Baixista do Natiruts diz que banda chega ao fim no auge da carreira: ‘Nunca
imaginamos lotar estádios de futebol’
Luís Maurício percorre o Brasil com Alexandre Carlo na turnê “Leve Com Você”. Banda fará uma de suas últimas apresentações em Ribeirão Preto, durante o festival João Rock 2025.
A pouco mais de dois meses de encerrar uma trajetória que já dura três décadas, o Natiruts celebra o sucesso da turnê de despedida que começou em fevereiro de 2024 e tem data definitiva – após uma prorrogação muito bem-vinda aos fãs — para acabar: dia 2 de agosto, em Brasília (DF), onde tudo começou.
> “O balanço da turnê não poderia ser melhor e fomos muito além do que imaginamos. Então, realmente, Brasília será o nosso último show, o show de despedida. Estamos encerrando esse ciclo até para abrir novas possibilidades, respirar novos ares, viver outras coisas”, diz o baixista Luís Maurício, em entrevista ao DE.
Mas antes da saideira, a banda desembarca em Ribeirão Preto (SP) no dia 14 de
junho para se apresentar no festival João Rock pela última vez. Escalados para o line-up do palco principal, o grupo de reggae já participou de outras sete edições do evento — a estreia foi em 2009, enquanto a última aparição, em 2022.
Após o anúncio do fim ainda no ano passado, a própria demanda do público surpreendeu a banda, tanto que foi preciso encaixar mais shows na agenda para a despedida ser completa.
> “Muita gente pedindo shows a mais e sabíamos que muitas pessoas ainda não tinham tido a oportunidade de ir. Por isso, nos sentimos na obrigação de estender um pouco mais e ficamos muito felizes. Nunca imaginamos estar lotando estádios de futebol, coisa que só víamos com bandas internacionais que vinham ao Brasil. Mas, de repente, a gente estava vivendo esse momento”, contou.
Com tamanha mobilização dos fãs, Luís Maurício diz entender o motivo de tanta gente estranhar o timing dessa despedida, que acontece quando a banda parece
estar em um de seus melhores momentos – impressão que, inclusive, até ele tem.
“Acho que cumprimos, com excelência, o que a gente se propôs e fomos muito além. Fomos ao máximo da nossa trajetória juntos e é muito bom estar encerrando no momento em que considero o auge da nossa carreira. Mas o tempo está passando, passando muito rápido, e temos que curtir e viver outras coisas”, avaliou.
Como exemplo dessas outras vivências que espera ter, o músico conta estar
envolvido em diversas pautas e projetos relacionados à cannabis medicinal e ao cânhamo industrial, enquanto o companheiro Alexandre Carlo deve dar um tempo dos palcos, mas seguir compondo.
“Fico muito feliz, porque acho ele [Alexandre Carlo] extremamente necessário
para a nossa cultura e, na minha opinião, o maior compositor da minha geração. A composição é a grande missão da vida dele, que deve continuar propagando novas músicas e enriquecendo a nossa cultura”, diz o baixista, rasgando elogios ao parceiro, com quem lançou nove álbuns em estúdio e quatro DVDs e álbuns ao vivo.
Com a turnê “Leve Com Você”, a Natiruts tenta resumir, em 2h30 de show, mais de 30 anos de carreira e repertório. Para isso, são mais de 30 músicas no setlist,
incluindo hits como “Presente De Um Beija-Flor”, “Andei Só” e “Sorri, Sou Rei”, além de canções consideradas o ‘lado B’ do grupo, a exemplo de “Serei Luz”, “No
Mar” e “Groove Bom’.
No João Rock, ainda que o público deva conferir uma versão mais compacta dessa apresentação, por se tratar de um festival, Luís Maurício defende a importância
da banda marcar presença, principalmente por ser uma forma de integração com outros gêneros musicais.
> “A música não tem fronteiras e é sempre bom fazer essa troca e criar algo novo. Acho que essa mescla de estilos e gêneros é muito importante para enriquecer a música como um todo e vemos essa integração do reggae com outros gêneros há décadas”, avalia, destacando a mistura do gênero com o rock e até dentro da MPB.
Quando fala em ter cumprido a proposta da banda, Luís Maurício não está pensando na quantidade de músicas lançadas ou nos shows feitos por todo o Brasil. Ele se refere ao papel que o Natiruts teve na propagação do reggae e da sua mensagem de positividade e respeito à natureza.
> “Queremos que as pessoas levem dentro do coração e na mente essas mensagens de alegria, de esperança; que tenham cada vez mais consciência de cuidar do nosso planeta, das nossas florestas, das nossas águas, porque sem isso não existe vida. Acho que cumprimos muito bem esse papel, passando essas mensagens através das canções. Por isso, digo que esse legado ainda vai se perpetuar por muito tempo e continuar sendo atual”, diz.
A certeza do artista tem muito a ver também com a turnê de despedida, na qual ele conta já ter visto muitas pessoas de diferentes idades curtindo os shows juntas, sendo que esse tipo de “trânsito” entre gerações costuma ser um dos maiores desafios no cenário musical.
E para os já órfãos da banda, o cantor aconselha ficar de olho nos nomes que
continuarão difundindo o reggae no Brasil e no mundo, como as bandas Reggaetown, de Belém (PA), e Raiz Tribal, de São Luís (Maranhão), e agradece por todos esses anos de energia compartilhada.
“Muito mais que as canções, valeu a mensagem que deixamos para esse grande público, a quem agradecemos demais e temos uma gratidão enorme por tudo que fizeram pela gente”.
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