla Gomes a experiência ocorreu por três vezes. Na primeira, ela esperava gêmeos. O casal de crianças nasceu prematuro quando havia acabado de completar cinco meses de vida, mas poucos dias após o parto, morreram. Nos outros dois episódios, a chegada ao mundo dos filhos ocorrem no sexto e sétimo meses, respectivamente. Atualmente, eles têm 11 e 12 anos de idade.

“Foi uma experiência desgastante emocionalmente e fisicamente. A gente nunca espera passar por isso. É muito difícil. Eu tinha hipertensão e isso colaborou para que eu tivesse os bebês prematuros. Me culpei por muito tempo, mas já passou. Agora, tenho dois filhos que não estão entre nós e outros dois ao meu lado”, relembra.

Cuidados com o pré-natal são a principal estratégia para evitar a situação, aponta a pediatra e professora da Universidade Evangélica de Goiás (UniEvangélica), Talytha Coelho. Nesse período são realizados exames e oferecidas orientações que podem garantir uma gestação mais tranquila para mãe e filho. Ela ressalta que, devido a multifatorialidade, a causa nem sempre é identificada.

“A maioria das crianças exige cuidados especiais. Os prematuros extremos, com menos de 34 semanas, precisam ir para a UTI onde passa por testes gerais e específicos e ganha peso mínimo acima de um quilo para receber alta. O desenvolvimento da maioria é bom, não há sequelas, mas é necessário acompanhamento, geralmente até os dois anos de vida”, detalha.

O avanço tecnológico e da ciência tem ajudado a melhorar a sobrevida dos pequenos. Um estudo publicado em 2019 no Journal of the American Medical Association (JAMA) revela que a taxa de sobrevivência  para  crianças com menos de 22 semanas saltou de  3,6% para 20% nas últimas duas décadas. O mesmo índice chega a 80% para os nascidos com 26 semanas.

Ajuda psicológica

A psicóloga Lívia Tomás orienta os pais que passaram pela situação a expressarem seus sentimentos verbalmente e a validarem a vida do bebê, mesmo diante do luto. Essas famílias  costumam sentir culpa, medo, tristeza e ansiedade. Segundo ela, a busca de explicações para a situação e a negação da situação que envolvia o nascimento da criança não é saudável, assim como frases como “logo vem outro filho”.

“Foram meses gestando aquele bebê, criando sonhos e desejos. Pesquisas mostraram que os níveis de depressão ou de depressão pós-parto, por exemplo, costumam ser mais altos quando ocorre um nascimento prematuro. Acompanho muitos pais no consultório que não se permitiram passar pelo luto de seus pequenos e naturalmente, isso lhes custou um efeito maléfico nos seus sistemas familiares”, relata.

Segundo a especialista, o desenvolvimento dessa criança é uma preocupação que precisa ser encarada de forma leve pela família. Os filhos nascidos nesse contexto costumam crescer superprotegidos. “Aqui, pelo medo da perda e do trauma em si, os pais possuem dificuldades para atualizar a melhora dos filhos”, complementa.

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